Encontro em Petrolina discute políticas e cooperação para povos indígenas do Nordeste

01/08/2025 - 17:18

A sede da Reitoria do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), em Petrolina, foi palco, nesta quinta-feira (31), de uma reunião estratégica voltada ao fortalecimento das políticas de educação e desenvolvimento para os povos indígenas e comunidades tradicionais do Nordeste. A região concentra a maior diversidade étnica da bacia do rio São Francisco, abrigando 35 etnias indígenas e grande parte das comunidades tradicionais presentes no território.


O encontro contou com a participação de representantes do IF Sertão-PE, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e do Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Estiveram presentes o reitor do IF Sertão-PE, Jean Carlos Coelho de Alencar, e professores de diversos campi da instituição. A UNEB foi representada pela pró-reitora Simone Coité e por uma equipe de docentes, incluindo a professora Floriza Sena, diretora do recém-criado Campus Intercultural de Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Camponesas – OPARÁ/UNEB. Implantado em 2023, o campus já contempla 19 municípios e 16 povos indígenas.

O Ministério dos Povos Indígenas foi representado pelo secretário-executivo Eloy Terena e por Uilton Tuxá, secretário substituto da Secretaria Nacional de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas (SEART), membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e coordenador da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais (CTCT) do CBHSF. Ambos cumprem agenda na região até o final de semana.

Diálogo e compromisso com a educação

A pró-reitora da UNEB, Simone Coité, destacou o compromisso da universidade com a causa indígena. “É uma honra caminhar nesta luta com a equipe de comunidades tradicionais. Não temos medido esforços para que os cursos sejam fortalecidos, e que gerem frutos na vida de todos que fazem parte da UNEB, especialmente o Campus Opará”, afirmou Coité.

Floriza Sena, diretora do Campus Opará da UNEB, ressaltou a importância da parceria com o IF Sertão, que já dura anos. A colaboração começou com um grupo de pesquisa e evoluiu, transformando o centro universitário em um campus intercultural que atende diversos povos. Ela enfatizou a necessidade de fortalecer a parceria com o MPI para viabilizar políticas públicas eficazes. “O Campus Opará é uma conquista dos povos indígenas que conta com professores indígenas. Com o MPI, a gente quer fortalecer parcerias, porque sem isso é impossível avançar”, disse.

O novo campus conta com a parceria do CBHSF com o objetivo de financiar a construção e reforma do antigo Centro Territorial de Educação Profissional – CETEP Semiárido Nordeste II no município de Jeremoabo- BA, transformando a estrutura em um espaço acadêmico capaz de atender a demanda de mais comunidades tradicionais, a exemplo dos quilombolas, camponeses, ribeirinhos, entre outros.


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Fortalecimento do Campus Opará e o papel do MPI

Uilton Tuxá sublinhou a relevância da Bacia do Rio São Francisco e elogiou a iniciativa da UNEB de criar um “espaço universitário inovador”. Ele destacou a importância de pensar em estratégias para fortalecer o Campus Opará e manifestou a disposição do Ministério em colaborar. Tuxá mencionou ainda um mapeamento em andamento no Comitê da Bacia do Rio São Francisco, que busca identificar e valorizar os povos indígenas e comunidades tradicionais da região, reconhecendo os serviços ambientais que prestam.

Eloy Terena, secretário executivo do MPI, que visitará as comunidades Truká e Tingui-Botó nos próximos dias, reforçou a necessidade de ouvir as comunidades para pensar em projetos que atendam a interesses locais e resolvam conflitos. Ele sugeriu a criação de propostas de transmissão de tecnologia e a elaboração de projetos de cooperação que unam formação acadêmica e o conhecimento indígena no Nordeste.

Propostas e próximos passos

O reitor do IF Sertão, Jean Carlos Coelho de Alencar, apresentou a necessidade de capacitação com foco no meio ambiente e outras iniciativas que visam à elaboração de um diagnóstico em parceria com a UNEB. Esse estudo servirá de base para a formulação de políticas públicas mais eficazes. A professora Edivania Granja, do IF Sertão, também destacou a importância de viabilizar um mestrado específico para os povos indígenas.

A reunião marca um passo importante na articulação entre instituições de ensino, órgãos governamentais e comunidades indígenas, com o objetivo de construir políticas educacionais e de desenvolvimento sustentáveis, respeitando as especificidades e a cultura dos povos da região.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante