Se no primeiro dia de reunião em Delmiro Gouveia (AL) os membros das Câmaras Consultivas Regionais do Baixo SF e do Submédio SF do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) debateram pautas em comum entre as CCRs, no segundo dia as pautas foram mais focadas em pontos de cada região.
Os membros da CCR Submédio conheceram o plano de ações estratégicas – o Semiárido Brasileiro – com foco na Bacia do Rio São Francisco e Área de Transposição resultantes do Processo Participativo Multiescala 3H-ODS – apresentado pelo gestor ambiental Johann Gnadlinger, também membro da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP) do CBHSF.
De acordo com o plano, pesquisadores dos projetos XPaths e Nexus conduziram um processo de co-construção de ações estratégicas para o Semiárido com foco na sustentabilidade ambiental e justiça social, buscando contribuir para implementação dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Agenda 2030. Foram realizados diálogos entre nos anos de 2021 e 2022, envolvendo 100 pessoas com atuação em diferentes setores da sociedade. Entre as estratégias propostas, o plano apontou a necessidade de estimular um programa de educação ambiental, comunicação e mobilização social para a conscientização da gestão dos usos múltiplos em quantidade e qualidade adequados às demandas na bacia hidrográfica do rio São Francisco, afluentes e área de transposição. Neste sentido, no final de 2023, o CBHSF concluiu a construção do plano de educação ambiental da bacia do São Francisco que já está em execução e é acompanhado pelo CBHSF e suas instâncias.
O Projeto XPaths está sediado no Centro de Resiliência de Estocolmo, da Universidade de Estocolmo, e é financiado pelo Conselho de Pesquisa Sueco para o Desenvolvimento Sustentável (Formas). O estudo do Brasil contou com a colaboração científica de pesquisadores do projeto NEXUS, financiado pela FAPESP, liderado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (INPE).
Após a apresentação, o coordenador da CCR Submédio, Cláudio Ademar, informou sobre os valores disponíveis pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) para sistemas de esgotamento sanitário. A entidade investe em projetos selecionados que devem ser demandados a ela. “É mais uma fonte de recurso disponível que as comunidades podem dispor, através de projetos apresentados à entidade que devem passar pelo processo de seleção e escolha de acordo com os critérios estabelecidos”, afirmou o coordenador.
Turismo sustentável
Outros exemplos de preservação também foram apresentados, considerando as diferentes áreas e serviços desenvolvidos também ao longo da bacia do São Francisco. A professora e pesquisadora da Universidade de Pernambuco, Thaís Guimarães falou sobre o turismo sustentável e seus conceitos. De acordo com a pesquisadora, a bacia do São Francisco tem um grande potencial que em muitos locais já é aproveitado. “Há um potencial muito grande para o turismo sustentável na bacia do São Francisco. Especificamente na região do Submédio, onde se apresentam áreas com grande diversidade paisagística (geológica, geomorfológica, hidrográfica) e belezas cênicas esculpidas ao longo de milhões de anos pelo São Francisco, a citar, as serras, mirantes naturais e as ilhas fluviais, além das riquezas culturais e históricas de seu povo e comunidades tradicionais. Todos esses requisitos, fazem da região territórios em potencial para o fomento ao turismo sustentável e a futura criação de Geoparques Mundiais da UNESCO”.
O geógrafo do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade e Conservação (ICMBio), Osmar Borges concluiu apontando o potencial turístico e propostas de criação de geoparque na região dos cânions do São Francisco a partir do município de Paulo Afonso (BA), região com 38 mil Km² de área. É a região mais seca do sertão baiano, com clima semiárido quente e seco e grandes amplitudes térmicas entre o dia e a noite. Abrigo da Arara-azul-de-lear, o local já é, em parte, uma reserva ecológica, servindo de atração turística guiada.
“Acredito que os estados têm que despertar para o turismo ecológico, sustentável, garantindo a preservação ambiental. Devemos pensar propostas para a região do Submédio e devemos voltar a discutir o tema”, concluiu o coordenador.
Confira mais fotos do segundo dia de reuniões:
Debate na CCR Baixo SF
Já na reunião entre os membros da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, no mesmo município sertanejo, o primeiro assunto colocado em pauta foi sobre a Campanha Vire Carranca 2024, que neste ano tem como mote Velho Chico, Revitalizar o Rio, preservar riquezas. Os responsáveis pela apresentação da campanha que terá Delmiro Gouveia (AL) como cidade escolhida pela região do Baixo SF foi Pedro Vilela, diretor da Tanto Expresso, e a produtora Geovana Jardim. Pedro Vilela explicou a campanha ponto a ponto e tirou todas as dúvidas dos membros, bem como ouviu atentamente as sugestões.
Logo em seguida foi aprovada por unanimidade a ajuda memória das reuniões dos dias 19/10 e 11/12/2023. Após a aprovação da ajuda memória, o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco do CBHSF, Anivaldo Miranda, abordou a pauta acerca do rompimento dos reservatórios ocorrido recentemente em Piaçabuçu (AL) e abriu para debates e sugestões dos próximos encaminhamentos a respeito do fato.
Elba Alves, diretora-geral da Agência Peixe Vivo, lamentou o que aconteceu em um dos tanques de Piaçabuçu, e ressaltou que felizmente não houve vítimas. “Assim que soubemos do incidente fomos dar o suporte necessário à família atingida in loco. Thiago Campos e Thiago Lana, respectivamente gerente de Projetos e coordenador técnico da APV, estiveram no local do rompimento do reservatório na segunda-feira, menos de um dia depois do ocorrido, e acompanharam todo processo inicial, conversaram com representantes das empresas que executaram o projeto, bem como os que fabricaram os tanques, a prefeitura de Piaçabuçu, a CASAL, o advogado da família atingida. Todo o acompanhamento tem sido feito, passo a passo”, disse.
Thiago Campos apresentou aos membros do Baixo SF um relato sobre o incidente que aconteceu em Piaçabuçu (AL) e os encaminhamentos tomados junto à empresa fabricante dos reservatórios. “Estamos buscando implantar medidas mitigadoras no local. O risco tem que ser combatido e queremos trabalhar para aumentar a segurança real”.
Luciano Ferreira, engenheiro civil da Target, construtora que executou o projeto dos tanques pulmão, contou aos membros que desde o primeiro momento vem dando o apoio e o auxílio necessários ao casal de idosos que teve a casa atingida. “Em nenhum momento nos omitimos e estamos abertos a receber as informações da população. Foram realizadas reparações no tanque atingido, bem como os outros dois tanques receberam o reforço superdimensionado, o que é uma garantia para evitar qualquer outro acidente”.
Em seguida, foi aberto o espaço para perguntas, debates e considerações. Os membros fizeram diversas sugestões de ações para serem realizadas junto à população que mora no entorno onde se encontram os tanques pulmão. Dentre os encaminhamentos a serem amadurecidos na CCR Baixo SF, Anivaldo Miranda acolheu a sugestão de mobilizar o CREA para que tome ciência da situação. Também foi dada a ideia de realização de audiência pública para ouvir a comunidade. “Vamos esperar a conclusão dos estudos/laudos, criar uma comissão com a participação de alguns membros do Comitê para amadurecer as propostas e fazer a audiência”.
Por fim, Thiago Campos apresentou o status dos projetos na região do Baixo SF. Na ocasião, o gerente de Projetos da APV explicou aos membros como estão os projetos de requalificação ambiental, os projetos de sustentabilidade hídrica no semiárido, de esgotamento sanitário, a mobilização realizada nas regiões onde estão sendo executados os projetos e os próximos encaminhamentos. A intenção foi manter os membros atualizados da situação em que todos os projetos executados pelo Comitê se encontram.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante e Deisy Nascimento
*Fotos: Juciana Cavalcante