O Pirá, peixe-símbolo da BHSF, reaparece na região do Baixo São Francisco após quase cinco décadas de sumiço

07/05/2020 - 17:45

De nome científico Conorhynchos conirostris, o Pirá é uma espécie de peixe endêmica considerado símbolo da bacia hidrográfica do rio São Francisco. Por ser uma espécie que realiza a reprodução no período da piracema, o Pirá necessita realizar grandes migrações como estímulo natural à ovulação. Porém, devido aos barramentos ao longo do rio São Francisco, essas migrações não eram mais realizadas. Isso fez com que a espécie desaparecesse da região do Baixo São Francisco.

O peixe, incluído na lista das espécies em extinção, reapareceu no município de Pão de Açúcar (AL), no início deste mês, após quase 50 anos sumido.

O engenheiro de pesca e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Emerson Soares, explica que o Pirá é uma espécie comum no Alto e no Médio São Francisco, porém na região mais próxima da foz já não havia mais sinal do peixe. Segundo ele, “o Pirá foi amplamente pescado e aqui no Baixo acabou extinto. As hidrelétricas também podem ter ocasionado odesaparecimento do animal, impedindo que o peixe migrasse para se reproduzir”. Ainda de acordo com o professor, “apesar da espécie estar incluída nas ameaçadas de extinção, com sua captura proibida, existe em abundância nos freezers dos atravessadores na região do Alto do Rio São Francisco”.

“Outra possível razão para o retorno do Pirá foi a realização de peixamentos realizados pela CODEVASF, entre 2017 e 2018. Os peixes foram reproduzidos em cativeiro e colocados no rio na região de Porto Real do Colégio (AL). Também há a possibilidade de alguns terem vindo pelas turbinas das hidrelétricas, entretanto esta é uma hipótese mais remota”, pontua o professor.

Emerson Soares ressaltou a importância de se realizar um trabalho intenso de educação ambiental para evitar a captura de animais jovens. “O aumento e a manutenção do Pirá no Baixo São Francisco vai depender muito do tipo de pesca, seja por malhadeira ou outros apetrechos utilizados na atividade. O cuidado terá que ser redobrado para que não haja o extermíniodos indivíduos jovens, antes de se reproduzirem”, afirma.

Segundo o pesquisador, será realizado um trabalho de acompanhamentoda reprodução e do desenvolvimento dos peixes na região.“Vamos avaliar como será o desempenho nos próximos meses. O período de chuvas é importante para a reprodução dos indivíduos, já que irá aumentar a quantidade de sedimentos e a condição de volume de água. Este ano está bem atípico. O maior regime de chuvas vai favorecer o Rio São Francisco e as espécies de peixes. A expedição de 2020 será muito importante para avaliarmos tudo isso”, finalizou.

O Pirá se destaca por sua cor azul brilhante, focinho cônico que lembra o do Tamanduá. Pode alcançar um metro de comprimento e total de 13 quilos de peso corporal. Sua carne branca e sem espinhos é muito apreciada.


Veja as fotos do pirá:


 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
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*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Bianca Aun