A principal discussão na reunião promovida nesta segunda-feira (21 de maio) pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF), foram as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco para a flexibilização do chamado Dia do Rio. A medida, fixada pela agência, suspende as captações de água às quartas-feiras, mantendo-se apenas o atendimento ao abastecimento humano e dessedentação animal. Os representantes dos perímetros irrigados pleiteiam a mudança da data e até a suspensão a partir de agosto.
Os representantes dos perímetros irrigados Tourão, Jaíba e Nilo Coelho questionaram a economia atingida com a prática do Dia do Rio. O argumento é que aumenta o valor pago pelo consumo de água, devido a uma operação compensatória que é feita das 18h às 21h. Foram apresentadas quatro propostas: a primeira visa modificar a resolução 33 da ANA, que versa sobre o tema, a fim de operar em metade do tempo, ou seja, apenas 12h de suspensão; para os perímetros irrigados, a suspensão proposta seria das 15h às 3h nos meses de junho e julho; para os agricultores fora dos perímetros irrigados, mudança do Dia do Rio para os domingos; e a suspensão em definitivo da medida restritiva de agosto a dezembro para todos.
As propostas foram rebatidas pelo superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim. Na semana anterior, a equipe técnica da agência federal apresentou números comprobatórios sobre a eficácia da prática do Dia do Rio. “É uma conta simples, que compara retirada de água do São Francisco e a economia com essa restrição”, pontuou Gondim.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, acompanhou a reunião através de videoconferência, no escritório do colegiado, em Maceió. “A ANA é o órgão mais abalizado para emitir parecer sobre essa questão e o Comitê apoia a agência nesse encaminhamento. Volto a repetir que os sacrifícios a que todos são submetidos por força da crise hídrica devem ser compartilhados por todos”, afirmou Anivaldo Miranda.
Sem chuvas
Semanalmente, a equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresenta os resultados das análises meteorológicas para a bacia do Velho Chico. Segundo eles, nenhuma precipitação foi registrada na região nos últimos sete dias, bem como não há previsão de registros significativos para a próxima semana.
Além disso, a equipe do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou as condições hidrológicas e de armazenamento dos reservatórios instalados na bacia do São Francisco. De acordo com as informações oficiais, a defluência atualmente praticada no chamado rio da integração nacional projeta para um armazenamento, no dia 1º de junho, de 48% de volume útil no reservatório de Três Marias, em Minas Gerais; 37% em Sobradinho, na Bahia; e 21% em Itaparica, em Pernambuco.
Também houve uma explicação por parte da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) sobre a elevação da vazão mínima de 600 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 850 m³/s no domingo, dia 20, para suprir a deficiência na geração de energia eólica no Nordeste.
A próxima reunião promovida pela ANA está marcada para a segunda-feira, dia 28, a partir das 10h e transmitida por videoconferência para os estados inseridos na bacia do São Francisco. Participaram da reunião os representantes dos governos estaduais, órgãos federais ligados às questões do Velho Chico, Ministério Público Federal, Marinha, entre outros.
*Texto: Delane Barros
*Foto: Bianca Aun