Exemplo de mobilização através da comunicação, palestra promovida pelo CBHSF, aborda experiência da plataforma Lei.A

04/03/2021 - 14:37

Como parte das atividades do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a assessoria de comunicação através da TantoExpresso realizou, na tarde desta última quarta-feira (03), a palestra “Comunicação como ferramenta de mobilização social” ministrada pelo jornalista Gustavo Nolasco.

Abordando questões importantes sobre as diversas formas de se comunicar e a sua eficiência dentro do processo de questões ambientais, dando voz, sem interlocutores, aos agentes da ação, o jornalista que também trabalha com produção de conteúdo, é ainda coordenador de comunicação do Observatório Lei.A, plataforma de conhecimento e ação pelo meio ambiente criado em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Associação dos Observadores do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural de Minas Gerais.

A palestra contou com a moderação da coordenadora de comunicação Mariana Martins que abriu o espaço para a palestra, iniciada contando a relação do nascimento da plataforma Leia.A com a tragédia vivenciada pelos moradores da cidade mineira de Mariana no rompimento da barragem do Fundão, em 2015. “As famílias perderam da noite para o dia sua terra e história ao mesmo tempo em que se iniciava uma guerra midiática para ver quem seria o protagonista da história, quem a contaria. Neste momento, não se leva em consideração que as pessoas perderam direitos básicos: além da moradia e da vida, eles também perderam o direito à memória e à comunicação, e ninguém falava nestes pontos importantes. Ali lidamos com pessoas que perderam seu patrimônio territorial, suas memórias, o que muitas vezes não é tido como direito de reparação. Essa perda, tem um efeito devastador. No São Francisco é o caso de cidades inundadas para construção de hidrelétricas onde sabemos, por meio de estudos que comprovam o elevado índice do nível de suicídio, exatamente por não se respeitar o direito à memória e o direito à comunicação”, pontuou Nolasco.



A partir deste contexto nasceu através da iniciativa do Coletivo Um Minuto de Sirene, em fevereiro de 2016, o Jornal “A Sirene”, espaço de comunicação para a denúncia dos desdobramentos da tragédia de Mariana. O Coletivo, que também acompanha as ações da Fundação Renova criada para propor e implantar iniciativas de reparação, contou com a colaboração de diversos integrantes da sociedade civil, da Arquidiocese de Mariana, do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e de atingidos das cidades de Barra Longa e de Mariana.

“Então, diante deste cenário devastador, o Lei.A pode ser definido como ferramenta para popularizar a comunicação ambiental para que as pessoas que lutam pelo meio ambiente tenham mais um instrumento para atuar”, explicou, lembrando que as atividades de controle social, ou seja, integração da sociedade com a administração pública com o objetivo de solucionar problemas dando à população o poder de atuar de forma independente, não contam com patrocínio ou apoio de empresas privadas.

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, ao parabenizar a iniciativa do Lei.A em desenvolver um trabalho inovador, lembrou de como a manipulação e distorção dentro do processo de comunicação ainda acontece e atrapalha o diálogo entre as mais diversas esferas. “Acho que o Lei.A está no caminho certo visto que, principalmente, na era da informação há uma dinâmica nunca vista na história humana e isso é fruto de uma mudança profunda na base tecnológica da sociedade, e sobretudo na base tecnológica da própria informação e sua difusão. O Comitê, por exemplo, é uma instituição plural onde, assim como utilizamos a comunicação dentro da instância, buscamos ouvir a todos. Mas, reconhecendo que o Brasil tem uma sociedade desigual, o CBHSF age com a sabedoria de adaptar a comunicação às realidades do país para que a informação seja, sobretudo, democrática”, pontuou.



Sobre o palestrante

O Jornalista Gustavo Nolasco, é coautor dos livros “Os Chicos”/2011, “Nossa sala de troféus”/2016, “Jardins da Arara de Lear”/2017 e “Projeto Harpia”/2018. Foi editor do livro “Mariana: assim nasceram as Minas Gerais”, de Roque Camêllo.


Confira como foi a palestra: 


Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante