
Após 7 anos de sistema de abastecimento financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, comunidade indígena em Itacuruba (PE) celebra fim do êxodo, escola para 800 alunos e retorno da vegetação
Em uma visita emocionada à aldeia Serrote dos Campos, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, testemunhou o renascimento do povo Pankará. Sete anos após a implantação de um sistema de abastecimento de água financiado pelo Comitê, a comunidade indígena – antes à beira do colapso – hoje exibe prosperidade: escola com 800 alunos, produção agrícola e resgate cultural.
“A água tratada trouxe dignidade”, declarou Maciel, ao relembrar a realidade pré-projeto, quando famílias dependiam de carros-pipa e baldes, enquanto doenças diarreicas assolavam a população. “A cacique Cícera me contou que seu povo estava fugindo do território para não morrer de sede. Hoje, vi fartura, saúde e orgulho”.
O projeto, demandado no Seminário dos Povos Indígenas do São Francisco em 2018, contou com uma cooperação técnica entre o CBHSF, o Distrito Sanitário Indígena, a Funai e a própria comunidade para que ele fosse sustentável. A solução incluiu adutora e tratamento de água que eliminou fontes contaminadas e capacitação da comunidade para gestão autônoma do sistema. Com isso, através de capacitações promovidas pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) nasceu a infraestrutura técnica para produção de hortas e fruticultura irrigadas, além da geração de energia própria e a retomada de práticas tradicionais.
Impacto Visível
Em meio ao semiárido pernambucano, a aldeia exibe transformações radicais. Na saúde, conseguiram a erradicação de doenças de veiculação hídrica; na educação, conquistaram com recursos próprios e mão de obra local construir duas escolas com ensino integral (da creche ao médio); no meio ambiente, a comunidade está recuperando o solo antes altamente degradado e a vegetação está voltando. Além disso, a cultura indígena também ganhou novo fôlego e seus rituais simbolizam a revitalização indígena.
Modelo para a Bacia
O presidente reforçou o compromisso do CBHSF com os povos tradicionais. “Levamos sobrevivência e dignidade. Essa comunidade está de pé porque o Comitê entende que água é vida. O projeto Pankará é prova de que investir em quem cuida da terra gera transformação absoluta”.
Nos últimos anos foram investidos cerca de R$ 20 milhões em comunidades indígenas buscando melhorar, entre outros aspectos, principalmente a qualidade da água.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Acervo pessoal