O rio São Francisco deve sofrer nos próximos anos um forte processo de degradação e desertificação das suas áreas territoriais. Estudos mostram que as intensas ações antrópicas – alterações do homem sobre o meio ambiente – estão contribuindo seriamente para o avanço da seca no Brasil. A informação foi repassada pelo especialista Lincoln Muniz, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), durante a programação do I Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que acontece até quinta-feira (09.06), em Juazeiro (BA), às margens do Velho Chico.
“Haverá uma diminuição no regime de chuvas e um aumento considerável na temperatura média”, observou o especialista. Muniz lembrou que eventos extremos, como a seca, terão maiores impactos em setores estratégicos para o país, com o de recursos hídricos. “As mudanças climáticas estão aí, e já podem, claramente, serem sentidas nas bacias hidrográficas”, completou.
O rio São Francisco sofre desde 2014 a sua pior seca, gerando efeitos negativos para todo o ecossistema. “A alteração no regime de vazões é um típico exemplo decorrente da variabilidade climática”, explicou, ao se referir às recorrentes reduções da água que é liberada pela barragem de Sobradinho, na Bahia, acarretando prejuízos econômicos e ambientais aos usuários do rio. Hoje, o reservatório libera 800m3/s de água, indo no sentido contrário à vazão restritiva mínima de 1300m3/s, estipulada pelos órgãos reguladores, a exemplo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
Outro problema acentuado é na região da foz, entre os estados de Alagoas e Sergipe, que vivencia o avanço da cunha salina. O mar já se alastra em 13 quilômetros sobre o rio, provocando sérios problemas de saúde aos moradores do pequeno município de Piaçabuçu (AL), que atestam o aumento nos casos de hipertensão, em decorrência do consumo da água salgada.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF