A Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro) e entidades parceiras realizaram, na noite de ontem (06), no auditório do Senac em Caruaru (PE), a abertura do XVI Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste (SRHNE). O evento acontece em Pernambuco, 30 anos após o primeiro, que ocorreu em Recife. Nesta edição, também houve a abertura do XV Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos Países Língua Portuguesa (SILUSBA).
O evento recebeu os participantes e palestrantes ao som de um trio de forró pé de serra. Logo em seguida, a mesa foi formada por representantes da ABRHIDRO, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), da Prefeitura de Caruaru (PE), da comissão organizadora do SRHNE e do SILUSBA, e de entidades como a APRH, ACRH, Aquashare, ANA, SNRH, Mútua, Chesf, APAC, COMPESA, Ministério do Desenvolvimento Regional e a comissão científica do evento. Representantes dessas entidades se apresentaram e trouxeram pontos importantes a serem debatidos, muito ligados à pauta de recursos hídricos. O tema do simpósio neste ano é “Fortalecendo a capacidade adaptativa em busca da segurança hídrica frente às mudanças climáticas”, e inclui a integração das águas do Rio São Francisco, a revitalização de bacias hidrográficas, a efetividade de ações para o desenvolvimento sustentável e a resiliência dos ambientes urbanos.
De acordo com Maciel Oliveira, presidente do CBHSF, a entidade não poderia ficar de fora deste grande debate. “Jamais deixaríamos de apoiar o SRHNE dada sua magnitude e ampliação do debate juntamente com o SILUSBA. E esta é a oportunidade de apresentarmos a gestão do Comitê, como ele se encontra, o andamento das ações, atividades, desafios e projetos ao longo de todos estes anos. Neste momento estamos com a 5ª Expedição Científica acontecendo, ela que é a maior do país e leva mais de 66 pesquisadores que percorrem o Rio São Francisco realizando análise da água, da fauna aquática, produz muitas ações de cunho socioambiental, saúde, educação e muito mais. Incentivamos a produção científica porque entendemos que o conhecimento é essencial. Acreditamos que precisamos cada vez mais estar presentes em eventos desse porte para estarmos inseridos nos debates a fim de evoluir em busca da melhoria da qualidade da água”, explicou.
O diretor de Operações da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), João Franklin, disse que é uma satisfação para a entidade estar no simpósio. “Não poderíamos estar ausentes até pela ligação com as questões dos debates relacionados aos recursos hídricos. A Chesf é parceira e participa ativamente dos debates de comitês, cumprindo as regras e procedimentos estabelecidos, respeitando os usos múltiplos”. O diretor contou ainda que o Reservatório de Sobradinho foi muito importante para garantir o abastecimento das populações do Médio e Baixo São Francisco no período de longa estiagem, em que o Rio São Francisco ficou com vazão reduzida. “Felizmente a situação atual é bem favorável do ponto de vista hídrico e energético”.
O prefeito de Caruaru (PE), Rodrigo Pinheiro, que também compôs a mesa, reforçou a importância da realização do simpósio no município. “O tema água é de grande relevância, porque este é um item essencial para a sobrevivência da população. Recepcionar pesquisadores que trarão contribuições e alternativas a favor da qualidade da água nos traz um alento. Será uma semana de aprendizado”.
Outra representação do CBHSF é o professor e coordenador da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas (CTAS), Almir Cirilo, que coordena o SRHNE e o SILUSBA. Ele contou que este debate com pesquisadores nacionais e internacionais tem o intuito de trazer ideias acerca da valorização da água e da busca por alternativas de preservação dela. “Ter o Comitê como apoiador e parceiro do evento é primordial e ajudará a trabalharmos melhor os estudos das águas. Precisamos pontuar também a necessidade de um debate sobre as águas subterrâneas. Devemos dar visibilidade a pauta a respeito do assunto para que tenhamos ainda mais pesquisas a fim de encontrar soluções. Por exemplo, no caso das águas subterrâneas o monitoramento é precário e pouco preciso, o que leva as decisões a se basearem mais na experiência de poucos gestores, consultores e pesquisadores. Os grandes usuários deveriam ser monitorados online e os pequenos por amostragem, para que os órgãos gestores tivessem efetivamente maior controle e pudessem decidir com mais critério como a água subterrânea deve ser captada para evitar desperdícios”, completa.
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Programação do evento
Nesta segunda-feira (07) foram iniciadas as mesas redondas e, dentre os temas debatidos pela manhã, estiveram: “Desafios para o abastecimento d’água e esgotamento sanitário no Nordeste” e “Modelação aplicado a Recursos Hídricos face a mudanças climáticas – Aplicações de Geoprocessamento e sensoriamento remoto”. Já pela tarde, os temas foram “Hidrologia e climatologia do semiárido: segurança hídrica frente às mudanças climáticas” e “Tecnologias sociais para fortalecimento da capacidade adaptativa visando o suprimento de água no meio rural”.
Palestra do presidente do CBHSF
Maciel Oliveira ministrou uma palestra nesta terça-feira (08), no auditório 02, das 10h às 12h, sobre “A cobrança pelo uso de recursos hídricos e a execução de programas e projetos no âmbito da bacia hidrográfica do Rio São Francisco”.
Durante a sua apresentação, Oliveira destacou uma das ações mais importantes do Comitê, os Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB), que já se encontram finalizados e em execução em várias cidades da bacia, e também os projetos de requalificação ambiental realizados pelo Comitê através da cobrança pelo uso de recursos hídricos. “Além destas duas ações, que são os carros-chefes do Comitê, fizemos também o Modelo de Gestão do Canal do Sertão Alagoano, que entregamos ao Governo do Estado de Alagoas. É um projeto de grande relevância e que trará benefícios aos usuários das águas do Rio São Francisco. É de suma importância mostrar tudo que estamos realizando em nossa gestão. Os membros, cada um em sua área, estão tratando em suas Câmaras Técnicas, de assuntos específicos que irão colaborar para a construção de um rio São Francisco melhor em qualidade de água. Ressalto que, enquanto presidente, represento todos os interesses relativos ao Velho Chico e é necessário mantê-lo preservado”, pontuou.
O superintendente do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), Humberto Cardoso, que participou ativamente da palestra, ressaltou: “Acompanhamos diariamente as ações e ficamos muito satisfeitos em ver que há sim um comprometimento muito forte do CBHSF com a qualidade e quantidade de água da bacia. As ações apresentadas são importantes porque estão trabalhando com a base do sistema, que são as comunidades que se encontram impactadas pelo desenvolvimento desorganizado. Manter o alinhamento e conhecer em detalhes as ações é essencial para que a gente possa divulgar e demonstrar em todo o sistema como que os usuários da bacia, quando se reúnem no Comitê, conseguem decidir o que querem e precisam para trabalhar”, finalizou.
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Irão acontecer também mesas redondas que terão como temas: “Águas Urbanas: Como melhorar a capacidade adaptativa para Redução de alagamentos e inundações” e “Experiência Internacional na Capacidade Adaptativa para Gestão de Recursos Hídricos”. No período da tarde desta terça-feira, os temas abordados serão: “Fortalecendo a capacidade adaptativa frente às mudanças climáticas” e “Segurança de barragens: Desafios técnicos e desafios regulatórios”.
Além dos estandes do CBHSF, Future, ABRHidro, Compesa, Chesf, ANA e Mútua – PE, que encontram-se no simpósio e trazem um pouco de suas trajetórias, há mesas redondas, sessões técnicas, conferências e submissão de trabalhos científicos, atividades que ocorrerão até a sexta-feira (11).
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Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Deisy Nascimento; Pedro Vilela