“Legado Socioambiental do PISF”: Comitiva do CBHSF participou de evento sobre os 20 anos de licenciamento do projeto de integração do Rio São Francisco

18/08/2025 - 13:50

Realizado no sertão pernambucano, o evento “Legado Socioambiental do PISF: segurança hídrica e desenvolvimento regional sustentável”, aconteceu em Petrolina, entre os dias 12 e 15 de agosto de 2025, e reuniu autoridades, especialistas e membros da sociedade civil para abordar os 20 anos de licenciamento do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) e debater seus impactos na região Nordeste. A maior obra de infraestrutura hídrica do país, que já se consolidou como uma realidade, foi o centro das discussões sobre segurança hídrica e desenvolvimento sustentável.


O evento teve a participação do diretor técnico do Departamento de Projetos Estratégicos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Bruno Cravo Alves, que ressaltou o caráter histórico do projeto. “Isso não é mais uma promessa, agora é uma realidade. Esse empreendimento que nós hoje comemoramos aqui 20 anos do licenciamento já é responsável pela segurança hídrica de diversas regiões. E é essa realidade que nós temos um compromisso de manter.” Cravo Alves também anunciou que, em paralelo ao evento, a equipe acompanharia o recebimento das águas do PISF no Rio Grande do Norte, um marco que demonstra a abrangência do projeto.

O compromisso do governo federal com a continuidade do PISF foi reiterado pelo assessor técnico da Presidência da República, Carlos Perdigão. Em um discurso emocionado, Perdigão, que tem origens no sertão do Ceará, compartilhou sua experiência pessoal com a escassez hídrica. “O projeto é muito caro pessoalmente pra mim, que tenho origem no interior do Ceará onde vivenciei boa parte do que muitos de nós vivenciaram e infelizmente ainda vivenciam nesse nosso sertão; a questão da escassez hídrica”. Ele destacou que o PISF é visto como o principal eixo de integração e desenvolvimento regional para o Nordeste.

Segundo informações apresentadas no evento, o PISF corresponde a cerca de 67% da carteira de investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) impactando comunidades de quase 400 municípios.

As preocupações da bacia doadora: olhar para o São Francisco

Representando o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e o governo do estado da Bahia, Larrissa Cayres trouxe ao debate as preocupações da bacia doadora. Ela destacou a importância do evento para avaliar as ações de responsabilidade do Ministério da Integração, que foram condicionadas no licenciamento ambiental, e para conhecer o resultado dessas ações nas áreas social, ambiental e arqueológica.

Cayres, que participou do processo de licenciamento há 20 anos, expressou sua expectativa de saber se as medidas tomadas evitaram os impactos negativos apontados na época. “A minha principal expectativa no evento de hoje foi essa; saber se aquilo que nós apontamos há 20 anos atrás, de fato quais as ações que foram tomadas para evitar os impactos para a Bacia do São Francisco e se de fato essas ações que foram tomadas evitaram ou reduziram esses impactos”.

A representante do CBHSF relatou uma preocupação identificada em visita a comunidades ribeirinhas do território baiano: a insegurança no acesso à água potável, mesmo em áreas próximas ao rio. “É preciso que a gente faça com que os interessados e responsáveis pelo projeto também percebam que a gente não pode garantir segurança hídrica ao nordeste setentrional e em paralelo não observar essas comunidades que estão próximas”.

Cayres concluiu que, embora o PISF seja uma grande realidade, é crucial preencher as lacunas sociais, econômicas e ambientais na bacia doadora. “O comitê da bacia sempre pontuou isso, que não havia uma resistência no sentido de permitir que as águas fossem usadas fora da bacia, mas que, em isso ocorrendo, nós também precisamos olhar para a bacia doadora sem, com isso, prejudicar a bacia hidrográfica do rio São Francisco, que é o rio que garante a vida, que garante a segurança hídrica de todo o Nordeste”.


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Colaboração e Diálogo: a chave para o futuro

A necessidade de um diálogo contínuo foi um ponto central nas falas de outros representantes do CBHSF. Cláudio Ademar, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco (CCR Submédio), defendeu uma aproximação maior com os estados e municípios receptores. “Eles têm que se incorporar ao debate do São Francisco e participar de forma efetiva também na revitalização do Rio, porque essa é uma pauta que vai interessar a eles.” Ele ressaltou a oportunidade de unir forças em prol do rio.

Já Melchior Nascimento, coordenador da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP) do CBHSF, considerou o PISF um “grande laboratório de inovação”. Ele enfatizou que a transparência e a divulgação das ações realizadas permitem que técnicos e especialistas analisem as soluções aplicadas e aprimorem suas práticas. “Considerando que o Projeto PISF é atualmente uma das maiores obras de infraestrutura hídrica do Brasil, com um impacto significativo não apenas no abastecimento de água, mas também no meio ambiente e na vida das comunidades locais, a transparência e a divulgação das ações realizadas demonstram o compromisso com a sociedade. Ao compartilhar as inovações, metodologias e resultados alcançados, o PISF não apenas presta contas, mas também contribui para o avanço do conhecimento. A disseminação de informações detalhadas, desde o início das obras e permite que técnicos e especialistas de diferentes áreas do conhecimento analisem as soluções aplicadas, aprendam com os acertos e erros e sejam capazes de aprimorar suas próprias práticas”, concluiu, reforçando a importância do evento como um espaço de aprendizado e troca de experiências.

Também participaram do evento a professora Thaís Guimarães da Universidade de Pernambuco (UPE) e Wilson Simonal; membros do CBHSF e Kleython Monteiro, membro da CTPPP.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social

*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante