Os membros da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) cumpriram, nos últimos dias, agenda na cidade de Juazeiro, norte da Bahia. Com o objetivo de proporcionar a todos os componentes da CTPPP conhecimento, na prática, das questões inerentes ao semiárido brasileiro, um dos eixos em discussão para implementação do plano de bacia do Rio São Francisco, os membros participaram de reunião da Câmara Técnica e do II Simpósio do Bioma Caatinga.
A agenda, aberta com a reunião dos membros, aconteceu durante todo o dia desta última segunda-feira (30) no auditório do Hotel Opara e contou com a apresentação do tecnólogo químico Jorge Izidro, que abordou a degradação e mecanismos de conservação do bioma Caatinga. De acordo com a coordenadora da CTPPP, Ana Catarina Pires, a reunião foi realizada no Vale do São Francisco também devido à sua importância em mecanismos de convivência com o semiárido. “Estamos na região por causa do Eixo 6 que versa sobre a sustentabilidade hídrica do semiárido. Viemos ver de perto os múltiplos conhecimentos que podem contribuir com esse processo de discussão”, explicou.
Também compõem as discussões outros cinco eixos que tratam sobre Governança e Mobilização Social, Métrica Social, Qualidade de Água e Saneamento, Quantidade de Água e Usos Múltiplos. O Plano de Bacia do decênio 2016/2025 traçará as diretrizes e os subsídios para uma gestão racional e integrada em aspectos relacionados à sustentabilidade do rio. O objetivo é garantir os usos múltiplos estabelecendo metas e ações de curto, médio e longo prazo. A atualização do Plano de Recursos Hídricos, instrumento regulamentado na lei federal nº 9.433/97, deve orientar a aplicação dos recursos oriundos da cobrança pelo uso das águas do Rio São Francisco com ações estruturantes.
Além dos eixos temáticos para implantação do plano de bacia, a Câmara também pontuou sobre a finalidade e criação de grupos de trabalho, importância da participação de representantes da Agência Peixe Vivo e da Direc nas reuniões da CTPPP, além da avaliação das abordagens dos projetos hidroambientais para execução pelo CBHSF. Como órgão assessório, a Câmara cria diretrizes que auxiliam no andamento das ações do Comitê.
II Simpósio do Bioma Caatinga
Ainda incluindo a programação da CTPPP, durante todo o dia da última terça-feira (31), os membros da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos e o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, que é também reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Julianeli Lima, e o secretário da CCR, Almacks Luiz, participaram do II Simpósio do Bioma Caatinga (Sibic), realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e pelas Universidades Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e Estadual da Bahia (UNEB). O evento cumpre o objetivo de dar visibilidade à Caatinga e suas potencialidades, de acordo com o pesquisador e membro da coordenação do evento Marcos Drummond. “Nós sentimos a necessidade de mostrar as limitações do bioma Caatinga, assim como também, seu potencial. Porque às vezes se vê este como um bioma problema, superdegradado, mas a gente tem que respeitar a particularidade deste bioma que tem sobrando energia eólica, solar e de biomassa”, afirmou.
Apesar de ocupar 11% do território nacional e 70% do Nordeste, a Caatinga ainda é um bioma de pouca visibilidade, sendo um dos mais degradados do país. O Simpósio aborda, entre seus temas, a discussão de estratégias voltadas para o desenvolvimento sustentável na região, envolvendo a recuperação de áreas degradadas, o uso sustentável dos recursos hídricos, alternativas para manejo e conservação da biodiversidade, as experiências exitosas no Brasil e em outras regiões semelhantes. Em sua segunda edição, é direcionado a professores, estudantes de pós-graduação, pesquisadores e técnicos, gestores públicos e a sociedade civil em geral.
Com base nos debates e discussões, ao final do evento, que se encerra amanhã (03), será gerado um documento orientador que servirá para a gestão pública e pesquisas de uso geral.
Visita ao Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
Conceituado espaço de discussões sobre a convivência com o semiárido, os membros da CTPPP conheceram, na companhia dos técnicos Josemario da Silva e Johann Gnadlinger, este último, membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), organização não-governamental sediada em Juazeiro (BA).
De acordo com os técnicos, o Irpaa, que existe a aproximadamente 30 anos, busca soluções eficazes respeitando as características dos povos e das terras, através de projetos para viver no semiárido reconhecendo seu valor. “Toda essa programação leva em consideração as características e saberes dos povos dessa região, que tem conhecimento pela vivência. A gente entende que não existe apenas um saber e assim, se constroem ações e diretrizes com eficácia real para a implementação do plano de bacia, que é nosso objetivo”, concluiu a coordenadora da CTPPP.
Confira mais fotos dos eventos:
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante