Evento aconteceu entre 24 e 29 de novembro, em João Pessoa (PB)

A cidade de João Pessoa (PB) foi palco do XVII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, entre os dias 24 e 29 de novembro. Ao longo da semana, foram realizadas apresentações orais, conferências, palestras, minicursos, mesas-redondas, visitas técnicas e lançamentos de livros.

O tema central deste ano foi: “Gestão Inteligente dos Recursos Hídricos no Nordeste do Brasil: Utilização de Inteligência Artificial e Big Data para Prever, Mitigar e Responder a Eventos Extremos”.

Durante o evento, foram discutidos tópicos essenciais, no tocante à utilização das tecnologias mais avançadas, a fim de promover a segurança hídrica do Nordeste, bem como de enfrentar os desafios ocasionados pelas mudanças climáticas na região.

Participação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF)

De acordo com Suzana Montenegro, membro titular do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), o evento contou com a participação de mais de 500 inscritos, entre membros da comunidade acadêmica, entidades governamentais, comitês de bacias hidrográficas e demais órgãos ligados à área dos recursos hídricos e questões climáticas.

“Esse é um espaço plural, onde eu tive a honra de proferir algumas palestras, sobre os desafios da gestão de recursos hídricos no Nordeste”, declarou. “Entre os temas debatidos estão: o impacto das mudanças climáticas nos recursos hídricos, que é um tema bastante atual; como também a importância da infraestrutura hídrica na região Nordeste; a inserção do Projeto de Lei nº 4546, que coloca uma ameaça para todo o sistema de recursos hídricos, em relação a alguns pontos”.

“É um grande prazer estar aqui, também, representando o CBHSF”, complementou Suzana Montenegro, que é professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e diretora-presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC).

Veja mais fotos do evento:

Importância da participação do CBHSF no XVII SRHNE

O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, participou como palestrante na mesa-redonda: “Desertificação e Seca: Caminhos para a Sustentabilidade dos Recursos Hídricos no Nordeste”.

Para ele, “este é um momento importantíssimo para o Comitê da Bacia do Rio São Francisco”, pois um evento dessa natureza permite que haja uma integração entre as políticas públicas de bacia e a comunidade acadêmica.

“Tivemos um público bastante acadêmico, com apresentações de professores sobre a desertificação do Semiárido nordestino e brasileiro e também a visão do Comitê”, destacou Cláudio Ademar. Segundo ele, uma das principais propostas é entender “como integralizar essas duas visões e trazer resultados efetivos no combate à desertificação”.

Uma das soluções apontadas por Cláudio Ademar é a busca por apoio internacional em uma política de combate à desertificação no Nordeste. Ele disse que, em 2025, o Plano de Bacia será atualizado, alinhado às mudanças climáticas e em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU); com a questão do resgate de crédito de carbono, com o PSA – Pagamento por Serviços Ambientais.

“Ou seja, políticas públicas que podem ser desenvolvidas para o nosso homem do Sertão, e dessa forma ele possa conservar nossa Caatinga, os nossos recursos hídricos e a relação natureza/sociedade/terra e recursos hídricos”, declarou Cláudio Ademar.

A mesa-redonda foi realizada no dia 28 de dezembro, último dia do evento, tendo como moderador: John Elton, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e como demais palestrantes: Aldrin Martin Pérez Marin, do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e Flávio Nascimento, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Conferência sobre processos hidrológicos no Semiárido

O Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco também foi representado no XVII SRHNE por Abelardo Montenegro, que conduziu a Conferência 07, com o tema: “Dinâmica de processos hidrológicos em bacias hidrográficas do Semiárido”.

Abelardo Montenegro é especialista na Área de Recursos Hídricos e Meio Ambiente e atua como professor do Departamento de Engenharia Agrícola da UFRPE. Ele relatou experiências, apresentou estudos e pesquisas relacionados a recursos hídricos e processos hidrológicos. “Tive a satisfação de proferir uma conferência relacionada a processos hidrológicos em bases hidrográficas, que é um tema muito caro, muito relevante para a nossa região, em particular para o Semiárido”, destacou.

Ele aponta a existência de uma forte conexão do tema com o trabalho realizado pelo Comitê. “Tivemos a oportunidade de enfatizar a importância da gestão participativa descentralizada, o empoderamento das comunidades rurais no sentido da proteção dos recursos hídricos, a diminuição das vulnerabilidades, o convívio com a escassez e com as mudanças climáticas”.

O professor Abelardo Montenegro afirmou que um dos principais temas de debate na atualidade têm sido as Câmaras Consultivas Regionais (CCRs). Como secretário da CCR do Submédio São Francisco, ele ressalta a importância da discussão sobre a conciliação dos conflitos em relação aos usos múltiplos, à matriz energética.

“Percebo a necessidade de se trabalhar na preservação das nascentes, particularmente nas regiões semiáridas, nas pequenas bacias, que são vitais e vêm sendo ameaçadas pelo desenvolvimento, pela a necessidade de se crescer no país com uma matriz energética”, enfatiza o pesquisador.

Abelardo aponta que “é necessário trabalhar com energia eólica, energia solar. Porém, tais ações podem trazer vários impactos negativos aos recursos hídricos, às nascentes e à sociedade em geral. Agradeço ao Comitê pelo apoio e vejo que essa temática precisa ser cada vez mais debatida em nossas reuniões e em nossas plenárias”, concluiu.

Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juliana Brito
*Fotos: Juliana Brito