Passados um ano e meio, as famílias do município de Macaúbas (BA) que foram contempladas com um dos projetos de sustentabilidade hídrica no semiárido, financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco em 2022, relatam as mudanças que a construção de 100 cisternas de 16 mil litros promoveu na vida da população.
Ao projeto inicial de 80 cisternas familiares para consumo no Médio São Francisco, foram acrescentadas outras 20 garantindo segurança hídrica para as comunidades que sofriam há anos com a escassez e a incerteza de quando e como teriam acesso à água. O projeto Colhendo água de chuva e resgatando a cidadania da população do semiárido na bacia do Paramirim foi elaborado pela Associação do Semiárido da Microrregião de Livramento (ASAMIL) e contemplado pelo Chamamento Público CBHSF N° 02/2019, voltado para a sustentabilidade hídrica no semiárido. As famílias dos distritos de Curralinho Santo Antônio, Curralinho São Sebastião e Canto foram selecionadas pela Associação dos Agricultores Familiares e Aposentados de Macaúbas (AAFAM), que considerou aspectos como maior necessidade e estrutura adequada para o funcionamento das cisternas.
A agente comunitária Leidelene Silva dos Santos Fagundes participou da cerimônia de entrega do projeto, quando falou das condições em que as famílias viviam e das dificuldades para ter acesso à água. Segundo ela, o problema mais comum era o armazenamento improvisado e precário. Ela também foi uma das contempladas e hoje revela a mudança de vida. “Cisterna na minha casa sempre foi um sonho e há quase dois anos eu tive o privilégio de ser beneficiada com esse projeto, que tem sido muito bom, porque a gente capta a água da chuva em um reservatório grande que tem toda a encanação pronta. Foi um projeto completo. Hoje, a gente faz a captação no período chuvoso garantindo água na época de seca e usamos para beber, cozinhar, escovar os dentes. Com a cisterna, minha vida mudou muito e mudou para melhor, porque antes eu só tinha um reservatório de 2 mil litros para atravessar a seca toda e não era suficiente. Sofremos muito com água salobra, salgada que não dava para consumir e com essa cisterna a gente fica tranquilo pois tem água suficiente, mesmo na seca”.
De fácil manutenção, as próprias famílias realizam os cuidados necessários para garantir a durabilidade dos equipamentos que também tem servido para atender o consumo animal e para as plantações. “A construção das cisternas, realizada pelo Comitê da Bacia do São Francisco, resolveu nosso problema de falta de água, principalmente na seca, que é muito grande aqui na região do semiárido da Bahia. A gente também usa para criar os animais como galinha, porco, e para molhar as plantas como o alecrim, que serve até para remédio. Por isso a gente cuida bem, a manutenção é fácil e hoje não temos mais falta de água. Estamos muito felizes!”, afirmou José Nunes dos Santos.
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O coordenador da Câmara Consultiva do Médio São Francisco, Ednaldo Campos, lembrou das dificuldades que muitas famílias ainda enfrentam com o acesso à água e destacou que ainda existe uma demanda por mais 2 mil cisternas. “Recebemos o projeto e vimos a necessidade enorme que aquela região enfrenta, onde as pessoas vivem na dependência de carros-pipa e, por vezes, diante da dificuldade, consomem até mesmo água salgada dos poços. Ou seja, é uma situação urgente em que mais de 2 mil famílias ainda vivem. Por isso, o trabalho realizado pelo Comitê é tão importante. Fizemos inicialmente 80 cisternas e depois mais 20, totalizando 100 cisternas que beneficiam mais de 400 pessoas diretamente. Hoje, é gratificante ver o resultado desse trabalho, no qual me empenhei em demonstrar a sua importância à Diretoria do Comitê. Hoje, olhamos para essas comunidades e famílias e vemos que elas vivem melhor. Sinto-me realizado! O pagamento que tenho desse esforço é ver vidas transformadas com cisternas cheias”.
Também contemplado com o projeto, o morador Raimundo Francisco da Silva concluiu: “Nossa vida mudou em tudo, agora a gente tem bastante água potável. Agradeço ao Comitê e a todos os envolvidos, porque foi uma benção na nossa vida essas cisternas. Foi a melhor coisa que já apareceu aqui para nós. Com água a gente tem tudo. Agradeço a todos que trabalharam para mudar nossa vida”.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante