A gestão dos recursos hídricos de forma equivocada e irresponsável no País é um dos motivos para a chamada crise hídrica, que atinge o Brasil de forma severa há pelo menos seis anos. A afirmação, do presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, foi dada nesta quinta-feira (28 de março) no município alagoano de Barra de São Miguel, durante o III Festival Cultural das Águas e II Fórum Alagoano das Águas. O evento reúne prefeitos, secretários municipais e outros gestores até o próximo dia 31.
Miranda apresentou as experiências de gestão do CBHSF e, para reforçar sua afirmação sobre a necessidade de gestão competente dos recursos hídricos, citou o exemplo do estado do Pará, onde não existem comitês de bacia formados e em atividade, mesmo sendo um estado com grande capacidade hídrica. “O Amazonas tem situação parecida. Os governos ainda não entendem a competência dos comitês e o papel articulador dos colegiados. Os comitês são a primeira instância para a resolução de conflitos e não querem enxergar esse papel”, explicou ele. O presidente do CBHSF defendeu a necessidade de implementar a cobrança pelo uso da água bruta.
Sobre modelos de gestão das águas, Anivaldo Miranda citou o exemplo do Canal do Sertão, considerada a maior obra hídrica do Estado de Alagoas. “É uma construção importante, sem dúvida. Entretanto, mesmo depois do longo investimento feito pelo governo alagoano, não houve a definição do modelo de gestão”, afirmou.
Miranda apresentou sugestões a representantes de comitês estaduais e secretários municipais com vistas ao fortalecimento de comitês e busca de recursos com base no que preconiza a legislação, entre outros, bem como orientou como uma das principais iniciativas, a elaboração de planos de recursos hídricos pelos colegiados.
Antes da palestra do presidente do CBHSF, a secretária de Meio Ambiente do município de Roteiro, Jéssica Oliveira Cavalcante e o coordenador ambiental da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Campo Alegre (AL), Rosevaldo Luiz, apresentaram experiências exitosas na gestão.
O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Campo Alegre, Leonardo Monteiro, destacou que o evento é importante por difundir as experiências das gestões. “Participo do evento desde a primeira edição e tem crescido a cada ano. É a oportunidade de mostrar ao setor produtivo, que também participa das atividades, que o meio ambiente é parceiro e nunca uma ameaça”, afirmou. Elizabeth Lopes, uma das organizadoras da programação, avaliou a iniciativa como positiva. “Trouxemos prefeitos numa quantidade superior ao que esperávamos e uma audiência qualificada, o que é importante”, enalteceu Elizabeth.
Veja as fotos da apresentação:
O III Festival Cultural das Águas e II Fórum Alagoano das Águas acontece desde o dia 21 de março e termina no último dia do mês. A programação envolve atividades diversas, dentre as quais esportivas, artísticas e sociais, inclusive com shows musicais. Desde o início, prefeitos, secretários municipais e estaduais participam dos debates e discussões, com temáticas relacionadas a preservação dos recursos naturais, exposições e visitas técnicas, entre outros.
O assessor técnico da Peixe Vivo, agência delegatária do CBHSF, Manoel Vieira, também participou da palestra realizada na região Sul de Alagoas.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Delane Barros
Foto: Delane Barros