Já dizia uma velha canção brasileira dos anos 70 que “sonho que se sonha junto é realidade”. Essa máxima serve bem ao projeto que está sendo desenvolvido ao longo das margens do Rio Paramirim, na Bahia. Com o objetivo de recuperar a mata ciliar do rio, cujas nascentes estão no município de Érico Cardoso, a proposta foi elaborada pela ONG Zabumbão e está sendo financiada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) em mais um importante projeto de requalificação ambiental.
A ONG Zabumbão, sediada no município de Paramirim, é formada por voluntários de diferentes especialidades, entre advogada, engenheiro ambiental, bióloga e publicitária. Desenvolve ações de destaque na região, como atividades de educação ambiental, participação ativa em situações de conflito pela uso da água do Rio Paramirim e acompanhamento das populações ribeirinhas e de agricultores. Bárbara Leão, presidente da instituição, conta que os desafios são constantes, mas que a sociedade civil organizada quer fazer mais pela preservação do rio: “Nos últimos anos, o setor de mineração cresceu muito em Paramirim. Hoje, são aproximadamente 6 mineradoras ativas no território, então nós entendemos que são necessárias ações específicas para conter a degradação ambiental”.
Maria Quitéria, também integrante da Zabumbão, conta que o projeto selecionado pelo Edital de Chamamento Público N°01/2018 do CBHSF surgiu a partir de ações de fiscalização da ONG: “Nós observamos que o volume de água do rio estava cada vez menor, que a água não estava chegando para todo mundo. Também verificamos uma perda severa da mata ciliar do rio e que era necessário agir quanto à isso”.
As matas ciliares são fundamentais para a saúde dos rios, influenciando na regulação do regime hídrico, na qualidade da água e na redução do assoreamento das calhas. Por isso, entre os objetivos do projeto ora em curso, está a recuperação da mata nativa e o reflorestamento da área através do replantio e doação de mudas nativas aos moradores e produtores locais. Também estão previstas ações para contenção da erosão do solo, no intuito de mitigar o risco de enchentes e deslizamentos.
A abertura das atividades do projeto “Recomposição ambiental das margens do Rio Paramirim” aconteceu no município homônimo ao rio, no dia 24 de fevereiro, com a presença de representantes do CBHSF, Agência Peixe Vivo, ONG Zabumbão, Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Érico Cardoso e da FAVENI– Consultoria, projetos e serviços LTDA, empresa responsável pela elaboração do termo de referência (TDR) do projeto. No dia 25, os participantes estiveram em visita de reconhecimento na área de abrangência proposta. O objetivo dos dois encontros foi promover o alinhamento entre os agentes envolvidos e fazer a escuta das proponentes. Alessandro Loreto, engenheiro civil e coordenador executivo da FAVENI, explicou que se trata de uma etapa pré-diagnóstica: “Estamos em uma visita preliminar, para identificar e sistematizar as intervenções consideradas necessárias, dentro do orçamento disponível. Queremos conhecer a área e conversar com os responsáveis locais”.
Veja as fotos das visitas:
O TDR a ser entregue pela FAVENI em abril desse ano deve conter tudo aquilo que é necessário para a execução do projeto, como especificações técnicas, área de atuação, produtos esperados, tempo de execução e planilhas orçamentárias. Para a elaboração desse documento, profissionais especializados da empresa irão realizar tantas quantas visitas de campo forem necessárias, incluindo estratégias de sensoriamento remoto, geoprocessamento, levantamentos topográficos, diagnósticos participativos, dentre outras.
O coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco, Ednaldo Campos, observou que o CBHSF já possui experiência com projetos na Bacia do Paramirim e que agora se inicia mais uma parceria: “O CBHSF conhece o histórico de comprometimento e engajamento da ONG Zabumbão e outros agentes locais. O atual projeto abrange uma área extensa e muito sensível, com muitas nascentes e uma barragem responsável por abastecer 4 municípios. Estamos cientes da responsabilidade e comprometidos em entregar um documento de qualidade, com medidas viáveis e eficientes para a recuperação do rio”.
O presidente do CBH dos Rios Paramirim e Santo Onofre, Anselmo Barbosa Caires, destacou que o Rio Paramirim é o maior afluente à direita do Rio São Francisco e que a preservação dos recursos hídricos da bacia é fundamental para o abastecimento de água das cidades de Paramirim, Erico Cardoso e Caturama. “O CBHSF têm sido um grande parceiro nosso, recentemente recebemos a instalação de 18 comportas em 18 canais de irrigação a jusante da barragem do Zabumbão, beneficiando uma área de cerca de 800 hectares de produção agrícola. Agora, com esse projeto proposto pela ONG Zabumbão, temos mais um investimento na melhoria do SF e seus afluentes”.
O orçamento disponibilizado para o projeto é de até R$ 1 milhão. Concluído o TDR, a empresa responsável pela execução da proposta será licitada. Bárbara Leão salientou a importância de ações de sensibilização ambiental durante todo o processo: “Queremos intensificar os trabalhos de divulgação e educação ambiental. Para que o projeto seja bem sucedido é necessário o engajamento dos proprietários de terra, moradores locais e beneficiários diretos desses serviços ecossistêmicos. Nossa região é muito rica e tem muito potencial turístico e econômico, que queremos desenvolver com responsabilidade ambiental”.
Sonho que se sonha junto.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho
*Fotos: Marcos Domicio e Mariana Carvalho