Proposta do Modelo de Gestão do Canal Adutor do Sertão Alagoano, financiado pelo CBHSF, é apresentado em audiência pública, em Delmiro Gouveia (AL)

13/10/2021 - 18:23

Cerca de 200 pessoas entre deputados estaduais, senador, prefeitos, vereadores, instituição de ensino, representantes da sociedade civil e de empresas, bem como instituições hídricas e ambientalistas participaram de uma audiência pública, solicitada pela deputada estadual Jó Pereira (MDB/AL), para a apresentação da proposta do Modelo de Gestão do Canal Adutor do Sertão Alagoano. A audiência foi realizada em Delmiro Gouveia (AL), na última sexta-feira (08). O projeto tem como realizador o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e conta com o apoio técnico da Agência Peixe Vivo.

Para a deputada Jó Pereira, “o Canal do Sertão é muito importante para Alagoas. Agradeço ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e à Agência Peixe Vivo que estão produzindo esse levantamento de modelo de gestão do Canal do Sertão. Este projeto é imprescindível do ponto de vista da sustentabilidade e da economia. Ele irá garantir transformações necessárias para as populações locais. O Canal precisa chegar ao seu final, por isso a necessidade de avanços e investimentos na manutenção e na produtividade dessa que é a maior obra hídrica realizada com recursos federais em um estado. Somos um estado pobre de grandes desafios e os recursos precisam ser bem empregados. O Canal é estratégico e é o caminho do nosso desenvolvimento”, disse.

O diretor-geral e engenheiro civil da empresa executora da proposta, HIDROBR, Vitor Queiroz, explicou que “o objetivo é construir instrumento de planejamento para o Canal do Sertão de forma integrada e participativa que assegure a sustentabilidade financeira, de administração, operação e manutenção ao longo da área de influência direta do empreendimento, ofertando ferramentas que permitam gerir a distribuição de água bruta de forma efetiva, garantindo seu uso múltiplo, racional e sustentável em benefício da sociedade alagoana”, explicou.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, informou aos presentes que graças ao trabalho realizado pelo Comitê e um conflito do uso mediado e resolvido pelo CBHSF, está sendo iniciada uma obra em Piaçabuçu (AL) para a construção de um tanque pulmão que custará R$ 3,5 milhões. “Para quem não conhece e não sabe, o município de Piaçabuçu está com um grande problema de salinização da água que abastece a cidade e o tanque pulmão vai servir para captar maior quantidade de água, tratar e, nas marés cheias, distribuir a água de qualidade para a população da região”.

Oliveira cumprimentou o senador Rodrigo Cunha (PSDB/AL) pela sua trajetória e pediu apoio para que o Comitê tenha mais acesso em Brasília. “É muito triste a dificuldade de acesso para nós que defendemos a causa do rio São Francisco, por isso peço empenho e maior representatividade no sentido de mostrar as pautas do rio São Francisco. Temos que tratar o rio São Francisco de forma especial, pois há uma grande biodiversidade e populações ribeirinhas que precisam de ajuda no Baixo, Médio, Submédio e Alto São Francisco. A água é preciosa e necessita chegar ao mar. Isso faz parte do ciclo hidrológico e eu conto com a ajuda de todos para lutarmos em prol do Velho Chico”.

O presidente do CBHSF acrescentou, ainda, que o projeto apresentado durante a audiência pública é fruto de uma articulação institucional entre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas, que assinaram um Termo de Cooperação conjunto para a execução das ações relacionados ao Canal do Sertão.

“É preciso o envolvimento de todos, como os prefeitos da região, deputados, a sociedade civil organizada, os agricultores que serão beneficiados. É preciso entender que a gestão do Canal do Sertão dependerá do esforço de cada um de vocês. O Comitê está dando uma contribuição muito importante com esse estudo que foi apresentado aqui na audiência, e agora veremos de que forma poderemos aproveitar essa água. Daremos o passo inicial, mas não é permanente. O Comitê dará o apoio necessário para esse pontapé inicial e se colocará à disposição daqueles que precisarem tirar suas dúvidas”.


Veja as fotos da audiência pública:


Pedro Lucas, superintendente da SEMARH, disse que todos estão empenhados para melhorar a gestão do Canal do Sertão. “Iremos reduzir cada vez mais as burocracias nesse sentido, bem coo isentar taxas dos agricultores para liberar outorga”.

Os professores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Melchior Nascimento (membro titular do Comitê) e Kleython Monteiro, fazem parte do grupo de acompanhamento do estudo. Segundo Melchior, a participação na audiência pública é uma oportunidade enriquecedora para o aprimoramento do diagnóstico. “Considero um importante momento de escuta da população que conhece e vivencia a realidade e os problemas do Canal do Sertão alagoano. É bom ressaltar que o diagnóstico enquanto produto técnico consiste em um documento essencial para a elaboração da proposta de gestão do canal”, explicou.

O reitor da Universidade Federal de Alagoas, Josealdo Tonholo, viu com muita alegria os avanços que o estado de Alagoas está tendo nos últimos anos, e um desses elementos é o próprio Canal do Sertão. “Entretanto ele precisa ser imediatamente apropriado pela população lateral. É necessário começar a produzir com a máxima velocidade possível porque de um lado a população precisa de comida de qualidade e saudável, e de outro lado existem pessoas que estão passando fome, mas que sabem trabalhar a terra e não podem usar atualmente a água que se encontra ao seu lado.

Então, nós clamamos aqui que se use, com a máxima velocidade, a capacidade de resolução para que tenhamos um sistema de gestão. Que se dê o apoio técnico necessário para que os produtores familiares possam usar a água. Precisamos trazer dignidade à toda população do sertão. O Canal do Sertão é uma dádiva do governo federal, mas a água precisa ser muito bem utilizada e de forma organizada. Se não fizermos isso com muita inteligência, acabaremos matando o rio São Francisco sem nenhum benefício. É preciso conhecimento e agilidade para fazer a gestão, a contento, do Canal do Sertão”, finalizou.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Edson Oliveira