Grupo de Trabalho instituído pelo Ministério Público de Pernambuco se reúne pela primeira vez para discutir soluções para o Riacho Vitória em Petrolina

21/03/2024 - 16:25

Dando continuidade às discussões que devem resultar na revitalização do Riacho Vitória, afluente do Rio São Francisco em Petrolina, na manhã desta quarta-feira (20) a Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania do Ministério Público de Pernambuco deu início às reuniões do grupo de trabalho instituído para apontar e realizar soluções.


Aberta pela Promotora de Justiça, Rosane Cavalcanti, a reunião foi iniciada por uma apresentação da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) contendo dados sobre a qualidade da água que abastece a cidade e em períodos de chuva apresenta coloração e sabor diferentes. De acordo com o gerente regional da Companhia, Alexsandro Machado, as análises feitas rotineiramente apontam a qualidade da água está dentro dos padrões de potabilidade, de acordo com relatórios da Compesa.

O presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos de Petrolina (ARMUP) que realiza os trabalhos de fiscalização dos serviços atribuídos à concessionária de Água e Esgoto destacou que as análises mostraram que problemas como diarreia são provocados por arboviroses típicas do período de chuva. “Nesse período se atribui problemas de saúde à qualidade da água, mas as análises comprovam a relação das doenças com as arboviroses e não com o consumo da água”, esclareceu Rubem José da Fonte Franca.

A Promotora pontuou que essa discussão vai além dos problemas mais comentados apenas nos períodos de chuva. “A sociedade, em um contexto mais amplo, só nota os problemas do riacho em períodos de chuva, quando a água fica salobra e salgada, conforme relatos, mas o que estamos propondo são soluções duradouras, que resolvam em definitivo a questão ambiental. Por isso, temos que estudar o riacho de verdade e por isso o GT, onde parceiros como a universidade, poder público, setores diversos estão unidos para promover um olhar detalhado”, reforçou.

O Distrito de Irrigação Nilo Coelho também apresentou suas ações na busca de proteger o Riacho Vitória, informando que há, ao longo do curso d’água, quatro pontos de monitoramento. Os engenheiros apresentaram relatórios e ações para conscientização da população na sua área de abrangência. O projeto irrigado, um dos maiores do país, com 22 núcleos habitacionais, possui mais de 2 mil parcelas agrícolas das quais 43 têm limite com o Riacho Vitória.



“Sabemos que a situação do Riacho Vitória não é um processo fácil, vai demandar conciliação dos problemas e dos seus muitos atores e quando você coloca todos numa sala, há momentos de avanços e também de retrocesso, faz parte do processo quando passa por muitas mãos. Vale destacar que a situação de conflito no Riacho Vitória acontece em toda a bacia do São Francisco, tanto na calha do rio como também em seus afluentes. Hoje, questões estão sendo discutidas no âmbito da Câmara Técnica Institucional e Legal (CTIL/CBHSF) sobre outros conflitos, ou seja, situações que vão acontecer muito porque aumenta cada vez mais a demanda pelo uso dos recursos hídricos. Por isso, entendo que o mais importante é concentrar não somente nos problemas, mas também nas soluções, e precisamos ter maturidade suficiente, instituições e pessoas envolvidas, para um debate democrático para alcançar as melhores soluções”, concluiu o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar.

Para a professora e pesquisadora Thaís de Oliveira Guimarães, para conhecer os problemas do Riacho Vitória é fundamental entender também seus contribuintes. “É preciso investigar o contexto geológico, um ponto importante para entender os problemas e sua dinâmica, além dos fatores contribuintes. O GT vai ser importante para identificar o que é natural e antrópico e uma expedição com diversos profissionais ao Riacho pode reunir o conhecimento para análise integrada, o que será fundamental para essa compreensão”, concluiu.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante