Desabafo do rio São Francisco: poesia sobre os cuidados com o rio

11/11/2016 - 17:38

O rio São Francisco está há muito tempo em uma situação nada agradável. Ele precisa da nossa ajuda! O escritor Raimundo Nascimento escreveu uma poesia onde o rio desabafa e pede socorro. A poesia, além de informativa, traz a tona tudo o que o indivíduo precisa saber para preservar o rio São Francisco.
 O DESABAFO DO RIO SÃO FRANCISCO
Eu sou apenas um rio
Porém não posso falar
Mas vou fazer um alerta
Através deste poeta
Que se ‘pois’, no meu lugar.
E vai passar pra vocês
Que me ‘trás’ a poluição
Sem ter nenhuma noção
Do que isso causará.
 
Eu me chamo Rio São Francisco,
Venho da Serra da Canastra
Vou levando a irrigação
Por onde minhas águas passam
Vou percorrendo o  sertão
Molhando toda essa massa.
 
Uns me chamam Velho Chico
Outros me chamam Chicão
Mas também sou conhecido
Como o Rio da Integração
Por banhar vários estados
Da nossa federação.
 
Pois, venho aqui, meu amigo,
Fazer o meu desabafo
Aqueles que me polui
Que tira de mim pedaço,
E pra aqueles que me preservam
Já deixo um forte abraço.
 
Faço aqui um apelo
Prá quem desmata o meu leito
Eu peço por caridade
um pouco mais de respeito
e se tu queres viver,
eu tenho o mesmo direito.
 
Tenho direito a viver
Sem haver poluição
Levar água pra beber
A toda população
E pra isso é preciso
Sua colaboração.
 
Ao amigo agricultor,
Eu peço para você
Não jogue o lixo em mim
Isso só me faz sofrer…
Jogando o lixo no rio
Os peixes podem morrer.
 
Faço um apelo também;
Você aí da cidade…
Que faz de mim um refém
Da sua real crueldade
Tratem bem os seus esgotos,
Me faça essa caridade…
 
Não deixe sua vaidade
Acabar com o meu leito
Me preservar é preciso
Pois eu mereço respeito
Repensem mais os seus atos,
Repensem mais seus conceitos.
 
Se você tem o direito,
De viver eu também tenho
Se tu queres se empenhar
Eu também mereço empenho
Pois prá te sou necessário
Como a cana pro engenho.
 
E, é por isso que eu venho
Te pedir por gentileza
Não façam transposição
E nem construam represas
Não peço isso por mim,
Peço pela a natureza.
 
Pois nada será surpresa
Se ela se revoltar…
Com raiva, contra você
Você não vai suportar
Aí eu quero ver a culpa
Em quem você vai botar…
 
Vai ser tanto do penar…
Tanto arrependimento
Pais de famílias passando
Pelo o maior sofrimento
E eu sem poder fazer nada;
Por você, nesse momento.
 
E tu no teu aposento
Com o coração partido
Por não ter me escutado,
Não ter me dado ouvido
E, vai querer nesta hora
Tá morto no teu jazigo..
 
Isso é um grande pedido
Que faço a população
Desde as Minas Gerais
Até aqui, no Sertão,
Pois é preciso começar
Minha revitalização.
 
E a sua compreensão
Agradeço desde já
Antes de chegar meu fim
Antes deu vim a secar
Pois, se é de mim poluir
É MELHOR ME PRESERVAR.
 
Ribeirinho Raimundo Nascimento