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Entregues em 2023, as obras do Bosque Berçário das Águas, no município de Piaçabuçu, em Alagoas, garantiram uma mudança significativa na vida de diversas famílias e já renderam diversos benefícios, que continuam frutificando.
O trabalho realizado atendeu a uma demanda da Associação Aroeira/Cooperativa Ecoagroextrativista Aroeira de Piaçabuçu (Coopearp) e contemplou a recomposição de matas nativas, implantação de sistemas agroflorestais (SAFs) e viveiro de mudas, contemplando ainda o município de Brejo Grande (SE).
O projeto Bosque Berçário das Águas “Educação ambiental e reflorestamento com foco no extrativismo sustentável”, financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, atendeu o objetivo de inclusão social, proteção do meio ambiente, promoção do desenvolvimento sustentável, fomento ao uso de tecnologias sociais e energias renováveis e geração de renda através do manejo sustentável dos recursos naturais na região da foz do rio São Francisco.
Passados alguns anos desde a entrega das obras, a associação conseguiu avançar em diversas áreas. “Com a concepção do Projeto Bosque Berçário das Águas encontramos alternativas para conectar o elo da cadeia produtiva: produção, beneficiamento e comercialização. Todo esse processo gerou fortalecimento e participação no Programa de Fortalecimento das Cadeias de Valor da Sociobiodiversidade nas Restingas da Região da Foz do Rio São Francisco (PROFSBIO), executado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), além da Associação Aroeira e Coopearp”, afirmou o ambientalista, especialista em Desenvolvimento Sustentável do Semiárido Brasileiro, Jorge Izidro.
Com as obras, foram implantados aproximadamente 60 hectares de SAF’s, garantindo a agrobiodiversidade, agroextrativismo, e a sociobiodiversidade. O viveiro tem capacidade anual de produção de duzentos mil mudas (nativas e exóticas adaptadas). “A importância desse projeto é notória em seus impactos sociais, ambientais e econômicos. Socialmente, ele fortalece associações e cooperativas extrativistas locais melhorando as condições de trabalho e promovendo o desenvolvimento econômico regional. Ambientalmente, contribui para a conservação de recursos naturais por meio de planos de manejo sustentável para plantas alimentícias silvestres, formulação de modelos de recuperação de áreas degradadas por meio da implantação de sistemas agroflorestais (SAFs), bem como modelos de plantios de restauração florestal”, acrescentou Jorge.
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A presidente da Associação Coopearp, Rita Paula dos Santos, destacou outros resultados conquistados. “Participamos de duas capacitações com as aceleradoras de produtos da sociobiodiversidade e dos negócios florestais, que só foi possível graças à parceria com o CBHSF. Entre 120 instituições concorrentes, fomos um dos cinco escolhidos, representando Alagoas no cenário nacional e recebemos um prêmio de cinquenta mil reais. Também fazemos parte na rede de sementes e viveiros de Alagoas – Rede Craibeira; uma iniciativa da Universidade Federal de Alagoas e o Centro de Referência em Áreas degradadas do Baixo São Francisco (CRAD ALAGOAS), com a colaboração da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) e o Instituto do Meio Ambiente (IMA), para promover o fortalecimento da cadeia produtiva da restauração florestal no estado de Alagoas”, informou.
Mais recentemente, a Coopearp também assumiu compromisso com o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, visando auxiliar na recuperação 60 hectares de Mata Atlântica com foco em sistemas agroflorestais, participar dos Grupos de Trabalho: Conhecimento, Comunicação, Políticas Públicas, Mecanismos Financeiros, alimentar a base de dados geoespacial através dos seus projetos, apoiar capacitações e auxiliar na troca de experiências com outros membros do Pacto; dentre outros aspectos.
O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, Anivaldo Miranda, reforçou a importância dos projetos executados pelo CBHSF. “O Comitê vai retomar esses projetos com mais força, no sentido de envolver as comunidades tradicionais, ribeirinhas em projetos que resultem em uma maior qualificação ambiental das áreas, sobretudo áreas marginais, rios, córregos, ou seja, corpos hídricos importantes, e no contexto dessa qualificação atingir dois objetivos: a recuperação de matas, principalmente ciliares, proteção de nascentes, recarga de aquíferos, como também atingir esses objetivos de forma a proporcionar, na mesma ação, instrumentos para geração de renda e, consequentemente, fazer isso também no viés de educação ambiental”, afirmou. E reforçou que “o Comitê sempre tem uma preocupação quanto à continuidade dos projetos, ou seja, não fazer apenas intervenções isoladas que depois podem se perder no tempo. Então, sempre que é possível, o Comitê procura alinhar as oportunidades com o engajamento da população local proporcionando maior escala na aplicação dos recursos. A ideia é que, além de empoderar as associações locais sem fins lucrativos, no sentido de que elas prestem serviços para maior produção de água, proteção dos aquíferos e nascentes, vegetação, também seja possível fortalecer essas instituições e depois, em uma conjugação entre extrativismo, geração de renda e atividades de requalificação ambiental, se dê maior amplitude, expandindo suas atividades de forma cada vez mais autônoma. A ideia é essa, uma via de duas mãos: apoiá-las com os recursos da cobrança no sentido de cumprir metas do plano diretor de recursos hídricos, como também nesse mesmo processo, elas se tornem cada vez mais atuantes e fortalecidas, dentro de uma perspectiva de total autonomia nas suas ações”, concluiu.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Associação Aroeira