Após ter se alastrado para rios das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a espécie invasora mexilhão dourado (Limnoperna fortunei) chegou ao Rio São Francisco. Para tratar sobre o tema, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizou um webinário no dia 25 de outubro. O professor do Centro de Bioengeharia de Espécies Invasoras da Universidade Federal de Minas Gerais (CBEIH/UFMG), Newton Pimentel Ulhôa Barbosa, mostrou o que é uma espécie invasora, as questões do mexilhão dourado e como conviver com mais esse desafio na bacia. O webinário foi moderado pelo conselheiro do CBHSF, o professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Carlos Garcia.
Newton Barbosa afirmou que o mexilhão dourado foi detectado na bacia do Rio São Francisco há sete anos e que de lá para cá tem causado preocupação. “O mexilhão dourado é um molusco bivalve originário da Ásia. A espécie chegou à América do Sul provavelmente de modo acidental na água de lastro de navios cargueiros, tendo sido a Argentina o ponto de entrada. Do país vizinho chegou ao Brasil. Hoje a espécie já foi detectada em quase toda a região Sul e em vários pontos do Sudeste e Centro-Oeste. A espécie foi encontrada na bacia do São Francisco em 2015, em Sobradinho. Acredita-se que a infestação ocorreu pelo peixamento”, explicou.
Por ter uma grande capacidade de reprodução e dispersão, além de praticamente não ter predadores na fauna brasileira, o mexilhão se espalha com rapidez, e por isso a espécie é considerada invasora. Pelos danos que causam, as espécies exóticas invasoras são consideradas “poluição biológica”. Estudos mostram que as invasões biológicas são a segunda maior causa de extinção de espécies, atrás apenas da destruição de habitats.
Dentre os prejuízos causados pelo mexilhão dourado, Newton Barbosa citou a destruição da vegetação aquática; a ocupação do espaço e disputa por alimento com os moluscos nativos; prejuízos à pesca, já que a diminuição dos moluscos nativos diminui o alimento dos peixes; entupimento de canos e dutos de água, esgoto e irrigação; entupimento de sistemas de tomada de água para geração de energia elétrica, causando interrupções frequentes para limpeza e encarecendo a produção; prejuízos à navegação, com o comprometimento de boias, trapiches, motores e de estruturas das embarcações.
para a produção de energia. Há cinco delas na bacia do Rio São Francisco [Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó]. O mexilhão dourado se destaca como espécie invasora pelo potencial de ocasionar obstrução de tubulações e equipamentos em instalações hidrelétricas. Estudos mostram que o desligamento de uma única turbina de 40 MW para controle da bioincrustação pode custar US$ 6,2 milhões por ano na geração de energia perdida!”, acrescentou.
O manejo preventivo e a educação ambiental são o caminho no combate ao mexilhão dourado. “A crescente ameaça econômica causada por espécies como essa oferecem um forte incentivo econômico para se investir em manejos preventivos, tais como biossegurança e a erradicação de resposta rápida. Outra questão é estar atento às questões da degradação da bacia do São Francisco e trabalhar a educação ambiental”, finalizou o professor da UFMG.
Acesse e confira o webinário no canal do CBHSF no Youtube!
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio