Figurando entre os projetos prioritários do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a revitalização da Lagoa de Itaparica avançou em mais uma etapa nos dias 10 e 11 de março, quando foram definidos os locais de “bota espera” e compostagem das macrófitas a serem retiradas da lagoa. Parte do projeto executivo de limpeza da Lagoa de Itaparica, a ação irá produzir toneladas de composto orgânico a serem doados para agricultores que habitam no seu entorno.
O projeto de “bota espera” está entre os sete produtos a serem entregues pela empresa INOVESA ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), sob supervisão da Agência Peixe Vivo. A empresa, que é responsável pela elaboração do projeto executivo de limpeza da lagoa, enviou uma equipe multidisciplinar que esteve em Xique Xique entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, realizando os levantamentos necessários para embasar tecnicamente o projeto. Na ocasião foi constatado o problema da grande quantidade de macrófitas na localidade – espécies invasoras que ameaçam a biodiversidade, sendo recomendada a remoção ordenada e o seu manejo adequado.
Para definir o local apropriado de destinação e o melhor aproveitamento dessas espécies (processo chamado de “bota espera”), o engenheiro ambiental Luiz Barros realizou visita técnica aos municípios de Xique Xique e Gentio do Ouro nos últimos dias 10 e 11 de março, acompanhado do coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco, Ednaldo Campos, dos representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Xique Xique, Roberto Rivelino, Eliet Bonfim de Souza e Edson Rodrigues dos Santos e do secretário de Meio Ambiente de Gentio do Ouro, Paulo Henrique de Oliveira Soares. “Tendo em vista os estudos elaborados pela INOVESA, a solução considerada mais adequada é a retirada das macrófitas e a limpeza parcial do espelho d’água. As macrófitas possuem grande potencial de uso como adubo orgânico, via compostagem, que é o que faremos em três localidades selecionadas nesta visita técnica”, explicou Barros.
Na visita do dia 10, a equipe percorreu a zona rural de Xique Xique e pontos estratégicos nos povoados de Lagoa dos Gomes e Saco dos Bois foram definidos para a compostagem das macrófitas. Os presentes também dialogaram com a população local sobre essa e outras medidas necessárias para a revitalização da Lagoa e seu entorno. Francisco Nunes dos Anjos, morador de Saco dos Bois e uma das lideranças da região, destacou a importância da adequação das atividades humanas, notadamente a extração da carnaúba, às características ambientais da área: “Aqui estamos em uma Área de Preservação Ambiental (APA) e, sem fiscalização adequada, o carnaubal e o areal estão ameaçados. Temos muito potencial econômico aqui que poderia ser melhor aproveitado pelos próprios moradores”, disse.
Veja as fotos da visita:
“Solicitamos que nesse projeto constem indicações de soluções técnicas a serem desenvolvidas com a comunidade local, como cursos de capacitação sobre a extração da cera da carnaúba e outros, com o objetivo dos moradores se autogestionarem, preferencialmente formem uma cooperativa”, observou Ednaldo Campos. Entre as demandas apresentadas pela população local também estão o financiamento de equipamentos para a cooperativa, EPI’s e a construção de hortas comunitárias.
O terceiro local selecionado para a compostagem das macrófitas, além dos supracitados, foi o povoado de Buriti, na zona rural de Gentio do Ouro – a Lagoa de Itaparica está localizada na margem do Rio São Francisco, abrangendo os municípios de Xique-Xique e Gentio do Ouro. O secretário Paulo Henrique Soares, que esteve presente na visita técnica do dia 11, destacou a ação conjunta de diversos órgãos para a recuperação daquela que é o maior berçário natural do Rio São Francisco: “Estamos empenhados, afinados com o CBHSF e as demais instituições envolvidas, em contribuir ativamente para a revitalização da Lagoa de Itaparica, cientes da sua magnitude e importância para o desenvolvimento da nossa região”.
Após a visita de campo do dia 11, os presentes estiveram reunidos para apresentação do Projeto Básico de Limpeza da Lagoa de Itaparica, conduzida com riqueza de detalhes técnicos pelo engenheiro Luiz Barros. Barros reforçou que o diagnóstico realizado pelos profissionais da empresa contratada concluiu, a partir de uma análise multicritério, que a retirada das macrófitas e seu posterior aproveitamento é a melhor alternativa custo-benefício para o objetivo do projeto. A compostagem dessas espécies irá produzir um composto orgânico com potencial para uso agrícola, benéfico para a estrutura do solo e eficiente como fertilizante. O material será disponibilizado para a população local e para estudos científicos.
Roberto Rivelino destacou que o projeto ora em curso é mais uma etapa dentro da cadeia de ações que vêm sendo tomadas desde 2017, quando a situação da lagoa ganhou status de desastre ambiental: “Não queremos mais vê-la naquela situação e para isso o conhecimento científico é fundamental. Temos agora um diagnóstico mais aprofundado, que inclusive contrariou muitas intuições que tínhamos sobre o problema de assoreamento da lagoa. É um documento precioso que nos permite orientar melhor nossas ações”. A expectativa é que a INOVESA conclua a entrega dos produtos ainda em março deste ano e que a beleza desse singular espelho d’água no semiárido nordestino siga impressionando seus visitantes por muitas gerações.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto e fotos: Mariana Carvalho