A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) realizou, na manhã da última terça-feira (05/10), a videoconferência mensal que tem o intuito de discutir as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco. Os representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) apresentaram os relatórios com previsões para o mês de outubro de 2021.
Inicialmente, o superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, ressaltou a situação atual, que transcende a condição dos anos anteriores devido à grave crise hídrica pela qual o país está passando, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Por isso, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco foi chamado para colaborar com solidariedade hídrica nesta questão. “Estamos acompanhando com muita atenção a situação da crise hídrica e iremos fazer o melhor para minimizar a crise. Aproveito a ocasião e parabenizo Maciel Oliveira e demais diretores pelo resultado da eleição para o Comitê”.
O técnico do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) apresentou as previsões e projeções para o mês de outubro de 2021 na bacia do São Francisco. Segundo o técnico, como esse é um período que chove pouco, a área da bacia ficou com pouca chuva, ou seja, próxima da média. Em síntese, de acordo com os gráficos, há uma sinalização positiva de chuva para a próxima semana e até o final de outubro a previsibilidade diminui.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou as condições hidroenergérticas atuais. O reservatório da UHE Três Marias está, atualmente, com armazenamento verificado abaixo dos 60% de volume útil, posicionando-se na Faixa de Operação Atenção. Nessa faixa, as restrições de defluências máximas médias mensais seguem o estabelecido nas curvas de segurança (ONS NT 0113/2020). Entretanto, devido a necessidades hidroenergéticas do SIN, há a possibilidade de ser praticado na UHE Três Marias a defluência máxima média mensal flexibilizada pela CREG, na reunião de 31 de agosto. Em Xingó por estar, atualmente, com armazenamento inferior a 60% de volume útil, o reservatório de Sobradinho encontra-se posicionado na Faixa de Operação de Atenção. Nessa condição, conforme estabelece a resolução 2.081/2017 da ANA, a defluência mínima média diária da UHE Xingó é de 800 m3/s e a máxima média mensal segue o estabelecido pelas deliberações da CREG. As premissas de defluências médias em Sobradinho considerando os usos consuntivos mais a evaporação da água no trecho Sobradinho-Xingó, visando o armazenamento de Itaparica em valor maior ou igual a 30%. As defluências também objetivam manter o reservatório de Sobradinho com volume útil superior a 15%.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, durante a sua fala fez a leitura do ofício elaborado pelo CBHSF e encaminhado ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. No ofício, o Comitê manifesta grande preocupação quanto à forma como vem sendo realizada a operação dos reservatórios para aproveitamento hidrelétrico na bacia hidrográfica do rio São Francisco, elevando o risco de crise hídrica na citada bacia e falta de água para atendimento aos seus usuários se as chuvas do período úmido atrasarem e não forem satisfatórias (leia o ofício aqui). “Encaminhamos o ofício também à ANA, CHESF, CEMIG, governos e secretarias estaduais de Meio Ambiente e ao ONS. Como os senhores observaram, a nossa maior intenção é salvaguardar a resolução que foi criada e debatida por esse grupo, em conjunto, durante essas reuniões que são muito bem conduzidas”, disse Maciel.
O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, Anivaldo Miranda, reforçou a importância do envio dos ofícios às autoridades e ressaltou a necessidade de todos olharem para o futuro.
“Não estamos vivenciando tempos normais em se tratando da crise hídrica e precisamos criar meios para minimizar os danos ao rio São Francisco. A bacia do São Francisco tem peculiaridades que a diferenciam das demais e é fundamental encontrar soluções que não prejudiquem ainda mais o ecossistema. Todas as médias históricas do ano, por exemplo, encontram-se abaixo da expectativa, de acordo com a apresentação do CEMADEN, e é necessário agir”, disse.
Miranda falou, ainda, que a diretoria do CBHSF decidiu formar um grupo de trabalho. “Com o aval do presidente fizemos o grupo para que os membros do Comitê possam se inserir em um cenário mais amplo, onde também serão buscados os nossos dados e projeções autônomas, pois não podemos ficar só na dependência dessa condução centralizadora, com todo respeito ao ONS. É um usuário importante para a economia do País, mas os outros também são igualmente necessários no processo. Lembro da necessidade de refletirmos que o rio é um ecossistema e precisamos cuidar. Essas oscilações críticas adiam toda consideração relativa à qualidade das águas e das vidas aquáticas. Seguiremos aguardando e na expectativa de que seja devolvida à Agência Nacional de Águas o protagonismo que ela deve ter para liderar esse processo com uma sensibilidade muito maior, visto que ela é a que tem mais distância no contexto dos usuários, com o bom senso de harmonizar todos os interesses”, finalizou.
A próxima reunião está marcada para o dia 03 de novembro, a partir das 10h. Esta videoconferência que avalia as condições hidrológicas da bacia do Velho Chico ocorre na sede da Agência Nacional de Águas, em Brasília (DF) e é transmitida para os estados da bacia. Desta reunião participam o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), usuários, governo, irrigantes, entre outros.
Link para acesso a 10ª reunião da ANA:
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Foto: Léo Boi