Cerca de 60 representantes de povos tradicionais, entre quilombolas e comunidades de fundo de pasto, facho de pasto e vazanteiros, participaram nesta segunda-feira, 06/04, da oficina setorial do processo de atualização do Plano de Bacia do rio São Francisco. O encontro aconteceu na cidade de Bom Jesus da Lapa e foi organizado pela Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, instância do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, e pela Nemus Consultoria, responsável pela atualização do plano decenal que traçará metas e programas para a gestão do rio até 2025.
“Esse talvez seja o segmento mais politizado em termos de preocupações com a preservação do rio, pois os povos e comunidades tradicionais possuem uma relação intrínseca com o meio ambiente, formada pela necessidade de sobrevivência e pelo convívio com a natureza”, destacou Samuel Britto, mobilizador da Articulação Popular do São Francisco, que ressaltou a dificuldade de muitas comunidades terem acesso a informações sobre seus direitos e sobre os marcos legais mais recentes.
Divididos em grupos, os participantes discutiram e elencaram problemas, soluções e desafios para a bacia. A inclusão nos currículos escolares da educação ambiental, de forma transversal e contextualizada, foi uma das propostas do grupo do qual fez parte João Conceição dos Santos, de Sítio do Mato, secretário do Conselho Estadual de Povos Quilombolas. “É preciso a conscientização de todos para a situação crítica do rio”, disse.
O agricultou Remir José dos Santos, da Agrovila de Serra do Ramalho, também defendeu como grande desafio a conscientização ambiental, por meio de um forte trabalho de educação. “Precisamos conscientizar a todos e , especialmente, os órgãos governamentais que deveriam estar integrados na luta para manter o equilíbrio ambiental”, destacou, apontando a ausência de diversos órgãos de meio ambiente na oficina.
Esta é a primeira das quatro oficinas setoriais dos Povos Tradicionais e Indígenas da Bacia do São Francisco. As próximas oficinas deste segmento serão em Pirapora-MG, em 05 de maio; Porto Real do Colégio-AL, em 14 de maio; e em Petrolândia-PE, ainda sem data definida. Além de ter uma oficina específica para discutir seus temas, os representantes dos povos e comunidades tradicionais também podem participar dos debates nas outras oficinas setoriais, de aspectos que atingem suas vidas como agricultura, mineração, saneamento etc. “É preciso estar presente nestes encontros para fazer valer nossa voz e trazer o contraponto na visão os povos tradicionais. O maior desafio será ter vontade política para tornar esse plano efetivo”, defendeu Aristóteles Gomes de Sá, da comunidade do Tomba, em Paratinga-BA.
Diversas cidades do Médio São Francisco estiveram representadas na oficina como Correntina, Carinhanha, Riacho de Santana, Sítio do Mato, Malhada, Santa Maria da Vitória, Paratinga entre outras, além de órgãos governamentais, como o Inema e SAAE, e organizações sociais como o MST, CPT e o Conselho Estadual de Povos Quilombolas.
Veja o calendário completo das ações para atualização do Plano de Bacia do Velho Chico.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF