Com o objetivo de discutir e apresentar experiências que contribuem para a sustentabilidade hídrica no Semiárido, região com pouca ocorrência de chuva e clima seco, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) está promovendo no sertão de Pernambuco, cidade de Petrolina, a Oficina de Sustentabilidade Hídrica do Semiárido. O evento traz na sua programação diversas abordagens que exemplificam ações de convivência.
A oficina foi aberta com a presença dos coordenadores das Câmaras Consultivas Regionais do Submédio e Médio São Francisco, e representantes das outras duas regionais; Alto e Baixo São Francisco. A abertura oficial contou com a transmissão da fala do Presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, que ressaltou a importância do evento para a construção e continuidade dos diálogos dentro do Comitê em relação ao Semiárido. “A região do Semiárido tem enorme potencial de desenvolvimento e o Comitê entende que viabilizando a abordagem correta integrando tecnologia, água e a experiência humana torna viável a convivência. Então, é a partir dessa oficina que serão geradas orientações que continuarão a nortear as ações e projetos do CBHSF”, destacou.
Após a apresentação da estrutura e organização do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco feita pela coordenadora da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP), Ana Catarina, o espaço foi aberto ao tema Manejo de Água na região do Semiárido, tendo como palestrante o representante do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Johann Gnadlinger. Com destaque para o processo urgente de gestão da água no Semiárido, Gnadlinger indica como caminho o respeito à natureza e ao povo com seus costumes e cultura, associado às tecnologias de economia. “O sertanejo precisou desenvolver ao longo dos tempos mecanismos de captação de água para garantir sua sobrevivência e hoje o Semiárido dispõe de diversas tecnologias que atuam de maneira sustentável garantindo que o povo não precise sair da sua terra”, afirmou.
Com a irregularidade da precipitação na região, o palestrante fez um paralelo da média de chuva na região de Juazeiro, no norte da Bahia e na bacia do Rio São Francisco. A abordagem focou a gestão de água que está sendo feita de diversas maneiras a exemplo da água superficial, da chuva, águas subterrâneas, solo, vegetação e evapotranspiração. O Irpaa estabelece como meta soluções eficazes de convivência com a seca através de cisternas e outras tecnologias respeitando as características do povo e da terra.
Veja as fotos da primeira parte do evento:
Energia solar: aplicações
A professora Olga Vilela, do Centro de Energia Solar da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), criado em 1978, afirmou que estando o Brasil em uma área de muita exposição solar e tendo muita disponibilidade desse recurso, ainda faz pouca utilização da energia solar. Suas aplicações são em maior escala atualmente em hotéis, hospitais, restaurantes, por exemplo. Mas também é possível em secagem solar para frutas e legumes, calor de processo como em pasteurização, além dos fogões solares.
Na região, foi instalada em 2018 uma usina flutuante na cidade de Sobradinho (BA). O mecanismo consiste na implantação de diversos sistemas e componentes que além de subsidiar pesquisas do potencial energético da região visa também agregar energia às atuais fontes de geração. O projeto, no âmbito do P&D+I (Pesquisa e Desenvolvimento + Inovação), objetiva resultados mediante estudos técnicos, simulações e análises operacionais.
Em menor escala, a energia solar que contribui com a preservação ambiental por ser considerada energia limpa, estão as residências e projetos agro que utilizam da tecnologia também para redução de custos.
E mais …
Com a abordagem sobre a Agricultura Sustentável em Clima Semiárido, o representante da Organização Não Governamental Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia (Agendha), Maurício Aroucha encerrou a manhã de palestras apontando as experiências desenvolvidas com foco na conservação da Caatinga e incremento de renda.
A instituição atua com agricultores, povos originários e comunidades tradicionais e suas Organizações Socioprodutivas, além de movimentos sociais, redes e articulações, por meio de equipe multidisciplinar, com ênfase nas relações agroecológicas, socioambientais, socioprodutivas, de gênero e gerações. A organização já trabalhou para a implantar e adaptar tecnologias sociais de acesso à água, articulando políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, segurança hídrica e energia renovável.
“Foi uma manhã proveitosa com palestras de muito nível envolvendo as comunidades que devem sempre estar inseridas no processo e por isso podemos levar essas experiências para mais localidades, mostrando como é possível o desenvolvimento do Semiárido”, afirmou o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago de Sobradinho, Ivan Aquino.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Fotos: Marcizo Ventura