GT se reúne em Salvador para debater conclusão de estudo sobre usos das águas do Aquífero Urucuia

09/12/2021 - 11:00

Membros do Grupo Técnico de Acompanhamento – GT Urucuia, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), se reuniram nesta quarta-feira (8) para assistirem à apresentação do relatório final relativo aos estudos dos usos das águas na região do Aquífero Urucuia, no Médio São Francisco. O encontro foi realizado em Salvador, na Bahia.

A apresentação sobre os principais resultados do estudo ficou a cargo dos representantes da Profill Engenharia, empresa responsável pelo desenvolvimento da pesquisa, denominada Entendimento da utilização das águas na área de influência do Aquífero Urucuia e Aquífero Cárstico na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

O conteúdo do relatório final abordou, entre outros pontos: a compilação de estudos e dados existentes sobre a região de interesse; a situação da gestão das águas superficiais e subterrâneas na área de estudo; os bancos de imagens e mapas de uso do solo, com foco no uso das águas; os resultados dos estudos de demanda e disponibilidade hídrica (superficial e subterrânea) e, por fim, algumas recomendações para o uso sustentável do Aquífero Urucuia.

Também estiveram presentes na reunião a Coordenadora Técnica da Agência Peixe Vivo, Flávia Mendes, além de membros que integram o GT do CBHSF: João Pedro da Silva Neto, da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas (CTAS); Samara Fernanda da Silva, da Câmara Técnica de Outorga e Cobrança (CTOC); e Johan Gnaldlinger, da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP). Maurício Vitor Oliveira, da Gerência de Integração da Peixe Vivo, participou de forma remota.

Principais achados

Carlos Bortoli, diretor da Profill Engenharia e Coordenador Geral do projeto sobre o Urucuia, fez um balanço do trabalho: “acredito que conseguimos agregar conhecimento sobre o Aquífero e sobre o uso do solo na região por onde ele se estende”.

Ele explicou que o projeto se debruçou muito fortemente sobre o imageamento de satélite e sobre o mapa de uso do solo, mostrando como a superfície é usada – pela agricultura, pelas áreas urbanas e pela mata nativa, por exemplo.

“A gente consegue perceber que existem algumas arestas do ponto de vista da gestão, até mesmo da água superficial, que precisam avançar, a exemplo do enquadramento. Sobre a redução das vazões dos afluentes do São Francisco dessa região do Aquífero Urucuia, sabemos que elas são muito influenciadas pelo uso da terra, pela irrigação, especialmente. Mas, ela também sofre com a interferência do regime de precipitações”, frisou.

Bortoli destacou o ineditismo do mapa de uso do solo, feito entre 2020 e 2021, numa escala até então nunca realizada. Foi usado o satélite Sentinel-2 e, com geoprocessamento e interpretação de imagem, o mapa foi gerado permitindo a visualização de detalhes, a exemplo das áreas de pivôs, que ficaram bem visíveis.


Reunião realizada em Salvador contou com a apresentação do relatório relativo ao Aquífero Urucuia


Instrumentos de Gestão: o que precisa avançar

Entre os destaques do relatório final estão a sinalização dos importantes avanços que ainda precisam ser alcançados do ponto de vista dos instrumentos de gestão das águas.

Além da questão do enquadramento, que é um gargalo importante, o relatório aponta, por exemplo, que é necessário concluir os planos das bacias Grande e Corrente.

Sobre o Sistema de Informações, destaca que é preciso melhorar a uniformização das bases e das informações para tomadas de decisões.

Em relação à cobrança, sinaliza que ela precisa ser implantada inteiramente na porção baiana e em boa parte da porção mineira. Outro ponto abordado foi a necessidade de integração entre águas superficiais e subterrâneas no âmbito da gestão.

Dados levantados pelo estudo apontam também que é muito provável que as outorgas não representem o volume real de água sendo efetivamente utilizado nas bacias.

GT fala

Johan Gnaldlinger, da CTPPP, reforçou que o Urucuia é a caixa d’água do São Francisco e que é importante conhecê-lo cada vez mais para fortalecer sua preservação. Para ele, é importante que as conclusões do estudo tenham essa perspectiva, para que seu uso possa contribuir para a sustentabilidade da região.

Também sobre o projeto, Samara da Silva, da CTOC, frisa que ele traz uma contribuição grande, pois identifica e localiza os usuários de água das bacias analisadas, bem como o quanto eles estão usando de água subterrânea e superficial, numa região marcada por conflitos de uso de água, que é o Oeste baiano.

“Os dados consolidados nos permitem fazer projeções, bem como uma avaliação sobre disponibilidade e demanda, o que possibilita saber quanto que o São Francisco vai receber de água dessas regiões, levando-se em conta a importância do Urucuia para a calha do rio”, concluiu.


Confira mais fotos do encontro:


A proposta do estudo

O estudo foi contratado pelo ato convocatório 022/2020, atendendo à uma demanda da CTAS, frente à falta de informações sobre a dinâmica da interação entre as águas superficial e subterrânea, o que dificulta a proposição de ações assertivas.

Esse diagnóstico tem a proposta, portanto, de trazer à tona informações sobre a disponibilidade hídrica e os diversos usos das águas na região das bacias hidrográficas dos rios Carinhanha, Corrente e Grande, especificamente nos trechos nos domínios dos Sistemas Aquíferos Urucuia e Bambuí (cárstico).

Sobre as contribuições desse trabalho, Flávia Mendes, Coordenadora Técnica da Agência Peixe Vivo e fiscal responsável pelo projeto, destacou que ele é de extrema relevância porque traz sugestões e recomendações a partir de diagnósticos, estimativas e projeções que poderão servir de subsídio ao Comitê da Bacia do Rio São Francisco e à CTAS para a definição de estratégias de aplicação dos recursos arrecadados com foco numa gestão responsável das águas subterrâneas.”

O aquífero Urucuia ocupa uma área de 126 mil km² e abrange seis estados brasileiros: Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia, Goiás e Minas Gerais. O oeste baiano tem a maior área de exposição com 82 mil km², correspondente a 65% da área total – incluindo os territórios das bacias hidrográficas dos rios Carinhanha, Corrente e Grande, afluentes do rio São Francisco e principais rios inseridos na porção territorial do aquífero Urucuia.

Esses afluentes, área de foco do estudo, são mantidos pelo aquífero na época de estiagem, mantendo perenes diversos cursos d’água.

O estudo teve início fevereiro de 2021 e se desenvolveu a partir da entrega de 6 produtos. O último deles, apresentado nesta quarta-feira.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Andréia Vitório
*Fotos: Andréia Vitório