Entregues em janeiro de 2023, as obras de sustentabilidade hídrica que garantiram a construção de barramentos, barragens subterrâneas, cisternas e viveiro de mudas nativas foram o fator chave para a recuperação de nascentes na Serra dos Morgados, distrito de Jaguarari, Bahia.
Fonte de abastecimento de comunidades até 100 km de distância, a Serra dos Morgados, berço de diversas nascentes, viu a maior parte delas sumirem. Segundo a população, a superexploração das águas subterrâneas, com perfuração de poços,provocou a extinção. Com as obras financiadas pelo CBHSF, a previsão técnica era de que, em até 10 anos, os rios e nascentes voltassem a verter. Porém, em 11 meses, o Rio Estiva, principal rio da comunidade e afluente do rio São Francisco, voltou a jorrar depois de 20 anos de seca praticamente absoluta.
Com o financiamento da construção de um viveiro com capacidade aproximada de 100 mil mudas/ano, construção de três barragens subterrâneas, 15 barramentos de contenção de sedimentos e 15 cisternas de procuração de 52 mil litros, passados 18 meses desde a entrega das obras, o trabalho continua rendendo bons frutos.
Panorama atual
A comunidade, que já foi responsável por contribuir com o abastecimento das cidades vizinhas através da produção de frutas e verduras, e também já foi uma forte produtora de café, voltou a plantar e segue com cachoeiras e nascentes vertendo. “A ideia é ser um modelo sustentável para a comunidade, onde se possa gerar emprego produzindo riquezas para que toda a comunidade possa usufruir. Estamos trabalhando na produção de cafés especiais de qualidade aproveitando o potencial dessa região que é muito grande associando a sustentabilidade e a ecologia“, afirmou o produtor Joaquim Novaes.
O professor e um dos coordenadores do movimento ‘Salve as Serras’, Juracy Marques, lembrou que a região é produtora de água, tem nascentes e riachos importantes para as bacias do São Francisco, Itapicuru e Salitre, sendo vital para as pessoas e para os ecossistemas. Ele destaca a ação do Comitê, que foi fundamental para a mudança e melhoria ambiental na Serra dos Morgados. “O Comitê da Bacia do São Francisco fez uma ação maravilhosa. A Serra dos Morgados, de fato, é um projeto piloto, porque o cuidado ambiental que o Comitê proporcionou levou a comunidade a pensar outras ações, então a associação de mulheres está produzindo mudas, está ajudando a reflorestar esse lugar, e uma rede de produtores começou a apostar na produção ecológica do café. A Serra dos Morgados colhe hoje resultados fantásticos onde as pessoas conhecem e consomem o café artesanal, sendo que lançamos agora a linha de cafés especiais que desponta entre os melhores do Brasil, tudo isso porque a gente cuida da água, da terra, da natureza e das pessoas. Por isso, nós, moradores da Serra, queremos agradecer ao Comitê por estar apostando no cuidado com a Serra dos Morgados”.
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O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, parabenizou o empenho da comunidade em manter as ações do projeto. “O CBHSF investiu recursos oriundos da cobrança pelo uso da água na comunidade para a recuperação da mata ciliar, para possibilitar a recarga hídrica no subsolo e hoje já estamos vendo mais resultados. A natureza está se recuperando, as áreas estão preservadas, o Rio Estiva voltou a ter água, as nascentes voltaram a produzir, ou seja, muitos resultados já foram possíveis. Esse é um modelo excepcional do bom uso do dinheiro oriundo da cobrança dos recursos hídricos, então todos devem comemorar; comunidade, Comitê, a sociedade porque temos ainda o resultado de um projeto social, ambiental, hídrico e econômico, onde a comunidade está produzindo de forma sustentável”.
Ecofestival do Café de Serra dos Morgados
A comunidade realizou, em julho deste ano, o segundo Ecofestival do Café da Serra dos Morgados, com o objetivo de, além de mostrar as belezas da Serra, defender a natureza e fomentar o turismo ecocultural de base sustentável e comunitária, potencializando a cadeia do café da Serra.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante