
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) esteve na última sexta-feira (02), em Petrolina (PE), para alinhar ajustes estratégicos para a participação Comitê na COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém, no Pará. A reunião, ocorrida no escritório da Agência Peixe Vivo, contou com a presença do coordenador técnico da APV Manoel Vieira, e do analista Mauricio Oliveira.
A principal meta do Comitê é utilizar o evento global como uma plataforma para alertar sobre o impacto das mudanças climáticas na bacia e atrair o olhar internacional para a urgência da revitalização do Velho Chico. A pauta central do CBHSF na COP 30 será a instabilidade climática que afeta diretamente a gestão hídrica e a economia regional. O Comitê pretende demonstrar como a bacia sofre com a quebra da previsibilidade dos ciclos de chuva, um efeito claro da crise climática.
De acordo com o presidente do CBHSF, Cláudio Ademar, a análise do Comitê aponta que “as mudanças climáticas não respeitam limites administrativos. Estamos vendo seus efeitos a cada momento. Na agricultura, por exemplo, quem planta hoje no Semiárido não consegue mais fazer um planejamento estratégico, quando há alguns anos se conseguia planejar os meses de plantio, pois havia previsibilidade de chuva”, destacou.
O presidente mencionou que, em algumas regiões da Bacia, as chuvas e o frio têm persistido desde março, um cenário inédito que gera extremos de seca ou cheia, impactando diretamente os ecossistemas e as comunidades.
Estande estratégico e busca por parcerias internacionais
Para garantir que a voz do São Francisco seja ouvida, o Comitê montará um estande de 50m² na Conferência. O objetivo é transformar o espaço em um centro de diálogo estratégico para pautar os problemas da bacia e buscar soluções de financiamento e cooperação.
O Comitê detalhou que buscará ativamente o diálogo com parceiros institucionais cruciais, como a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (CODEVASF).
A estratégia visa:
- Chamar a atenção global: Mostrar às autoridades internacionais que, além da Amazônia, o Brasil possui outras bacias estratégicas, como a do São Francisco – o maior rio de integração nacional, 100% brasileiro.
- Alertar sobre Desertificação: Levar a mensagem de que já existem áreas desertificadas na bacia e que o combate a esse avanço é uma prioridade de segurança hídrica e alimentar.
- Destacar Potencial e Cultura: Apresentar o enorme potencial da bacia em energias renováveis e sua vasta diversidade cultural, incluindo comunidades quilombolas, indígenas e de fundo e fecho de pasto.
- Saneamento como Prioridade: Reforçar a importância de tratar a questão do saneamento com seriedade, um problema fundamental para a saúde do rio.
“O Rio São Francisco é, de fato, maior do que alguns países. Precisamos utilizar esse espaço para atrair o olhar de organizações internacionais para a nossa bacia, com o ideal de firmar parcerias e abrir uma caixa de diálogo que possa contribuir de fato com a revitalização do São Francisco e o combate aos seus principais problemas”, concluiu o presidente.
A participação na COP 30 é vista pelo CBHSF como um marco para a luta pela revitalização, esperando transformar a atenção global em recursos e políticas eficazes para a bacia. A comitiva do Comitê do São Francisco contará com membros da nova e da última gestão, além da diretoria e técnicos da Agência Peixe Vivo.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante