A XXII plenária aconteceu num cenário deslumbrante: a cidade de Penedo, debruçada sobre a margem esquerda do rio São Francisco, que a cada ângulo surpreende pela beleza – seja do patrimônio histórico ou da natureza.
Foi também um cenário dramático, porque dali se avista claramente o grau de comprometimento ambiental do rio – denunciado no discurso enfático que o presidente da Academia Penedense de Letras, Valfredo Messias dos Santos, pronunciou durante a solenidade de abertura do evento.
Foi assim, oscilando entre o encantamento e a desolação, que a presença do Comitê acrescentou calor humano à ensolarada semana de final de novembro em Penedo – de temperatura quase enlouquecedora, para alguns dos visitantes que se movimentavam entre as ladeiras da cidade durante os intervalos da programação.
Subindo e descendo as ruas largas, percorrendo a beira do rio, cruzando-se no hotel, bares e restaurantes, os participantes estabeleceram, paralelamente à intensa programação de debates e votações, um intercâmbio que extrapolou as informações técnicas. Mais uma vez, a plenária se revelou oportunidade para a troca entre energias humanas, para o estabelecimento de uma sintonia mais fina – que também constitui um componente importante da vida do Comitê.
O ponto alto da interação se deu no início da noite de quarta-feira, após o segundo dia de atividades, durante a apresentação poético-musical do Grupo Caçuá, de Piaçabuçu. No grande salão, janelas abertas para o majestoso rio, sob o efeito mágico da arte a tensão dos trabalhos foi se transmutando em sensibilidade e reverência à manifestação cultural da bacia.
No final, quando o repertório enveredou pela alegria, a dança emergiu naturalmente, e se fez uma grande ciranda, com voz, corpo e emoção. “Oh cirandeiro / oh cirandeiro, oh / a pedra do seu anel brilha mais do que o sol…” – essas e outras pérolas do cancioneiro popular ecoaram com força no espaço.
Cantando de mãos dadas, pés batendo sincronicamente no chão, avançando e recuando, alargando e estreitando harmonicamente a roda, os artistas e os mineiros, sergipanos, baianos, alagoanos e pernambucanos desenharam ali uma mandala humana de forte energia, celebrando e renovando, de um jeito muito brasileiro, o compromisso com a vida e com a revitalização do Velho Chico.
Veja as fotos da ciranda:
Assessoria de Comunicação