A última quinta-feira (31) foi recheada de debates realizados durante o I Seminário de Pesca Artesanal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que aconteceu em Penedo (AL). Representantes dos estados de Alagoas, Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Pernambuco ficaram atentos aos temas abordados neste segundo dia de evento.
Dentre os temas abordados estavam “O pescador artesanal e a luta pelos territórios pesqueiros”, “Seguro Defeso dos Pescadores Artesanais na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco” e a apresentação sobre o maior berçário de peixes da BHSF – Lagoa de Itaparica. Além disso, grupos de trabalho foram formados no período da tarde por delegações estaduais para o levantamento das oportunidades e desafios da região.
Herbster Carvalho – representante do IBAMA – foi o primeiro a iniciar a sua apresentação. Ele trouxe informações sobre o maior berçário de peixes da Bacia Hidrográfica do São Francisco – Lagoa de Itaparica. Carvalho citou a visibilidade alcançada pelas ações de resgates dos peixes inicialmente realizada por poucas pessoas e que obteve o apoio posteriormente de uma força-tarefa para salvar alevinos na região. “O resgate foi feito em diversas etapas. Escolhemos e monitoramos os alvos, fizemos o briefing e o debriefing, capturamos e transportamos de forma adequada, realizamos a soltura e depois fizemos a fiscalização na área de soltura para tentar perder menos peixes possível”, disse.
O pesquisador da Universidade Federal de Sergipe, Ticiano Oliveira, abordou o tema “O pescador artesanal e a luta pelos territórios pesqueiros”, um assunto de muito interesse para os participantes que buscam apoio neste sentido. Segundo ele, os 30 conflitos emergentes atingem cerca de 53 famílias e estima-se que a metade seja de pescadores. “Os territórios pesqueiros são territórios de vida. São vários os agentes causadores de conflitos como é o caso dos fazendeiros, empresas públicas e privadas, bem como dos terrenos particulares e as comunidades pesqueiras infelizmente não possuem a titulação de terra e acabam sendo forçadas a tê-las. Acabam enveredando pelo ativismo ambiental involuntário. O seminário realizado pelo Comitê teve o papel de unir os povos da bacia e colaborou para dar início a um planejamento. Cabe todo mundo de forma ordenada e colaborativa a base de uma gestão compartilhada”, explicou.
Outra apresentação importante que ajudou os participantes a tirarem suas dúvidas foi do Roger Rios que representou o gerente executivo do INSS. Ele mostrou as regras para o acesso ao seguro defeso por parte dos pescadores artesanais.
Veja as fotos do evento:
De acordo com Célia Fróes – diretora-geral da Agência Peixe Vivo – esse seminário revelou uma grande surpresa, pois trouxe lideranças de pescadores de vários estados que participaram ativamente dos debates nos dois dias de evento. “Cada um veio com suas demandas para tentar buscar soluções que pudessem ajudar no desenvolvimento de sua região. Os temas das palestras foram especialmente escolhidos de acordo com as necessidades dos participantes, o que ajudou na evolução dos debates. A Agência Peixe Vivo está muito satisfeita, pois foram escolhas de temáticas assertivas e isso vai gerar demandas importantes para os pescadores que futuramente poderão ser transformadas em projetos, e estes projetos sempre visam a melhoria da qualidade e quantidade da água para a produção dos peixes, que são o objeto maior deles. O seminário conseguiu fazer com que todos pudessem trocar experiências, colaborando para replicar vivências boas, positivas”.
Segundo Mizael da Conceição, um dos líderes dos pescadores da Bahia, o seminário ajudou no sentido de aprimorar os conhecimentos a respeito da pesca artesanal. “Aprendemos muito neste evento e pudemos passar um pouco das nossas experiências para outras regiões. Diante dos encaminhamentos deste momento importante e contatos realizados iremos construir na região onde vivemos”.
Fernanda Henn, representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande do Z90 e Z64, do oeste da Bahia, absorveu muitas ideias dos debates que aconteceram e irá passar aos pescadores da sua região as demandas. “Esperamos que os debates amadureçam e que as ideias de projetos possam ser construídas em prol da melhoria da pesca artesanal, meio ambiente e bem-estar dos pescadores”, finalizou.
Ao final dos debates realizados pelas delegações estaduais, cada liderança apresentou suas ideias, demandas e possíveis soluções para a pesca artesanal.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Edson Oliveira