Após participar do último seminário das comunidades indígenas da bacia do São Francisco, o povo da Aldeia Pankará Riacho Brígida, no município de Orocó – PE, convidou o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar para uma visita à comunidade que aconteceu na última semana.
De acordo com o cacique Francisco de Assis Guimarães de Oliveira, a comunidade enfrenta diversos problemas com a falta de saneamento, assistência social e acesso à água. “Depois do nosso encontro no seminário dos povos indígenas enviamos o convite por ofício pedindo essa conversa com o Comitê do São Francisco para apresentar as demandas do nosso povo. Nossa luta começou em 2019, somos uma aldeia nova e a gente passa por todo tipo de dificuldade: aqui falta água, saneamento, assistência do governo e, por isso, recorremos ao Comitê para ver no que pode nos auxiliar e ajudar. Tivemos uma boa conversa, muito gratificante e queremos que todos nos conheçam, saibam da nossa existência. Somos o povo Pankará, povo originário e precisamos de ajuda”, afirmou.
De acordo com o antropólogo, Mauricio Souza, que acompanhou a visita, as comunidades indígenas que vivem no projeto Brígida foram afetadas pela construção da Hidrelétrica de Itaparica, concentrando famílias dos municípios de Itacuruba e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco, que viviam às margens do rio São Francisco. “Quando a barragem foi construída, a Chesf criou esse assentamento, mas com a mudança do território originário, os povos foram perdendo o vínculo com suas ancestralidades, com o território, as práticas religiosas, culturais e passaram desde 1986, quando o assentamento foi finalizado, vivendo, digamos assim, desvinculados com uma relação mais tradicional, com o território. Foi em 2019 quando sentiram a necessidade de criar a aldeia, eles reuniram as famílias indígenas com vontade de continuar na prática do Toré, da religiosidade da Jurema sem sofrer discriminação e preconceito”, afirmou.
O antropólogo ainda lembra que com a criação da aldeia outras também surgiram. Atualmente no território são cinco comunidades indígenas. A Aldeia Pankará Riacho Brígida tem cadastradas 33 famílias, totalizando cerca de 70 pessoas. “Além disso, entre as principais dificuldades, o povo da aldeia vive em moradias irregulares, as casas apresentam rachaduras, infestação de barbeiro e o contato com o Comitê se deu para buscar, por meio dos editais, ações que visem melhorar a estrutura, o acesso à água através de barras subterrâneas para que possam garantir segurança alimentar e água de qualidade para consumo”, concluiu.
O coordenador da CCR, Cláudio Ademar, destacou que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco tem investido fortemente nas comunidades tradicionais, entendendo e valorizando sua importância e trabalho na preservação do meio ambiente. “Visitei a comunidade e vi uma realidade preocupante, onde a Aldeia Pankará Riacho Brígida não tem meio de produção, precisam de tudo. Informei a eles que há poucos dias entregamos, através da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais do CBHSF e da Diretoria Colegiada, o documento resultante dos Seminário de Povos Indígenas e Quilombolas às autoridades de Brasília com representantes de diversos Ministérios. Nossa preocupação é constante e a Câmara Técnica de Comunidade Tradicionais é o canal direto de diálogo e ações para esses povos. Temos realizado diversos projetos hidroambientais e garantindo parte deles para as comunidades tradicionais por meio dos nossos editais”, disse o coordenador.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Cláudio Ademar