Presidente do CBHSF participa de debate sobre água como insumo para a geração de energia

27/09/2019 - 19:23

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, participou do workshop “Água: insumo para as fontes de geração de eletricidade?”, realizado pelo Instituto Escolhas, no dia 26 de setembro, em São Paulo (SP).


Uma pesquisa do Instituto Escolhas analisa se a água deve ser tratada como insumo pelo setor elétrico e, nesse caso, qual seria o custo adicional a ser atribuído a cada fonte e ao sistema. A água é um elemento central para algumas fontes de geração de energia elétrica no Brasil, o que muitas vezes pode afetar diretamente o ciclo da água na localidade onde usinas estão instaladas. Entretanto, se as externalidades e todos os custos envolvidos ao uso desse recurso fossem incorporados no planejamento do setor, impactos dos mais variados, sobretudo conflitos pelo uso da água, poderiam ser amenizados ou evitados.

Anivaldo Miranda esclarece que a bacia hidrográfica do Rio São Francisco é objeto da pesquisa do Instituto Escolhas. “O workshop reuniu pessoas qualificadas, mas de diferentes linhas de inserção como especialistas do setor elétrico, academia, órgãos reguladores, Comitês de bacias e outras organizações da sociedade civil. A bacia do São Francisco é objeto da pesquisa do Instituto Escolha. Foi um encontro proveitoso para discutir em torno da precificação da água enquanto recurso a cada dia mais demandado e impactado pelas ações humanas”.

A bacia do São Francisco possui nove usinas hidrelétricas que merecem destaque. São elas: Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso (Paulo Afonso I, Paulo Afonso II, Paulo Afonso III, Paulo Afonso IV, Moxotó) e Xingó.

Anivaldo Miranda acrescentou ainda que os estudos apresentados pelo gerente da PSR Soluções e Consultoria em Energia, Tarcísio Castro, e Gerd Angelkorte, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsáveis pela execução da pesquisa, destaca a fragilidade dos processos de monitoramento da qualidade e quantidade de água. “Existe uma necessidade de sofisticar mais os dados da gestão hídrica para que os instrumentos de gestão possam ser implementados”.

Sobre a motivação do levantamento, os especialistas destacaram como eventos climáticos extremos – secas e cheias severas – e o aumento de uso da água para produção agrícola, principalmente irrigação, têm afetado bacias hidrográficas e todo Sistema Interligado Nacional (SIN), que congrega o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil. Posteriormente, apresentaram a metodologia que cria o “custo de oportunidade” para cada usuário de água, o que indicaria o valor que cada fonte de energia deveria pagar pelo uso do recurso.

O custo de oportunidade é um termo usado em economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou como explicou Gerd, o valor da próxima melhor escolha que poderia ter sido tomada para um investimento. “No caso do nosso estudo, calculamos o custo de oportunidade de deslocar o montante de água destinada à agricultura para a geração elétrica, chegando a novas tarifas que poderiam ser aplicadas no setor, e que estão muito distantes das praticadas hoje”, explica .

Tarcísio, entretanto, ressaltou que o objetivo do levantamento não é a criação de uma nova metodologia de precificação da água para as diversas fontes de geração elétrica, nem para seus diferentes usos. “As metodologias propostas neste projeto, bem como os seus resultados, são apenas um ponto de partida para as discussões sobre esse tema”.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio