O jornalista e ambientalista, Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) participou de uma live no Instagram da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL) juntamente com o Emerson Soares, professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) que coordena o Programa de Monitoramento Aquático de Alagoas e a Expedição Científica do Rio São Francisco. O tema da live que aconteceu na terça-feira (20) foi “Rios e Mangues: por que eu devo me importar?”.
Anivaldo Miranda afirmou que quando se trabalha a ciência de forma que ela seja entendida pelo grande público, busca-se mudar comportamentos. “Aprendi que não é a natureza que precisa ser salva, mas sim a espécie humana, mudando radicalmente a sua forma de encarar a relação com o ambiente natural e se conscientizando de que nós fazemos parte da cadeia de seres vivos do nosso planeta. Só poderemos existir se nós também preservarmos as outras diversidades de forma de vida. É essa a percepção que as pessoas precisam ter”, disse.
Para o presidente do CBHSF destruir as áreas de manguezais é inadmissível. “Os manguezais são ecossistemas de grande importância no equilíbrio ecológico, sendo um berçário favorável para o desenvolvimento de muitas espécies de animais e plantas. No Brasil, os manguezais estão distribuídos em quase todo o litoral, do Amapá a Santa Catarina. No entanto, estão seriamente ameaçados pela expansão urbana, obras de engenharia, lixões, marinas, aterros e cultivo de camarão. De todos os ecossistemas, o manguezal é um dos mais produtivos e também o mais vulnerável aos efeitos do desenvolvimento econômico e do crescimento desordenado das populações humanas”, afirmou.
Os manguezais protegem as áreas de terra firme contra tempestades e ações erosivas das marés; retenção de poluentes; retenção de sedimentos finos carreados pelas águas, favorecendo a manutenção dos canais de navegação; manutenção e conservação de estoques pesqueiros do estuário, recreação e lazer (pesca esportiva, turismo ecológico), entre outros.
Emerson Soares esclareceu que o valor dos manguezais está na produção e exportação de detritos orgânicos para as águas estuarinas. “Os detritos em suspensão nas águas, compostos principalmente por fragmentos de folhas de mangue, formam a base alimentar de diversas espécies de caranguejos, camarões e peixes. Devido às condições que oferecem, os mangues são considerados ecossistemas altamente produtivos, garantindo alimento, proteção, condições de reprodução e crescimento para muitas espécies de valor comercial”, esclareceu.
No Brasil os mangues são protegidos por legislação federal, devido à importância que representam para o ambiente marinho. São fundamentais para a procriação e o crescimento dos filhotes de vários animais, como rota migratória de aves e alimentação de peixes. Além disso, colaboram para o enriquecimento das águas marinhas com sais nutrientes e matéria orgânica.
Emerson Soares também falou da saúde do rio São Francisco e dos resultados da terceira expedição. “Temos uma situação que nos preocupa, pois há nove hidrelétricas que seguram as águas do rio São Francisco, então esse movimento de águas quando chegam em Xingó e Sobradinho que seguram parte dessa água transforma consequentemente o sistema lótico em lêntico. Isso acarreta uma série de complicações para o baixo São Francisco. Costumamos dizer que o baixo São Francisco recebe todos os aportes de problemas que vem lá de cima e é uma pena que uma região que representa menos de 7% de toda bacia seja culpada pelos problemas advindos de outras regiões. Infelizmente estamos vivenciando desastres que estão sendo somatizados com metais pesados, mineração, desmatamento, assoreamento, retenção de água, além das dificuldades de anos com seca. Devemos lembrar que não estamos jogando água para o oceano. A água é essencial para os ribeirinhos, manguezal e favorecem a pesca do camarão na foz do rio São Francisco, por exemplo”, pontuou.
Para ter acesso ao bate-papo com o Anivaldo Miranda e o Emerson Soares na íntegra sobre o tema “Rios e Mangues: por que eu devo me importar?” acesse o Instagram @fapeal.br
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Texto: Deisy Nascimento