A conclusão do projeto de requalificação ambiental nos municípios de Paramirim, Érico Cardoso e Caturama foi celebrada em evento realizado no último dia 16, no Centro Cultural Arquilino Rangel Barbosa, em Érico Cardoso. O projeto representa um investimento de R$1.076.000,00 do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) na melhoria da quantidade e qualidade das águas do rio Paramirim, maior afluente à margem direita do rio São Francisco.
O evento, que contou com ampla participação de entidades e membros da sociedade civil, reuniu na mesa de abertura representantes do CBHSF, CBH-PASO, ONG Zabumbão e Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), além de autoridades públicas dos três municípios contemplados. Na plateia, moradores da região e proprietários das áreas de intervenção acompanharam a apresentação da equipe técnica da empresa Aplicar, responsável pela execução do projeto, sobre os benefícios implementados e as medidas necessárias para o seu prolongamento.
O projeto resultou no plantio de 10 hectares de mudas de plantas nativas, 11 mil metros de cercamento das margens do rio Paramirim e instalação de 16 bebedouros para animais, além de ações de mobilização social, seminários e oficinas de Educação Ambiental nos três municípios. “O plantio de espécies nativas contribui para a recuperação da vegetação natural, o cercamento é uma estratégia eficaz para proteger essas áreas sensíveis e os bebedouros evitam que os animais se aproximem do rio em busca de água, pisoteando o solo e aumentando o assoreamento do rio”, resumiu o coordenador da CCR Médio São Francisco, Ednaldo Campos.
Ednaldo também pontuou que a escolha de Érico Cardoso para sediar o seminário final não foi aleatória. “Aqui nós estamos no ‘pulmão’ do rio Paramirim, na caixa d’água da bacia do PASO. Centenas de milhares de pessoas são impactadas diretamente pela quantidade e qualidade dessas águas e o CBHSF, cumprindo a função da arrecadação que realiza junto aos usuários, investe esses recursos em melhorias significativas para as reservas hídricas e para as populações que habitam a bacia”, afirmou.
Anselmo Caires, presidente do CBH-PASO, relatou que a execução do projeto não esteve livre de obstáculos, mas que sua conclusão significa um marco para os municípios envolvidos e para a existência do rio Paramirim. “Considero que essas intervenções deixam um legado, não só para os ecossistemas aquáticos e para a biodiversidade local, mas para uma nova postura dos moradores e moradoras frente ao rio e seu entorno. Inicialmente, alguns proprietários das áreas intervenientes resistiram à participação por temerem que as ações prejudicassem suas atividades, mas graças aos esforços de mobilização social, oficinas e treinamentos recebidos, essa compreensão mudou”, analisou. Caires também enalteceu o histórico de investimentos do CBHSF nos rios afluentes e relembrou os investimentos destinados à região, como a elaboração de planos municipais de saneamento básico e projetos para sistemas de esgotamento sanitário.
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A presidente da ONG Zabumbão e proponente do projeto que foi demandado ao CBHSF, Bárbara Leão, também apontou para uma transição de práticas tradicionais de manejo agrícola para outras mais sustentáveis. “O projeto contribuiu para que fazendeiros que ainda praticavam queimadas nos seus terrenos e irrigação por inundação fossem sensibilizados para os impactos negativos dessas abordagens e para o conhecimento de técnicas mais eficientes e benéficas para os ecossistemas. Nosso entendimento é de que a proteção dos recursos naturais precisa começar pela própria comunidade. Ver esse seminário cheio, com a população local engajada, é muito gratificante”, disse.
José Humberto Porto, proprietário de uma área que é atravessada pelo rio Paramirim, demonstrou o mesmo entendimento. “Fiz questão de participar do projeto e que mais árvores fossem plantadas nas margens do rio. Aos poucos, eu e outros moradores fomos conversando com os proprietários mais resistentes, falando sobre a importância das ações para a proteção do rio. São recursos que devemos cuidar para as próximas gerações”, opinou. O morador também acredita que o cercamento e a sinalização de Área de Preservação Permanente irão inibir práticas como depósito de lixo e queimadas próximas ao rio.
Execução do projeto
Ao todo, foram 28 meses de execução do projeto até a sua conclusão. Paulo Sérgio da Silva, coordenador técnico da Agência Peixe Vivo, ponderou que o período foi necessário para assegurar ações consistentes. “As mudas nativas plantadas foram acompanhadas pela equipe técnica responsável durante 6 meses. Na véspera deste seminário, verificamos que elas estão se desenvolvendo bem, com algumas espécies apresentando mais de 2 metros de altura. Cabe agora à população e às instituições locais darem continuidade e manutenção para a recuperação das matas ciliares do rio”, relatou.
A emergência climática e os desastres ambientais que assolam várias regiões do planeta também foram abordados durante o evento. O representante do INEMA, Alexandre Ataíde, chamou atenção para o alto número de incêndios na região e reforçou que incêndio florestal é crime. “Um incêndio é capaz de destruir em minutos aquilo que levou anos para ser construído”, alertou.
O vice-prefeito de Érico Cardoso, Deivison Azevedo, expressou sua preocupação com problemas ambientais históricos da região. “O desmatamento e a falta de proteção de nascentes – só aqui em Érico Cardoso são mais de 200 nascentes – são temas emergenciais e o município agradece e reforça a parceria com o CBHSF para promover ações que modifiquem essa realidade. Além disso, projetos como esse contribuem para que a barragem do Zabumbão, que abastece milhares de casas, não dependa só da chuva para ter água”, avaliou.
As apresentações realizadas durante o seminário abrangeram o histórico do projeto, informações detalhadas sobre as intervenções promovidas e os cuidados necessários para sua manutenção, sempre destacando a importância do engajamento da população em cada ação.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho
*Fotos: Mariana Carvalho