Produtores de Lagoa Grande em Pernambuco participaram de capacitação para o manejo da irrigação

02/10/2023 - 15:35

Um dos grandes centros de produção de uva e vinho, o município de Lagoa Grande, no sertão de Pernambuco, foi a segunda cidade do Submédio São Francisco a receber este ano a capacitação do manejo da irrigação, realizada pela empresa Água e Solo, contratada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), através da Agência Peixe Vivo.


Cerca de 30 pessoas entre produtores, agrônomos e instrutores da área participaram, durante os dias 28 e 29 de setembro, das aulas teórica e prática que aconteceram no povoado de Vermelhos, zona rural de Lagoa Grande. De acordo com a prefeitura, a cidade já é a segunda maior produtora de frutas do estado de Pernambuco e sedia ainda cinco vinícolas. Com mais de 24 mil habitantes, está localizada na região do Vale do São Francisco, no Semiárido nordestino, onde o clima seco e de altas temperaturas não apresentou problemas para a produção.

O secretário de Agricultura, Antônio Coelho de Alencar destacou os números de área plantada. Segundo ele, um levantamento recente apontou que o cultivo da uva, principal produção do município, ocupa 5 mil hectares, seguido pela produção de manga com 4 mil hectares, além de outras culturas como a goiaba, acerola, banana e coco que, juntas, ocupam 4 mil hectares, e o tomate plantado na área de sequeiro de Lagoa Grande. “Esta é uma grande oportunidade para os produtores da cidade que podem evoluir no cultivo e acompanhar novas tecnologias, produzindo melhor e sem perdas. Fico feliz com a parceria realizada entre a prefeitura e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, rio que é uma benção para nós e por esse momento os produtores terão capacidade de fazer o uso eficiente da água. Bom para suas plantações e bom para o rio que tem água economizada com uso correto”, afirmou.

Produtora de manga e instrutora sobre produção, irrigação, colheita e pós colheita, a zootecnista Monica Angelus Xavier Vasconcelos lembra sua vivência na plantação quando precisou, há um ano, fazer ajustes para evitar o estresse da planta. “Precisei adequar a área e fazer ajustes da irrigação porque as plantas estavam em sofrimento, estresse, exatamente como o professor falou. A capacitação foi muito importante para me atualizar quanto a novas tecnologias e principalmente vai me possibilitar levar esse conhecimento para minha atuação que também é de instrução para produtores e jovens aprendizes, quer dizer, tenho a prática e a vivência teórica que alinhados a esses novos conhecimentos já estou pensando em como levar para outros produtores de forma que eles também tenham acesso a esse conteúdo”.

Assim como nas outras duas cidades, Delmiro Gouveia (AL) e Abaré (BA), onde a capacitação já aconteceu este ano, os irrigantes de Lagoa Grande também receberam um kit de tensiômetros de 20 e 40 cm, equipamento que mede a tensão da água no solo e atualiza quanto ao momento exato que a planta necessita de irrigação. Eles também receberam certificados de participação da capacitação. O engenheiro agrônomo Orielmo Marques de Sá, destacou ainda que a capacitação supre, para os produtores de Lagoa Grande, a deficiência em assistência técnica. “Essa é uma atividade de suma importância, principalmente, porque ultimamente perdemos a assistência técnica e o curso vai facilitar para que o próprio irrigante possa fazer o manejo da sua produção aumentando sua eficiência e evitando o desperdício da água que ainda acontece muito na região”.


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De acordo com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), em 2022 os empreendimentos dos projetos públicos de irrigação implantados pela companhia produziram mais 4,03 milhões de toneladas de itens agrícolas alcançando um valor bruto de produção (VBP) de R$ 4,57 bilhões, numa área cultivada de 116.647 hectares.

A representante da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, professora da Universidade de Pernambuco, Thaís de Oliveira Guimarães, pontuou sobre o compromisso do CBHSF em tratar dos múltiplos usos e assegurar água em quantidade e qualidade. “Esse é o compromisso do Comitê em trabalhar questões que abrangem o tripé social, ambiental e econômico, ou seja, percebendo temas socioambientais e socioeconômicos, uma vez que a irrigação bem-feita e planejada gera economia de água e economia para o irrigante. Vejo com bons olhos essa etapa da capacitação porque toca ainda no que costumo falar que quando pensamos na água enquanto recurso, bem renovável, do ponto de vista hidrológico, falamos na questão da qualidade, onde muitas vezes existe a água, mas há uma escassez qualitativa gerada pela degradação, e quando temos pessoas qualificadas para planejar irrigação com conhecimento, consequentemente temos a manutenção da água onde reforço que cada gota importa, cada litro economizado importa tendo um impacto ambiental, social e econômico”.

Ao concluir os dois dias de curso, o consultor da empresa Água e Solo, Altamirano Vaz Lordelo, responsável pelas capacitações, destacou: “Este ano conseguimos fazer algo ainda mais completo envolvendo mais municípios, o que nos possibilita uma amostragem e profundidade maior sobre as diferenças de cada região fisiográfica da bacia. As apresentações foram feitas de forma individualizada considerando o balanço hídrico de cada região, com seu detalhamento. Quer dizer, é uma experiência exitosa devido à participação maior de irrigantes e ao cumprimento principal que é ensinar como economizar pelo manejo de irrigação, que responde por uma parcela alta do uso da água, ou seja, se você economiza no que mais gasta há um resultado positivo na eficiência do uso da água através do manejo da irrigação”, concluiu.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Fotos: Juciana Cavalcante