Baixo nível no reservatório de Três Marias discutido em reunião na ANA

09/04/2014 - 15:22

Em nova reunião realizada na sede da Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF), na última sexta-feira (4.04), para avaliar os efeitos da vazão reduzida do Rio São Francisco, o tema que norteou as discussões foi a urgência em atender aos municípios que apresentam dificuldades em abastecer a população devido ao rebaixamento do nível do rio. O grave problema enfrentado pela represa de Três Marias, em Minas Gerais, assumiu toda a discussão porque o quadro atual de estiagem pode se agravar e interferir, inclusive, em toda a bacia do Rio São Francisco.
Os técnicos do Serviço de Água e Esgoto (SAE) e da Companhia de Energia e Elétrica de Mias Gerais (Cemig) apresentaram o quadro atual, que aponta para a grave situação da região. O volume de água armazenada hoje na barragem está bem abaixo do mínimo aceitável. Com isso, a pauta inicial que era discutir a metodologia aplicada para definir o nível da vazão do São Francisco foi suspensa e a ANA acabou recebendo autorização para reduzir a defluência na região de Três Marias para 150 m³ por segundo, ao contrário da que se pratica atualmente, de 350m³ por segundo. “É uma situação dramática para a região, por ser a cabeceira do rio, o local que joga água para o rio como um todo”, explicou o secretário-geral do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, presente à reunião.
A prática dessa vazão trará transtorno para a captação de água do município de Pirapora, imediatamente e, se perdurar a falta de chuva, poderá ocasionar dificuldades ao perímetro irrigado da Jaíba e à navegação a montante da represa de Sobradinho, a qual deverá continuar com a vazão reduzida para 1.100m3/s pelo menos nos próximos 90 dias, caso não haja chuvas nesse período e ainda devido à redução da vazão na barragem de Três Marias. Apesar da autorização para a defluência, antes da redução serão aplicadas alternativas, a exemplo da troca de bombas, para reduzir os efeitos da baixa defluência.
Diante da urgência, o vice-presidente do CBHSF, Wagner Soares Costa, sugeriu que, na metodologia, seja aplicado um gatilho para cima, o que daria uma prorrogação da redução mínima em Sobradinho em torno de 90 dias. “E se houvesse chuva que ocasionasse em aumento da vazão, seria acionado o gatilho para aumentar a vazão proporcional ao volume incremental nesse período”, defendeu Costa.
Especialistas apontam que a situação na região de Três Marias é a pior dos últimos 70 anos. “Trata-se de uma previsão do pior que pode acontecer em toda a bacia do Velho Chico e temos que admitir a possibilidade de uma redução da defluência em Sobradinho para 1 mil m³ por segundo”, prevê Maciel Oliveira.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF