A dimensão social e a riqueza cultural da bacia do Velho Chico também estiveram presentes nos debates que marcaram o I Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que foram encerrados nesta quarta-feira (08/06), no Campus de Juazeiro (BA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco.
A coordenadora do Laboratório da Cidade e do Contemporâneo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Rachel Rocha de Almeida Barros, apresentou sua pesquisa intitulada ‘Patrimônio Intangível do Baixo São Francisco: políticas públicas, sustentabilidade e geração de renda’. O objeto de estudo é a cooperativa Art-Ilha, que reúne mulheres artesãs da Ilha do Ferro, no município alagoano de Pão de Açúcar, no Baixo São Francisco.
“Das cercas de 400 pessoas que habitam a ilha, mais de cem são bordadeiras. A Ilha do Ferro é um lugar de muitas “manualidades”, pois, além da renda, há outros ofícios com valor cultural e artístico, como a fabricação de barcos, confecção de redes de pesca e os trabalhadores da madeira. É um rico patrimônio imaterial da bacia do São Francisco”, destacou Rachel Rocha, que possui doutorado em Antropologia pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris (EHESS).
A pesquisadora chamou atenção para a necessidade de apoio que esses grupos de artesãos e trabalhadores manuais precisam para desenvolver suas atividades, que dialogam de forma positiva com a bacia, sem comprometer o equilíbrio do ecossistema. “É preciso realizar um inventário do patrimônio intangível do rio São Francisco, das práticas e saberes que as comunidades são detentoras, auxiliando-os na proteção comercial, para que sejam revestidos em benefícios do próprio povo da bacia”.
Em sua apresentação, Rachel Rocha apresentou ao público a “Indicação Geográfica”, sistema de proteção comercial utilizado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que visa dar garantias a ofícios e saberes vinculados a territórios específicos, como é o caso do bordado Boa Noite, produzido na Ilha do Ferro. “A indicação de procedência não exige a exclusividade (só pode ser feito naquele local), mas determina que há características próprias relacionadas a aquele ambiente. Há vínculos culturais indispensáveis para a produção da obra”, explica. A estudiosa informa ainda que um selo do INPI agrega um aumento de 30% no valor comercial da obra.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF