Na última terça-feira, 04 de agosto, foi realizada mais uma videoconferência promovida mensalmente pela Agência Nacional de Águas (ANA) com o intuito de discutir as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco. Representantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentaram os relatórios mensais acerca da situação atual da bacia e nos últimos 30 dias não foram observadas muitas novidades.
Na apresentação feita pela equipe técnica do Cemaden foi informado que as chuvas na bacia do São Francisco durante o mês de julho ficaram um pouco abaixo da média para o período. Segundo eles, o ano hidrológico tem sido muito irregular, mas a falta de chuva na área central não apresenta anomalia.
Para o superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, embora não seja um período de muitas chuvas é importante que todos se mantenham atentos às demandas. “Vamos terminar o período seco e iniciar em breve o período chuvoso. É necessário observarmos e fazermos o controle de cheias, já que é um efeito que precisa ser administrado”, disse.
Um dos técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou uma avaliação das condições hidrológicas e de armazenamento na bacia do rio São Francisco e simulação até final de novembro de 2020. Inicialmente, foi apresentado um balanço energético do subsistema Nordeste. Nele, foram mostradas a participação da geração hidráulica, que antes era muito grande. De acordo com a equipe e dados mostrados, não é mais dessa forma e hoje se vivencia outra realidade. No caso da energia eólica, a geração chegou a suprir 40% em 2020, mas é sazonal. Já a geração solar ainda é muito tímida e não houve expansão significativa nos últimos anos de acordo com o balanço do ONS.
Os técnicos do ONS mostraram, ainda, as premissas de defluências da simulação em Três Marias. Segundo o relatório, o reservatório da UHE Três Marias está, atualmente, com armazenamento verificado acima dos 60% de volume útil, posicionando-se, portanto, na faixa de operação normal. Nessa faixa de operação não há restrições de defluências máximas médias mensais.
Já a premissa de defluência da simulação em Xingó será em média 1.300 m³/s para os próximos 30 dias em função das necessidades eletro-energéticas do SIN. Em setembro será de 1.100 m3/s. Noâmbito da Programação e da Operação estão previstos os valores indicados que poderão ser praticados conforme a necessidade eletro-energética, respeitando-se o determinado na Resolução ANA 2081/2017. As defluências médias considerando os usos consuntivos mais evaporação da água no trecho Sobradinho-Xingó, garantem o armazenamento de Itaparica em valor maior ou igual a 30%. Considerando que Itaparica ultrapassou os 90% de volume útil, nas simulações foram consideradas as defluências da UHE Sobradinho já reduzidas para 1.400 m³/s até o final de agosto e início de setembro, quando as defluências forem reduzidas para 1.200 m3/s, de modo a manter os níveis de Itaparica estáveis. A partir de meados de setembro, em se mantendo a política operativa indicada para a UHE Xingó, há expectativa de nova redução das defluências da UHE Sobradinho, para dar início ao deplecionamento do reservatório de Itaparica, com vistas ao Ciclo 2020/2021 do Plano Anual de Prevenção de Cheias.
A videoconferência que avalia as condições hidrológicas da bacia do rio São Francisco acontece na sede da Agência Nacional de Águas, em Brasília (DF) e é transmitida para os estados da bacia. Participam dela diversos representantes relacionados às questões do Velho Chico, a exemplo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), usuários, governo, irrigantes, entre outros. A próxima reunião está marcada para o dia 1º de setembro, a partir das 10h.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Foto: Edson Oliveira