Especial Dia Mundial da Água: um bem vital e esgotável

22/03/2021 - 13:48

Na comemoração do Dia Mundial da Água, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) apresenta um especial com uma série de três matérias, sobre a importância desse bem vital para a humanidade.

O Dia Mundial da Água é comemorado, todos os anos, no dia 22 de março. A data foi sugerida na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992. O objetivo é promover conscientização sobre a relevância da água para a nossa sobrevivência e de outros seres vivos. Além disso, a data é um momento para lembrar a importância do uso sustentável desse recurso e a urgente necessidade de conservação dos ambientes aquáticos, evitando poluição e contaminação.

A escassez do líquido da vida já é uma realidade para cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo que não têm acesso à água potável. Parte do globo vive essa falta no dia a dia, enquanto a outra tem a preciosidade ao seu dispor. O impasse poderá intensificar as mudanças no clima, os conflitos sociais e gerar custos à população. A boa notícia é que há tempo para mudar.

Apenas 1% da água doce do mundo é potável. Parece pouco, mas é uma quantidade mais do que suficiente para o consumo de mais de 7 bilhões de pessoas. Então como explicar a constante escassez?

Distribuição desigual, desmatamento, lixo descartado sem cuidado e descaso são as causas. Mesmo locais acostumados à abundância, como no Brasil, começaram a sofrer com os efeitos do descaso. O país desperdiça cerca de 40% de toda água tratada. Outro problema é a falta de saneamento básico que afoga a água doce, de rios e lagos, depositando toneladas de lixo e esgoto, o que coloca em risco a saúde de milhares de pessoas.

Água na bacia do Velho Chico

Ao se tratar a questão hídrica no Brasil, torna-se imperativo a abordagem sobre a questão do Rio São Francisco. Isto se deve ao fato de que, em meio à abundância de água no país, ao menos no que se refere à quantidade disponível, é possível constatar o contraste de acesso à água no caso, principalmente no Nordeste brasileiro.

O pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, João Suassuna, esclarece que a gestão hídrica no Semiárido nordestino privilegia interesses políticos e coloca em risco a vida na região. Para o pesquisador o agronegócio e grandes empreendimentos com dinheiro público ocupam o centro das políticas públicas para uma das regiões mais secas do Brasil, enquanto dois terços da população vulnerável local permanecem em insegurança hídrica.

“O Semiárido nordestino tem muita água. São mais de 70 mil represas, que acumulam um potencial de armazenamento de cerca de 37 bilhões de metros cúbicos. É o maior volume de água represável em regiões semiáridas do mundo. O que não temos, na verdade, é a capacidade de uso coerente desses volumes estocáveis. Falta-nos uma gestão hídrica eficiente, que garanta o atendimento das necessidades das populações do Nordeste seco. A situação de insegurança alimentar no acesso à água é, antes de tudo, resultado de decisões políticas que não têm como foco a garantia do acesso à água às populações do Nordeste seco”, afirmou João Suassuna.


Veja as fotos do Rio São Francisco: 


Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Bianca Aun, Léo Boi e Edson Oliveira