Miranda fala sobre papel político dos comitês no II Ecob

08/08/2014 - 17:14

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, foi o convidado especial do II Encontro Estadual de Comitês do Rio de Janeiro (Ecob). O evento, realizado entre 7 e 9 de agosto no município de São Pedro da Aldeia, distante cerca de 130 Km da capital fluminense, serviu de palco de debates envolvendo questões da atualidade na área de recursos hídricos e evidenciou uma grande preocupação, a de que a crise de abastecimento de água para consumo humano, vivenciada em São Paulo, possa se estender para outras regiões.
Na abertura do evento, na manhã do último dia 7, durante a palestra “CBH: articulador político das águas”, que foi encerrada com o público aplaudindo de pé, Anivaldo Miranda abordou o tema relacionado com o papel político dos comitês de bacia. O título da palestra é o tema do encontro deste ano. “Os governos precisam enxergar os comitês como aliados, não como inimigos. Precisam reconhecer nosso papel e fortalecer novos comitês, não tentar sufocar ou matar por inanição”, disse ele.
Ainda em sua fala, Miranda disse que, ao contrário do que consta na legislação, a prioridade acaba não sendo o abastecimento humano. Ele voltou a cobrar a realização de estudos que objetivem investir em nova matriz energética. E sugeriu as formas solar e eólica. “Eu acabei de sair de um hotel e deixei tudo o que encontrei lá, toalhas, travesseiros, cama, tudo. A vida no Planeta também é assim. A gente usa, mas deixa tudo lá. E diante disso, considero que essa geração nem tem mais o que pedir. Pelo contrário, precisa preservar para garantir a vida das futuras gerações”, considerou.
Durante o Ecob, a secretária de Ambiente, Lagoa, Pesca e Serviços Públicos, Adriana Saad, ressaltou que a Lagoa de Araruama, segundo ela a maior lagoa hipersalina do mundo em regime permanente, chegou a morrer, entre os anos de 2000 e 2002, devido a poluição e degradação ambiental. “Mas, devido a uma série de fatores, a exemplo da mobilização social, a criação do Consórcio e, posteriormente, a junção do Comitê de Bacia Lagos São João, hoje nós temos uma lagoa viva de novo. A morte da Lagoa de Araruama causou um caos socioeconômico, principalmente nas cidades que a tinham como principal atrativo turístico. São Pedro da Aldeia é um exemplo vivo da importância do Comitê, porque tudo o que a gente tem de melhoria da lagoa se deve ao Comitê e ao Consórcio”, salientou.
A diretora de Gestão das Águas e do Território, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Rosa Formiga, observou que o melhor modelo de gestão do quesito recursos hídricos é o da França, por reconhecer a importância dos comitês de bacia, bem como a necessidade da cobrança pelo uso da água bruta. Reconheceu, porém, a dificuldade em ver tal modelo aplicado no Brasil.
O coordenador do Fórum Nacional de Comitês de Bacia, Affonso Henrique de Albuquerque Júnior, avaliou a participação de Miranda na abertura do evento como muito positiva. Para ele, foi um momento de “injeção de ânimo” no segmento fluminense. Ele explicou que o II Ecob tem como proposta promover a reflexão sobre o papel político dos Comitês de Bacia Hidrográfica do Estado do Rio de Janeiro, para implementação de ações conjuntas com os entes do Sistema Estadual de Recursos Hídricos.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF