Estuários estão espalhados por toda a costa brasileira. Muitos ficam em centros de grandes cidades, mas poucas pessoas se dão conta de sua importância ou até mesmo de sua existência. Apesar de serem essenciais para o equilíbrio e o desenvolvimento da fauna aquática, esses ambientes estão muito ameaçados no Brasil.
Esses ambientes são zonas de transição entre o rio e o mar que funcionam como verdadeiros berçários para diversas espécies de animais. Nesse cenário, a ação marinha se sobrepõe à fluvial. Já na foz em delta, quando o rio se desmembra em vários canais no deságue, é o fluxo continental que se sobrepõe ao mar. Mas uma formação não necessariamente impede a existência da outra. Pode haver estuários dentro de deltas.
Alguns dos principais estuários brasileiros são os do rio Amazonas, do São Francisco, a Baía de Guanabara e o da Lagoa dos Patos. Mais da metade da população mundial vive em regiões estuarinas. E toda essa proximidade com a ação humana causa impactos graves nesses ecossistemas. É o caso de um dos mais importantes rios do país, o São Francisco, que hoje tem sua foz ameaçada por barragens, esgotos, desmatamento e, claro, pela construção de novas residências.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, faz um alerta para os perigos. “O que nos preocupa mais, de todas essas ameaças ao estuário, é o avanço da especulação imobiliária. Ela está principalmente do lado de Sergipe, avançando a uma velocidade meteórica”, afirma.
No lado alagoano, o rio é protegido pela área de proteção ambiental de Piaçabuçu, mas nem assim a tranquilidade está garantida. “Há uma ideia de se abrir uma estrada litorânea que adentra a área de proteção e cria uma ponte que impacta o coração do estuário”, critica o dirigente.
Para complicar ainda mais a situação do estuário, a vazão do rio eventualmente precisa ser reduzida pelas hidrelétricas para garantir o fornecimento de energia. Pelo licenciamento ambiental, o fluxo deve ser de 1300 m³ por segundo, mas quando o nível dos reservatórios está menor, as usinas solicitam redução de 200 m³. “Se nas condições de 1300 o estuário já sofre bastante, imagine com 1100”, lamenta.
Com vazão menor, o rio tem menos força no encontro com o mar. Assim, entra pelo estuário mais água oceânica do que o normal, causando desequilíbrio e prejudicando as espécies, segundo Miranda. O assoreamento também é uma consequência do fluxo menor, além da diminuição de nutrientes na água.
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Fonte: Rede Globo Ecologia