Circuito Penedo de Cinema está com inscrições abertas até o dia 23 de julho

12/07/2018 - 18:10

O evento realiza mais uma edição e reúne dois festivais de curta-metragem

Alagoas é um estado reconhecido por suas belezas naturais e rica em história e cultura. Em 2016, a cidade ribeirinha de Penedo voltou a sediar um dos eventos cinematográficos mais relevantes realizado no país nas décadas de 1970 e 1980: o Festival do Cinema Brasileiro de Penedo. O Circuito Penedo de Cinema, que agrega três mostras competitivas: 11º Festival do Cinema Brasileiro de Penedo, 8º Festival de Cinema Universitário de Alagoas e a 5ª Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, está com inscrições abertas para filmes em curta-metragem. O evento acontece no período de 26 de novembro a 2 de dezembro de 2018, no município de Penedo (AL).
As inscrições são gratuitas, vão até o dia 23 de julho e podem ser realizadas pelo site oficial do evento, http://circuitopenedo.com.br. Os interessados em se inscrever no Circuito precisam ser diretores ou produtores dos filmes, que devem possuir duração de 25 minutos, incluindo os créditos e terem sido produzidos a partir de 2016. Todas as produções selecionadas concorrerão a uma premiação no valor de R$ 41 mil e para as produções universitárias os candidatos podem ser estudantes matriculados, egressos, professores ou técnicos-administrativos de Instituições de Ensino Superior (IES) ou Escolas Técnicas de Cinema e Audiovisual do país.
Mostra Velho Chico
A Mostra Velho Chico de Cinema nasceu na quarta edição do Festival de Cinema Universitário de Alagoas, fruto de uma parceria com Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Com o objetivo de proporcionar um espaço para debates sobre a necessidade de preservação dos mananciais aquíferos, especialmente no que se refere à Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, nesta 5ª edição a premiação para Melhor Filme – Júri Oficial consiste em R$ 8 mil e para Melhor Filme Júri Popular está em R$ 5 mil.
Lembramos que nesta categoria os produtores e diretores devem tratar de temas que envolvam o meio ambiente, abordando questões dos ambientes naturais ou antrópico, ou seja, aqueles alterados pela ação do homem.
Na última edição do Circuito Penedo de Cinema, em 2017, a Mostra Velho Chico de Cinema apresentou os filmes: A Piscina de Caíque (Goiás | Direção: Raphael Gustavo da Silva), Alternância (Bahia | Direção: Geilane de Oliveira), Amargo da Cana (Paraíba | Direção: Rosivan Pereira da Silva; Suellen Ramos da Silva; Wellington Faustino de Oliveira), Animais (São Paulo | Direção: Guilherme Alvernaz), Arrudas (Minas Gerais | Direção: Sávio Leite), Lameirão (São Paulo | Direção: Gabriel Coimbra, Rafael Rodrigues e Rodrigo Lacerda), Latossolo (Bahia | Direção: Michel Santos), Manancial (Paraíba | Direção: Bruno Soares), Marias (Goiás | Direção: Edem Ortegal), O Futuro a Deus Pertence? (Minas Gerais | Direção: Dêniston Diamantino) e Pedro e o Velho Chico (Minas Gerais | Direção: Renato Gaia).
O vencedor na categoria Júri Popular foi o filme Pedro e o Velho Chico (Minas Gerais | Direção: Renato Gaia), que levaram para casa o troféu Canoa de Tolda, três mil reais em dinheiro e dois mil reais em serviços de Pós-Produção.
Na categoria Júri Oficial quem venceu foi à produção A Piscina de Caíque (Goiás | Direção: Raphael Gustavo da Silva), que conquistou seis mil reais e dois mil reais em serviços de pós-produção da produtora Dot Cine.
Raphael explica que o curta “A piscina de Caíque” teve seu roteiro escrito em 2012, e no ano seguinte participou do Laboratório Permanente de Roteiros e Projetos da ABD Goiás, que acontece todos os anos durante o FICA – Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, na Cidade de Goiás, tendo sido trabalhado com o acompanhamento do roteirista Thiago Dotori.
“A história reúne recortes da minha infância, como o tipo de moradia (aliás, o filme foi totalmente gravado no bairro onde morou dos cinco aos 28 anos e a locação principal tem a mesma arquitetura e disposição dos cômodos da casa em morou), a falta constante de água e as formas simples e criativas de se divertir. As gravações aconteceram em 2016, e foram financiadas com recursos do Edital Curta-Afirmativo 2014, exclusivo para diretores e produtores negros. A equipe contou com uma interessante mescla de profissionais negros e mulheres em funções criativas e de direção, além de uma enorme diversidade de gêneros”, conta Raphael.
No elenco, a equipe contou com a participação especial do ator Antônio Pitanga e da atriz goiana Eliana Santos. Os papéis principais foram protagonizados por duas crianças que não eram atores, o que trouxe uma leveza e naturalidade para os papéis, fundamentais para os resultados que o filme vem alcançando. Até o momento, são mais de 70 seleções para Mostras e Festivais nacionais e internacionais, cerca de 40 exibições a convite (em escolas, cineclubes e outros eventos), 24 prêmios e licenciamento para TV e VOD.
“Participar do Circuito Penedo, em especial da Mostra Velho Chico, e ser escolhido como Melhor Filme, foi uma alegria imensa. A obra aborda o problema da falta d’água e de seu desperdício, mas de uma forma sutil e não panfletária, com a questão ambiental totalmente integrada à narrativa e recriando as consequências da escassez na vida de uma família simples. No Circuito, o filme foi representado pela assistente de arte e figurino Taynara Borges, que amou tudo e todos, e pode desfrutar das belas paisagens naturais do Rio São Francisco”, afirma Raphael Gustavo da Silva.
“Aproveito para agradecer ao Circuito e a todos que, direta ou indiretamente, fazem parte da linda história que ‘A piscina de Caíque’ vem construindo, e esperamos que o longa que está por vir tenha a mesma aceitação e carinho do público e dos festivais”, finaliza o diretor.
“Entramos na 5ª edição da Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental e a principal novidade desse ano é a ampliação da premiação. O evento também deve ser visto como um instrumento de ampliação da luta pela revitalização do rio São Francisco e nesta parceria com o CBHSF a mostra toma efetivamente esse sentido de ser. No ano passado realizamos ações paralelas que deram grande visibilidade a essa luta. Destaco também que a Mostra Velho Chico observa o aspecto pedagógico dessa luta, sendo dirigida para estudantes do ensino médio e universitários. Ao fim de cada edição, nós realizamos um debate com pesquisadores, professores e ambientalistas, pois a curadoria tem o cuidado de formar eixos temáticos, filmes que tratam da questão hídrica, terra e dejetos sólidos, e a partir delas conduzimos um debate, trazendo uma reflexão para a problemática que vivemos”, explica o coordenador geral do evento, Sergio Onofre.
“O Festival Penedo de Cinema existiu há décadas atrás e já naquele tempo se afirmava como um dos grandes eventos do calendário cultural de Alagoas, ganhando até uma projeção nacional. Nesta nova versão, enquanto Circuito Penedo de Cinema, ele tem todo potencial de repetir a façanha do primeiro. Ele não é só um evento importante para o segmento turístico, mas também para o contexto da grande luta pela preservação do Rio São Francisco enquanto ecossistema, mas também do Rio São Francisco como elemento do indissociável da história do imaginário das culturas das populações ribeirinhas e até elementos de equilíbrio emocional das pessoas que precisam conhecer suas origens e cultivar suas identidades. O rio tem esse papel e nada melhor do que o cinema para retratar o sentimento das pessoas, não só em termos pragmáticos de encarar a água como um insumo da economia, mas de encara-la como fonte de vida, inspiração e ambiente criativo”, afirma o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda.
“O festival mais uma vez contará com a Mostra Velho Chico e nossa expectativa é a melhor possível. O olhar de um roteirista é sempre inédito. Nos surpreende porque são criações artísticas e culturais que revelam um alto grau de observação individual, então as pessoas estão vendo no detalhe algo que outras não enxergam”, finaliza Anivaldo.


Confira mais informações sobre o Festival:


Realização
O evento é realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult), e pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS), com patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

*Texto: Vitor Luz