Equipe da 2ª Expedição Científica já realizou mais de 300 coletas após uma semana de ações

25/11/2019 - 18:56

A 2ª Expedição Científica já percorreu mais da metade de seu trajeto e a equipe de pesquisadores e cientistas continua empenhada na coleta de dados para a construção de um relatório sobre a qualidade das águas do rio São Francisco que será elaborado após a conclusão desta atividade. As ações relacionadas à expedição ocorrerão até o dia 27 de novembro e têm o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

Neste domingo (24) os trabalhos, que são coordenados pelo professor Emerson Soares, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), começaram logo cedo com a coleta de peixes para análise. Professores de universidades e estudantes separaram partes dos peixes como fígado, intestino, brânquias e cérebro, para análise detalhada.

Pesquisador desde 2011, o professor Evaristo Perez Rial, do Centro de Pesquisa Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO), trabalha com reprodução e cultivo de peixes. Ele explicou que a ideia é pegar partes para verificar o conteúdo estomacal. “Verificamos durante as análises das amostras a presença de parasitas, fazemos histologia e a equipe verifica também se há microparasitas”.

Valéria Machado, engenheira de pesca e professora da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), é estudante de pós-doutorado pela Universidade Federal do Amazonas (UEAM) e pontuou que o seu objetivo principal é coletar tecidos de peixes para análises genéticas. “Analisamos a diversidade de peixes e verificamos como as populações destes peixes estão estruturadas. Além disso, comparamos a diversidade do baixo com a porção média do rio São Francisco. Estas informações genéticas e de diversidade vão somar com as outras informações sobre os peixes e servirão de base para decisões dos órgãos ambientais em relação às atividades de pesca”, explicou.

Um dos pescadores que está dando suporte nesta expedição, José Rodrigo, de Neópolis (SE), contou que tem colaborado nesta edição com a captura dos peixes para análise e com o deslocamento dos cientistas que fazem as coletas. Ele participou da 1ª Expedição no ano passado e considera a experiência prazerosa, pois como ribeirinho e usuário direto das águas do rio São Francisco ajuda a equipe e aprende muito. “Quero ajudar cada vez mais, pois não quero que o rio acabe. Precisamos dele para o nosso sustento. Cuidar dele é cuidar de nós”.

O assessor especial do ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), ArestidesPavani, acompanhou a expedição, a princípio, de longe, mas chegou no último sábado (23), e agora vem trabalhando ativamente no apoio à equipe. “Estamos com dois papéis que são a caracterização físico química da água e vamos trabalhar na avaliação da contaminação de petróleo do rio São Francisco. Com este apoio dado a expedição mostramos o quanto nos encontramos ligados às atividades de pesquisa. O ministério está trabalhando para dar apoio através do fomento de atividades de pesquisa necessários ao enfrentamento do problema da contaminação do petróleo”.


Veja as fotos da expedição: 


Novidade sobre fomento à pesquisa

ArestidesPavani disse com exclusividade que em dezembro o Governo Federal deverá lançar um programa de fomento à pesquisa através do CNPQ para ciências do mar, visando dar apoio aos assuntos ligados a problemática do petróleo. “São pesquisas emergenciais de médio e longo prazo. O investimento para o programa deverá ser de R$ 8 milhões”, afirmou.

Avanços desta expedição

Emerson Soares que coordena a 2ª Expedição Científica destacou que até o momento não houve nenhum problema que pudesse atrapalhar os trabalhos e pontuou a recepção maravilhosa na maioria das cidades visitadas. “O ineditismo nos grandes benefícios que a expedição irá trazer para as comunidades ribeirinhas nos deixa bem satisfeitos. Durante todos estes dias temos feito levantamentos que posteriormente trarão benefícios às comunidades ribeirinhas. Serão soluções benéficas e buscaremos nos dedicar a projetos de melhorias nas regiões visitadas. Queremos com isso incentivar a implantação de políticas públicas efetivas em prol do rio, das comunidades, da fauna e qualidade da água”.

Soares acrescentou que com os dados encontrados serão propostos ajustes nas legislações ambientais vigentes para a fauna e a flora da região. Ele observou também que houve prejuízos para os piscicultores da região. “Os tanques e redes acabaram destruídos e foram perdidas parte da produção após o aumento da vazão do rio”.

Amostras coletadas e continuidade das ações da semana

Já foram mais de 300 amostras coletadas de peixes, qualidade da água, metais pesados e fitoplânctons coletados e já em processamento. As equipes encontraram peixes parasitados que passaram por análises, e nesta última semana serão realizadas mais ações como novas avaliações de metais pesados e hidrocarbonetos, continuidade das coletas de peixes e verificação da qualidade do pescado. A busca pelo entendimento de alguns efeitos e relações comportamentais da reprodução dos peixes na região, ações de educação ambiental com crianças de escolas municipais em conjunto com secretarias de meio ambiente e de agricultura, ações de orientação e controle de agrotóxicos e fertilizantes nas áreas as margens do rio, entre outros.

Dentre os visitantes do barco, estava o teólogo Adeilson Borges, morador de Penedo, que vê o trabalho da expedição como algo incomensurável. “Sabemos do sofrimento do povo ribeirinho e estas ações vieram para ajudar na melhoria da qualidade da água, peixes e vida das pessoas”.

No período da tarde, o professor do curso de Agroecologia da Universidade Federal de Alagoas, Rafael Navas, foi de barco até a comunidade do município de Neópolis (SE), mais precisamente na rua da Entrada e realizou pesquisa com alguns pescadores sobre a situação socioeconômica das áreas percorridas pela expedição para entender melhor as necessidades das comunidades ribeirinhas. “Estes questionários nos ajudarão na busca por soluções para a contribuição com a conservação do meio ambiente. Além dos pescadores, conversaremos com agricultores e extrativistas”, pontuou.

Mariana Melo, estudante do 10º período de Biologia da Universidade Federal de Alagoas, tem gostado da experiência vivenciada durante a expedição, pois vem realizando trabalhos de forma prática. “Estou fazendo as coletas, indo para o rio e trazendo o fitoplâncton juntamente com o zooplâncton e o ictioplâncton. Com a orientadora e outra estudante temos feito um bom trabalho em equipe para análise dos materiais, anotando as espécies e pontuando quantas vezes aparecem. Tenho aprendido bastante, inclusive com as parcerias destes trabalhos. Sem a parceria não conseguiríamos fazer nada. A soma dos trabalhos tem sido importante e enriquecedora”, finalizou.

Para encerrar os trabalhos do domingo, o professor Rafael Navas apresentou à equipe o levantamento inicial das análises já realizadas nas regiões ribeirinhas.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento 
*Fotos: Edson Oliveira