Documento indicando obras para o povo Pipipã é concluído e apresentado na comunidade indígena

05/03/2024 - 12:45

Depois de elaborar e apresentar a demanda da comunidade ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco o Cacique Valdemir Lisboa, do povo Pipipã da Aldeia Travessão do Ouro no município de Floresta –PE, e a comunidade indígena representada pelas suas lideranças, foram apresentados, no último sábado (01), à versão final do documento que aponta as intervenções necessárias para garantir água para a população.


Iniciada no ano passado, a elaboração do Termo de Referência apontou a necessidade de construção de cinco barragens subterrâneas, cercamento do território, adequação de estradas, proteção de uma nascente e construção de quatro sistemas agroflorestais. Elaborado pela empresa Gama Engenharia, contratada pelo CBHSF através da Agência Peixe Vivo, o estudo, após recebido pelo Cacique, será entregue oficialmente à agência de bacia para que se inicie a próxima etapa, que é a contratação de nova empresa para execução das obras.

“Assumi o compromisso de dar andamento aos projetos da região do Submédio e realizar obras demandadas pelas comunidades. Aqui é mais um exemplo da nossa luta. A comunidade inscreveu sua demanda e agora, com o projeto pronto, ele volta para a Agência Peixe Vivo para ser licitado. A comunidade Pipipã tem o meu compromisso e de todo o Comitê e da agência de bacia de dar celeridade a esse processo”, afirmou o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar.

De acordo com o estudo apresentado pelos engenheiros da Gama – Pedro Lucas e Hugo Cunha – as demandas solicitadas pelo povo Pipipã, além de se justificarem pela necessidade de acesso à água, direito básico, também atende ao que preconiza o Estado considerando que o território está em área de alta conservação da Caatinga. “Fizemos as visitas necessárias ao povo Pipipã e acompanhados de suas lideranças foi possível identificar os problemas e propor as soluções viáveis para reservação de água e preservação do solo, além de apontar saídas para resolver problemas com as voçorocas. Também identificamos a necessidade de fazer o cercamento do território, adequações da estrada com barraginhas favorecendo o acúmulo de água e a identificação do território como área de preservação”, explicou o engenheiro Pedro Lucas.

Os sistemas agroflorestais são mecanismos de reflorestamento que, na comunidade alvo do estudo, vão dispor de diversas espécies nativas e frutíferas favorecendo a conservação do solo e gerando renda para o povo. O orçamento previsto para as obras é de mais de R$ 1,270 milhão, com prazo de obras de 12 meses a partir da ordem de serviço.


Confira mais fotos da apresentação:


Acompanhando e reforçando a parceria com o Comitê, a prefeitura do município de Floresta também enviou suas representações para a apresentação. “Trata-se de uma obra que deve melhorar a qualidade de vida do povo Pipipã e a gente acompanha todas as etapas e nos colocamos à disposição. Para o que precisar, o município está à disposição. Queremos parabenizar o Comitê, a CCR do Submédio pela dedicação e foco em atender a demanda da região e especialmente a demanda apresentada pelo povo Pipipã”, afirmou o secretário de Produção Rural, Meio Ambiente e Recursos Hídricos do município João Berto de Sá, lembrando ainda que a região é cortada pelos canais da transposição e terras como as do povo indígena não tem acesso à essa água.

Para o Cacique, como um dos povos mais antigos da região e que já chegou a ser considerado extinto, o investimento do Comitê reforça o fortalecimento da comunidade e do território. “Temos a prática extensiva da criação de animais de pequeno porte e a ideia desse projeto veio em um momento de muita seca, onde se via os criadores cortando mandacaru para alimentar o gado, tirando macambira para dar aos animais.Por isso pensamos em um projeto piloto para despertar o interesse de outras pessoas da comunidade nessa perspectiva de ter uma reserva de pasto de alimento para os animais e também a perspectiva de uma produção de frutas e hortaliças para o consumo e comercialização do excedente. Além disso, temos uma preocupação maior com o meio ambiente – nós indígenas enxergamos os elementos da natureza como parte da família, o que nos levou a elaboração desse projeto”, afirmou o Cacique.

Também participou do evento o Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável de Floresta.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Fotos: Juciana Cavalcante