No dia 21 de março, membros da sociedade civil, do Ministério Público e do Igam se reuniram no Centro de Educação Ambiental do Parque Municipal Felisberto Neves, em Betim. Na pauta, estavam o levantamento dos impactos dos resíduos de minério no rio Paraopeba, as ações já executadas e as próximas realizações.
Monitoramento do Igam
Katiane Cristina de Brito Almeida, Analista da Gerência de Monitoramento de Qualidade das Águas do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) , apresentou os resultados do Plano de Monitoramento Emergencial do Rio Paraopeba. Os dados foram recolhidos até o dia 17 de março, em 21 pontos do leito do rio, em parceria com o CPRM e a Copasa.
Segundo ela, é importante destacar que a análise dos dados coletados não são tão alarmantes quanto a mídia tem veiculado, e que “não há sinalização de chegada de rejeito a jusante da Usina Hidrelétrica Retiro Baixo,”. “Os dados do monitoramento do Igam para o oxigênio dissolvido variaram entre 5,9mg/L e 8,8mg/L e estão dentro dos limites estabelecidos do CONAMA. Eu não acredito que o rio Paraopeba está morto”, afirmou.
Para Katiane, o mais preocupante são os índices de chumbo e mercúrio, metais que se movimentaram pelo rio Paraopeba junto com a pluma de rejeitos, chegando até Pompéu. As chuvas que ocorreram na região após o rompimento da barragem contribuíram para o aumento da concentração desses metais nos pontos de monitoramento.
Ronald Fleischer (Geólogo) e Mauro da Costa Val (Engenheiro Civil), conselheiros do CBH Rio Paraopeba, pontuaram que chumbo e mercúrio não são metais usados normalmente na mineração, e sugeriram, a partir da leitura dos dados de monitoramento, que esses metais tenham vindo de outras fontes que não dos rejeitos que vazaram após o rompimento da barragem em Brumadinho.
Veja as fotos da reunião:
Cortinas de contenção da Vale não são efetivas
Questionado pelo presidente do CBH Rio Paraopeba, Winston Caetano de Souza, sobre as ações de recuperação da bacia, Thiago Figueiredo Santana, diretor de Planejamento e Regulação do Igam, informou que tais ações são de responsabilidade da Vale, e que o Instituto apenas avalia sua efetividade. Nesse sentido, Katiane informou que o monitoramento não demonstrou a efetividade da cortina de contenção de rejeitos da Vale, e que o Igam deve publicar em breve um parecer sobre isso.
Ministério Público
O promotor do MPMG, Francisco Chaves Generoso, que atua como coordenador regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos rios das Velhas e Paraopeba, listou as ações tomadas pelo Ministério Público desde o dia do rompimento da barragem. “Há uma equipe técnica de auditoria externa acompanhando as medidas de reparo e reforço das estruturas remanescentes e de contenção da lama em campo, trazendo informações em tempo real para o Ministério Público”, informou. Ele destacou também que, diferentemente de Mariana, para o caso de Brumadinho foi montada uma força tarefa com 20 promotores, cada um deles especializado em uma das matérias envolvidas no crime ambiental (socioeconômica, socioambiental e criminal).
Informou também que, no dia 20 de março, o MPMG obteve liminar para suspensão de atividades no Dique III do Complexo Vargem Grande em Nova Lima em função de relatos de risco de segurança da barragem.
Para ele, a participação dos Comitês de Bacias Hidrográficas é fundamental e imprescindível para a fiscalização das medidas de recuperação adotadas pela Vale.
CBH Rio São Francisco e CBH Rio das Velhas unidos pelo Paraopeba
Winston encerrou a reunião ressaltando o apoio dado pelos Comitês do Rio São Francisco, na pessoa do presidente Anivaldo Miranda, e do Rio das Velhas, que cedeu a sede para utilização. Desde que aconteceu o crime ambiental em Brumadinho, os dois Comitês contribuem para o fortalecimento do CBH do Rio Paraopeba e para a o acompanhamento das ações frente aos danos causados pelo rompimento da barragem.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Leonardo Ramos
Foto: Leonardo Ramos