Mesa debate conflitos pelo uso da água

21/03/2018 - 22:06


Presidente do CBHSF participa do painel “Justiça sócio-ambiental”, realizado no 8º Fórum Mundial da Água
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, participou da mesa intitulada “Justiça sócio-ambiental”, com foco em conflitos pelo uso da água, juntamente com as ambientalistas Viviane Rojas, da Colômbia; e Asha Abduraman, do Quênia e Tanzânia.
Miranda fez uma apresentação rápida sobre a extensão da bacia do Velho Chico, sua importância e seus problemas. “A bacia hidrográfica do São Francisco incorpora os biomas do Cerrado, da Caatinga – bioma típico do semiárido, onde está sua maior extensão – e da Mata Atlântica. É uma bacia complexa e de suma importância, que representa 70% da capacidade hídrica do Nordeste”, afirmou o presidente do CBHSF.
Ele relatou a forte estiagem enfrentada pelo corpo hídrico e relatou os casos de conflito pelo uso da água. Como exemplo, Anivaldo Miranda citou o caos que se instalou no município de Correntina, na Bahia, onde ocorreu uma grande manifestação popular pela falta de água. “Os comitês de bacia são os fóruns apropriados para criar a política da tolerância e do entendimento”, destacou. O presidente do CBHSF alertou que a natureza cansou de ser destruída pela humanidade e agora apresenta a cobrança. O caminho único é devolver aquilo que vem sendo vilipendiado há mais de 500 anos.

Poluição

A representante queniana relatou os casos de poluição no continente africano, com mortes de muitos animais e pássaros, tendo o ser humano como o grande impactante. “A poluição está em toda parte, mas cabe a cada um de nós o uso sustentável e equilibrado do meio ambiente”, resumiu ela.
Em sua explanação, Viviane Rojas abordou a problemática do conflito pelo uso da água na bacia hidrográfica do Rio Xingu, tomando como exemplo a usina hidrelétrica de Belo Monte, considerada a terceira maior hidrelétrica do mundo. Viviane questionou o licenciamento ambiental, o monitoramento e o acompanhamento da obra para instalação da usina. “O governo se transformou em apenas consumidor de relatórios”, avalia ela, que acrescentou ter havido alteração de 80% da vazão natural do rio para a obra.
A hidrelétrica de Belo Monte prevê o funcionamento de 18 turbinas, com 600 megawatts de potência cada uma, o que tem provocado mortandade de peixes e interferido na sobrevivência da população instalada no entorno do empreendimento. De acordo com Viviane Rojas, a solução seria a instituição do comitê de bacia, mas, segundo ela, a Agência Nacional de Águas (ANA) declinou da proposta.

Financiamento

Questionado pelo coordenador da mesa, André Lima, sobre a forma de financiamento do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o presidente do colegiado, Anivaldo Miranda, falou sobre a cobrança pelo uso da água, destacou a necessidade de criação e fortalecimento dos comitês de bacia e aproveitou para contrapor o argumento apresentado pelo governo, de que o fracionamento dos segmentos na região amazônica é que iria viabilizar a criação de comitês.
A informação dessa proposta de fracionamento foi revelada por Viviane Rojas. Ela considerou que o CBHSF deve servir como modelo para a gestão dos comitês.

Veja as fotos da mesa:

*Texto: Delane Barros
*Fotos: Bianca Aun

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