Participantes de videoconferência da ANA conhecem estudos sobre o Baixo São Francisco

04/09/2019 - 7:37

A videoconferência mensal, promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF), para discutir as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco, contou com a participação de pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que realizaram estudos sobre o chamado rio da integração nacional. Três estudos foram realizados pela instituição e apresentados na reunião. A videoconferência é transmitida para os estados inseridos na bacia e também conta com a participação de usuários da água bruta do rio.


A professora Vânia Palmeira Campos apresentou o estudo intitulado “Caracterização química/geoquímica de sedimentos do baixo curso do rio São Francisco”, realizado pela estudante Elisangela Costa Santos, da UFBA, com a finalidade de avaliar impactos ambientais. Nele, foram analisadas amostras coletadas em municípios de Alagoas e Sergipe, que alerta para a necessidade de um monitoramento constante na região do Baixo São Francisco e comprova que a redução da vazão defluente é mais sentida, em termos da qualidade dos sedimentos, pelas localidades mais próximas à foz, onde ocorre maior acúmulo de matéria orgânica, fertilizantes e outros elementos.

A professora Yvonilde Medeiros, ao lado da professora Vânia Campos, apresentou o estudo intitulado “Efeito da redução da vazão de restrição defluente da barragem de Xingó na salinidade da água no baixo trecho do Rio São Francisco”, produzido pela estudante de pós-graduação Sândira Lívia Moraes Fonseca, a fim de avaliar os impactos das reduções da vazão do Velho Chico. O trabalho identifica os pontos de monitoramento feito pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Em virtude da forte estiagem que atingiu a bacia do São Francisco durante cinco anos, a alternativa encontrada pelo sistema elétrico foi reduzir as defluências do rio.

O levantamento apontou que após as reduções de vazão em 2013, os pontos mais afastados da foz, passaram a apresentar o mesmo comportamento do ponto mais próximo da foz, mostrando a forte influência da redução das vazões defluentes, evidenciando o avanço da cunha salina. O trabalho acadêmico também recomenda o monitoramento constante, entre 13 e 24 horas diárias, para acompanhar a qualidade nos pontos de captação de água.

O trabalho também sugere que, a partir da compreensão dos resultados obtidos, seja realizada simulação hidrodinâmica e de qualidade da água, de forma a contribuir com a tomada de decisão dos órgãos gestores, além de contribuir com a disseminação do conhecimento, contribuindo com uma gestão de água social e ecológica, mesmo em períodos de escassez.

O último trabalho apresentado foi produzido por aluna de mestrado, com o tema “Avaliação dos efeitos da operação de reservatórios na qualidade de água, considerando alterações das condições de restrição de defluência mínima”. Produzido pela mestranda Kátia Núbia Chaves Santana e orientado pela professora Yvonilde Medeiros e co-orientado pela professora Andrea Sousa Fontes, o objetivo foi avaliar os efeitos da alteração das condições de operação do reservatório na qualidade de água, destinada ao abastecimento para consumo humano e à proteção das comunidades aquáticas, no baixo trecho do rio São Francisco.

O trabalho apresentado na videoconferência conclui que há a recomendação de que a diferença na qualidade da água foi maior entre os períodos climáticos, ano úmido e ano seco. Também confirma a existência de água salobra para abastecimento humano a partir da foz do rio, em Piaçabuçu, Alagoas. O estudo também recomenda o acompanhamento permanente da qualidade de água do São Francisco.

PREMISSAS

Ainda durante a videoconferência, a equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou o relatório de monitoramento, previsões e projeções para a bacia do São Francisco. O levantamento aponta que para os próximos sete dias não há previsão de chuva na bacia hidrográfica, bem como não há perspectiva dos fenômenos El Niño ou La Niña, que poderiam alterar a precipitação na bacia.

A equipe do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou as condições hidrológicas da bacia. A recomendação continua mais confortável com relação à bacia do Velho Chico. De acordo com os estudos, a defluência em Sobradinho, na Bahia, deverá ser de 944 metros cúbicos por segundo (m³/s) no mês de outubro e de 950 m³/s em novembro.

Em relação ao reservatório de Três Marias, em Minas Gerais, a recomendação do ONS é da prática de defluência de 450 m³/s até o final de novembro, além da permanência da vazão de 800 m³/s em Xingó (AL).

O recém-empossado presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), engenheiro Marcelo Andrade Moreira Pinto, aproveitou a reunião para se colocar à disposição e contribuir no que for necessário para a manutenção do São Francisco.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, acompanhou a videoconferência no escritório do colegiado, em Maceió (AL). Ele destacou como “significativa” a presença do novo presidente da Codevasf e ressaltou que é importante a participação do novo gestor nas videoconferências, pela manutenção do São Francisco.

Miranda destacou a importância da sala de reunião e que se trata de um momento positivo. “Mesmo não sendo ainda o cenário ideal, é fato que a bacia do São Francisco está num momento mais tranquilo. Reconhecemos que é o cenário possível e que foi construído de forma participativa e conjunta desta sala de situação do São Francisco. A própria bacia está muito mais amadurecida, até mesmo para enfrentar as adversidades”, finalizou o presidente do CBHSF.

A próxima reunião para avaliação das condições hidrológicas do Rio São Francisco será realizada no dia 7 de outubro, a partir das 10h, na sala de reuniões da ANA e transmitida, novamente, por videoconferência. Dela, participam todos os usuários envolvidos na questão da gestão hídrica do Velho Chico, a exemplo do poder público, governo, irrigantes, Marinha, entre outros.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Delane Barros
*Foto: Bianca Aun