Abordando o modelo de gestão participativa dos recursos hídricos na bacia do Velho Chico, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, fez uma explanação hoje (03.04) durante II Conferência Internacional sobre Cooperação pela Água, Energia e Segurança Alimentar em Bacias Transfronteiriças , que vem acontecendo no Rex Hotel, na cidade Ho Chi Minh (antiga Saigon), Vietnã. Falou sobre as características, desafios e conflitos que a bacia do São Francisco vem enfrentando nos últimos anos, bem como da importância das suas águas para o Brasil e do papel político e institucional do CBHSF no cenário hídrico brasileiro.
“É uma das mais importantes e emblemáticas bacias do país. O rio São Francisco abrange 8% do território brasileiro, além de possuir cerca de 13 milhões de habitantes. Não somos uma bacia tranfronteiriça, como aqui vem sendo discutido, mas trabalhamos como se fossemos.”, disse, para uma plateia formada por especialistas de cerca de 20 países, especialmente asiáticos. O evento, que termina amanhã (05.04), tem o objetivo de buscar soluções e melhorias para os atuais problemas da falta de água que afetam as principais bacias hidrográficas do mundo no contexto das mudanças climáticas.
De acordo com Miranda, o Comitê do São Francisco é um colegiado fundamental para a mediação das discussões envolvendo os segmentos do poder público, usuários da água e sociedade civil. “Percorremos aproximadamente 2.700 km2 até desaguarmos no Oceano Atlântico, ou seja, é uma bacia muito grande e com muitas discussões. Essas entidades estão inseridas no contexto do CBHSF para promover e dialogar sobre uma melhor forma de uso das águas franciscanas, e esse diálogo é feito dentro do comitê de bacia”, explicou.
O presidente Anivaldo Miranda voltou a discursar para o público ao final do dia, juntamente com outros representantes de países africanos e asiáticos, dizendo, que, “isoladamente o poder público não tem mais condições de trabalhar o desenvolvimento sustentável do rio São Francisco,” uma vez que é necessário realizar a comunicação entre todos os entes da bacia para que isso aconteça. E finalizou: “Temos que lembrar que acima de tudo rio é rio. E existe populações inseridas neles”.
Exemplo de Itaipu
Compondo a mesma mesa do CBHSF o também brasileiro e superintendente de engenharia da Itaipu Binacional – considerada a segunda maior hidrelétrica do mundo -, Jorge Habib Hanna El Khouri, falou sobre o projeto da instituição denominado “Cultivando Água Boa”, uma iniciativa que contempla diversas ações socioambientais associadas à preservação dos recursos naturais e da biodiversidade da bacia hidrográfica do rio Paraná. “Esse projeto já é um dos nossos exemplos de sucesso. São inúmeras as entidades parceiras, de diferentes áreas, que trabalham na promoção da qualidade de vida dos moradores da bacia”, expressou Habib.
As experiências das bacias hidrográficas do rio Jordão (Israel) e do rio Ganges (Índia) também foram apresentadas na mesma sessão, respectivamente por Gidon Bromberg e William Young.
Por Ricardo Coelho – enviado especial