4ª Mostra Velho Chico marca o segundo dia do Circuito Penedo de Cinema

08/11/2017 - 15:24

Evento prossegue até a quinta-feira (9 de novembro) sempre das 14h às 16h, na Praça Doze de Abril

Nesta terça-feira (07 de novembro) teve iniciou o segundo dia do Circuito Penedo de Cinema, que chegou com novas cores, ares, cheiros e sabores. A cidade de Penedo acendeu, os mercados se abriram e o velho Chico brilhou ainda mais forte diante de todos aqueles que estão na cidade histórica para conferir as novas produções audiovisuais. O destaque da programação de hoje foi para a 4ª Mostra Velho Chico de Cinema, que aconteceu na sala de exibições, na Praça Doze de Abril.
A Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental possui o objetivo de proporcionar um espaço para debates sobre a necessidade de preservação dos mananciais aquíferos, especialmente, no que se refere à Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Seu nascimento aconteceu na quarta edição do Festival de Cinema Universitário de Alagoas e é fruto da parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
A Sala de Exibições, localizada na Praça 12 de Abril, ficou completamente lotada de crianças e adolescentes de seis escolas da cidade ribeirinha, que prestigiaram os seis filmes e assistiram ao debate feito logo em sequência. O brilho nos olhos, coração acelerado e mãos frias foram às características claras nos participantes.
A exibição dos filmes: Alternância (Bahia | Direção: Geilane de Oliveira); Amargo da Cana (Paraíba | Direção: Rosivan Pereira da Silva; Suellen Ramos da Silva; Wellington Faustino de Oliveira); Latossolo (Bahia | Direção: Michel Santos); O Futuro a Deus Pertence? (Minas Gerais | Direção: Dêniston Diamantino) e Marias (Goiás | Direção: Edem Ortegal), foi regada a muita pipoca e a uma sonorização que foi capaz de transportar todos para uma atmosfera lúdica, mágica e reflexiva.
“Essa é a minha primeira oportunidade que venho ao cinema, sempre ouvia meus amigos falando e eu achava um máximo, eu não imaginava que era tão bonito. Também gostei da reflexão que esses filmes sobre meio ambiente trouxeram, estou saindo daqui querendo cuidar mais do meio ambiente e vou começar fechando a água da torneira ao escovar os dentes”, confessa João Alberto, 16.
A programação também foi inclusiva. Os surdos que escolheram participar das exibições nesta tarde puderam acompanhar e compreender todos os acontecimentos por meio de intérpretes de libras, que traduziram todos os discursos para língua de sinais.

Confira as fotos

Roda de Conversa

Ao fim das apresentações uma roda de conversas foi iniciada, composta pelo biólogo, fotógrafo da Natureza e doutor em Biologia Vegetal, José Alves Filho e pelo engenheiro de Pesca, mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, Ticiano Oliveira. A mediação ficou a cargo da bióloga, doutora em Geografia e pós doutora em Planejamento Urbano e Ambiental, Milena Dutra.
“Em nosso almoço de hoje não pudemos comer peixes originários do rio São Francisco, infelizmente comemos peixes da Amazônia, como a tilápia e tambaqui. O privilégio de experimentar os frutos genuínos do São Francisco nós não teremos mais. Só preservamos e cuidamos do que conhecemos, não podemos cuidar do outro se não conhecermos a história dele. Nossa missão enquanto educador é levar história para nossos alunos. Senão soubermos fazer uma análise do passado, não poderemos ser senhores do destino no futuro. O São Francisco tem solução e um dos alicerces é a educação”, afirma o professor José Alves.
Quem pode contribuir com o debate foram os produtores do filme Amargo da Cana, Kennel Rógis e Michel Santos, que reforçaram a importância do fazer cinema e contar as histórias mais genuínas. “Cresci em Luiz Magalhaes, também conhecida como Mimoso do Oeste. O Amargo da Cana é um filme que traz história de sistemas que vem de cima pra baixo. Às vezes acreditamos que não podemos fazer muita coisa sobre o local em que vivemos, mas sim, por meio do cinema podemos mudar o curso da nossa vida e do nosso mundo. Vocês podem fazer cinema, seja por meio de um celular ou de uma boa câmera. Esse filme mostra imagens e sons que serviram para impactar a gente e nos despertar a uma reflexão sobre o que desejamos transformar”, ressalta Michel.

Oficinas

Ao longo do dia aconteceram diversas oficinas espalhadas pela cidade de Penedo e a primeira delas foi “Uso da cor como ferramenta Narrativa”, com Marcelo Cosme. Os estudiosos e interessados se reuniram na Casa de Aposentadoria para buscar um pouco mais de aperfeiçoamento no tocante a coloração de filmes. Em um ritmo intimista, caloroso e colaborativo os presentes puderam assistir algumas produções e participar de uma retrospectiva histórica. A troca de experiências e o compartilhamento de expectativas foram marcas registradas nesse encontro.
O Centro de Cultura e Extensão Universitária (CEU) foi palco da oficina de Vídeo Ambiental, ministrado pelo jornalista especialista em fotografia de cinema, Alberto Casagrande. Toda a turma foi dividida em três grupos e eles assumiram o compromisso de criar um roteiro de até cinco minutos, com temáticas livres. Essa oficina prática e teórica foi capaz de despertar os participantes a buscarem um senso crítico apurado e consistente. “Quando eu escolhi vir ao circuito sonhei em viver cada momento dele. Meu objetivo é sentir o cinema e tudo o que ele representa. Essa experiência está sendo enriquecedora e poder pensar estratégias para salvar o São Francisco, além de ser um privilégio, precisa ser nossa missão”, afirma Laura Lima.
Foi na casa de Patrimônio que a oficina sobre o “Panorama Audiovisual Alagoano” ganhou forma e peso. Ministrado pela jornalista Larissa Lisboa analista em audiovisual do Sesc Alagoas. Os participantes puderam compreender a importância de particular de eventos como o Circuito Penedo de Cinema, pois os profissionais envolvidos apresentam conteúdos adquirimos ao longo de muitos anos de suas jornadas profissionais.
A programação continuou e Larissa exibiu o filme Memórias de uma Saga Caeté, do cineasta Pedro da Rocha. A obra foi feita por meio do II Prêmio de Incentivo à Produção Audiovisual em Alagoas, uma boa forma de fomentar a produção cinematográfica. O que garante ao idealizador ter um recurso para desenvolver o filme, embora demore para acontecer e não seja sistemático.
 
Por Vítor Luz
Fotos: Edson Oliveira