O baixo regime de chuvas que afeta o país vem agravando o armazenamento hídrico dos principais reservatórios da bacia do rio São Francisco. Por conta disso, a vazão defluente da usina hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais, poderá ser aumentada já no próximo mês de setembro. A possibilidade foi admitida pela Agência Nacional de Águas – ANA em reunião realizada na manhã desta quarta-feira (19.08), em Brasília, com diversos órgãos envolvidos com a bacia do São Francisco, entre eles o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. A medida visaria, entre os objetivos, aumentar o armazenamento de água da represa de Sobradinho, na Bahia, atualmente com o volume útil crítico de apenas 14,55%.
A autorização oficial, contudo, somente deverá ser legitimada pelo órgão federal após parecer técnico que será encaminhado pelo setor elétrico, depois de reunião conjunta entre Operador Nacional do Sistema Elétrico, Cemig e Chesf, agendada para esta sexta-feira (21.08). A ideia é que as águas liberadas pelas turbinas da represa fiquem em torno de 400 e 500 m3/s. Atualmente, a vazão praticada na UHE é de 300 m3/s. “Nós vamos operar buscando o equilíbrio dos reservatórios da bacia do São Francisco. Ou seja, manter um nível de segurança para todos eles. Essa é a diretriz geral”, explicou Vicente Andreu, diretor-presidente da ANA.
O gerente de Hidrologia do ONS, Vinicius Forain Rocha, lembrou que todas as medidas de “flexibilizações de vazões” que estão sendo realizadas proporcionaram um ganho no armazenamento de água tanto para a represa de Três Marias quanto para a de Sobradinho. “Houve um ganho de quase 50% do armazenamento de água de Três Marias, que já possui 29,79% da sua capacidade. Sem essas ações teríamos zerado o reservatório em agosto de 2014. Já em Sobradinho, o aumento foi de 38%, com vazões defluentes atuais de 900 m3/s”, disse Rocha. A quebra de restrições na vazões do São Francisco acontecem desde 2013.
Participando da reunião na qualidade de observador, o CBHSF, representado pelo vice-presidente da entidade, Wagner Soares Costa, mostrou-se preocupado quando aos possíveis impactos da medida restritiva. “Em 2014, quando a vazão liberada de Três Marias chegou a ser 90 m3/s, os usos tiveram que se readaptar; os pescadores, por exemplo, suspenderam as suas atividades. Hoje, aumentando essa vazão não sei quais seriam os impactos. Precisamos avaliar. Agora, temos que sair em defesa tanto dos usuários a montante quanto a jusante dos reservatórios”, observou. Em outro momento, Costa lembrou que é preciso pensar no futuro da bacia, especialmente no momento em que a chuva voltar a ser recorrente.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF