Representante do CBHSF falou sobre a importância do uso racional da água nas atividades econômicas.
A Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e a Cooperativa de Alunos, Professores e Funcionários das Ciências Agrárias da Unimontes (Cooperagro) realizaram, na última quinta-feira (09/08), no Centro Cultura Marly Sarney, em Janaúba, região Norte de Minas Gerais, o 2º Seminário de Piscicultura do Norte de Minas: Tecnologia e Inovação para uma Piscicultura Sustentável. O evento teve como objetivo promover o intercâmbio entre piscicultores, técnicos, estudantes, professores do curso de Zootecnia da Unimontes e entidades apoiadoras do encontro, dentre elas, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
O coordenador geral do encontro, o engenheiro de pesca e chefe do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf, Maurício Gros, destacou que “a piscicultura é uma atividade rentável, com mercado em expansão e sustentável”. Questionado sobre o desafio de se produzir peixes em uma região com escassez hídrica, o técnico explicou que: “Diferentemente da irrigação, vocação regional, a piscicultura não consome água, pelo contrário, utiliza-se a água de passagem da irrigação, em reservatórios para a produção e engorda dos peixes e, depois essa mesma água é reutilizada integralmente”.
Os participantes do encontro puderam conhecer na prática a tecnologia de produção de peixes em sistema de Aquaponia – associado à produção de hortaliças, sem perder água nenhuma, em um sistema circular, onde a água com as fezes dos peixes adubam as hortaliças e água retorna limpa para os tanques garantindo um ciclo sustentável. A tecnologia foi apresentada pelo pesquisador da Embrapa, Paulo César Falange Carneiro, que levou um “kit” para demonstração do sistema.
Na oportunidade, foi lançado o Programa Piracema do São Francisco – uma parceria entre Codevasf e as prefeituras, inseridas na bacia do Rio São Francisco. A Codevasf patrocina a capacitação dos produtores e técnicos dos municípios e a doação dos alevinos, peixes nativos, e comerciais, como o Tambaqui e a Tilápia. Já as espécies nativas que são produzidas na estação de piscicultura da Codevasf, no município de Nova Porteirinha, serão destinadas ao repovoamento de lagoas e rios dos municípios participantes do programa. A contrapartida da prefeitura se dá no investimento em assistência técnica aos produtores.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Entorno de Três Marias e membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Altino Rodrigues Neto, explicou sobre os objetivos dos comitês de bacias hidrográficas em sua formação democrática e plural, entre o poder público, usuários, academia, e a comunidade local, com o intuito de prover o uso múltiplo das águas, de forma sustentável, com prioridade para o consumo humano. “Os projetos aqui apresentados atendem a premissa do uso racional e sustentável dos recursos hídricos”. Altino lembrou que a região Norte de Minas está inserida no semiárido, assim como a maior parte dos municípios da bacia do São Francisco, e que “as experiências apresentadas podem e devem ser aplicados em outras regiões, fortalecendo as suas economias com a piscicultura sustentável”. O representante do CBHSF atuou como mediador na mesa de encerramento do encontro, onde os participantes puderam esclarecer dúvidas sobre os programas Piracema do São Francisco e sobre o sistema de produção de peixes em Aquaponia.
*Texto: Núbia Primo
*Fotos: Núbia Primo