Jacobina recebe do CBHSF diagnóstico ambiental e plano de ações na Bacia do Rio Salitre

30/10/2017 - 13:38


O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), através da empresa Acquatool, apresentou, nos dias 27 e 28 de outubro, o diagnóstico ambiental e plano de ações na bacia do Rio Salitre, no distrito de Caatinga do Moura, em Jacobina (BA). A apresentação aconteceu em dois momentos: o primeiro na Câmara de Vereadores, e o segundo, na comunidade de Caatinga do Moura, no Colégio Municipal Doutor Marcos Jacobino, onde foi realizado o estudo visando a recuperação e proteção de áreas de recarga e nascentes.
Além dos problemas de degradação, como poluição dos mananciais e erosão de terrenos com reflexo direto sobre a quantidade e qualidade da água ofertada, ainda foram apontados como principais agravantes a alcalinidade dos solos, podendo atingir valores de pH superiores a 8, e com potencial de piorar por causa do uso de água subterrânea de irrigação, característica da região. Há ainda uma tendência à salinidade e deficiência de carbono.
“A irrigação em Caatinga do Moura data de mais de 100 anos. A questão daquela região é que não se sabe, pelo método utilizado de irrigação (por inundação), a quantidade de água usada. Isso significa que se os produtores não se organizarem em torno do uso da água, surgirão conflitos devido a pouca água e grande demanda. É importante ainda citar que a área irrigada está em expansão, um fenômeno raro no meio de uma seca de mais de sete anos. Isto porque Caatinga do Moura, por características muito especiais, basicamente por se utilizar de águas subterrâneas com vários poços jorrantes, ainda hoje não tem sofrido a seca de forma dramática como outras áreas”, explicou o engenheiro hídrico Pedro Molinas, acrescentando que a pesquisa focou também na qualidade das águas subterrâneas que incidem sobre a alcalinização e salinização do solo.
Mediante o resultado do diagnóstico, as propostas recomendam a recuperação da mata ciliar em curto prazo, implantação de 10 km de drenagem para que a água não sature nem salinize, realização da contenção de processos erosivos, implantação de corredores de acesso ao rio, entre outras medidas que visam o uso de práticas sustentáveis no manejo do solo e no planejamento do uso dos recursos hídricos, respeitando as limitações das Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Com grande concentração de plantios variando entre as culturas do alho, feijão, cebola, banana, o produtor Lourival Lúcio de Jesus, que é um dos muitos a produzir em suas terras a banana, mudou recentemente o método de irrigação por inundação passando a utilizar o gotejamento. “A gente percebeu a diferença, vimos que é mais eficiente tanto para a planta quanto para o meio ambiente. Com a inundação não tínhamos a ideia de quanta água era utilizada e muitas vezes a plantação não reagia bem, justamente pela grande quantidade. Além disso, penso que se todos nós tivéssemos a orientação de utilizar meios mais eficientes como o gotejamento, não estaríamos vivendo com o rio seco. É uma tristeza”, disse o produtor sobre o Rio Veredas da Caatinga, componente do Rio Salitre, afluente do São Francisco.

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Próximo passo

Entendendo a importância da revitalização dos rios contribuintes do São Francisco assim como toda a Bacia, o CBHSF, além da promoção dos planos de saneamento e elaboração de projetos hidroambientais, passa, a partir de agora, a investir também no diagnóstico de áreas degradadas como o primeiro passo para realização das obras hidroambientais. “O Comitê, além dos projetos hidroambientais e planos de saneamento, resolveu realizar o diagnóstico de áreas degradadas e, em cima disso, é feito o encaminhamento à Câmara Técnica do Comitê para análise e verificação da viabilidade das obras e o que é possível fazer. Vale reforçar que o CBHSF não pode ser responsável por resolver todos os problemas, mas temos o objetivo de garantir e incentivar ações viáveis para que outros entes vejam que é possível”, explicou o secretário da Câmara Consultiva Regional (CCR) Submédio São Francisco, Almacks Luiz.
Com 137 anos, o município de Jacobina fica localizado no norte da Bahia, extremo norte da Chapada Diamantina, e é rodeado por serras, morros, lagos, rios, fontes e cachoeiras. A Cidade do Ouro, como é conhecida, ganhou esse título devido às minas de ouro que atraíram os bandeirantes paulistas no início do século XVII. Ao longo dos anos, os rios que passam pela cidade, como o  Veredas da Caatinga e Salitre são receptores de dejetos e sedimentos, contribuindo historicamente para sua degradação.
De acordo com o diretor de projetos da prefeitura do município, Elton Marques, o resultado de anos de degradação deixou uma dura marca, mas há o empenho do poder público em mudar o cenário. Jacobina, com população média de 83 mil habitantes, é um dos municípios baianos já contemplados com o Plano Municipal de Saneamento Básico. “O município de Jacobina tem o interesse de viabilizar, dentro daquilo que lhe for possível buscando recursos, projetos que possam somar a essa região para a revitalização desse rio tão importante. E por isso, o diagnóstico é um excelente instrumento para que possamos dar início a ações concretas e eficazes para recuperar o leito e a nascente do rio que vem sofrendo há muito tempo por causa da irrigação por inundação”, concluiu.

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Texto e Foto: Juciana Cavalcante